Quando se fala em “água”, qual cor vem à sua mente? Normalmente, é comum pensarmos primeiro no azul, embora, de fato, o líquido mais importante do planeta seja transparente. Entretanto, existem corpos d’água de tonalidades diversas pelo mundo, que vão do verde-escuro ao laranja-bronze.
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Nem sempre uma cor diferente do típico azul, necessariamente, significa uma água suja. Existem complexas interações entre fatores naturais — que envolvem conceitos físicos, biológicos e químicos — e atividades humanas que interferem na tonalidade final do elemento.

A verdade é que os oceanos, rios e lagos estão cheios de partículas flutuantes, como pequenos fragmentos de terra, matérias vegetais ou outras substâncias. Esses sedimentos — que geralmente são movimentados durante tempestades — somados a outros fatores que alteram a cor da água.
Mas ainda há outros agentes que influenciam nas cores, por vezes, incomuns que encontramos. Você sabe o que a coloração da água diz sobre ela e a razão disso ser fundamental para avaliar a saúde dos ecossistemas aquáticos e os impactos ambientais?
Confira os principais motivos que mudam a tonalidade dos mares, rios e lagos.
Águas azuis
A começar pela mais conhecida: a azul. Em águas puras e profundas, a absorção seletiva da luz solar resulta numa tonalidade azulada, que não apenas passa a impressão de estar mais limpa, como realmente está.

O que causa a coloração azulada — não só essa cor, mas também de outras — são as interações das partículas com a radiação solar que incide sobre a superfície. Elas podem absorver esta radiação ou refleti-la em outra direção, em um processo conhecido por dispersão. O tom mais disperso é o que definirá a coloração da água.

Um bom exemplo é o lago Crater, localizado em Oregon, nos Estados Unidos. O corpo d’água fica localizado em uma cratera vulcânica e é alimentado apenas pela chuva e pela neve. Logo, ela praticamente não recebe água carregada de sedimentos — e o resultado é esse azul extremamente vivo! (imagem acima)
As águas profundas, por sua vez, costumam ter um tom azul-escuro, enquanto as rasas são mais claras — como as das ilhas do Caribe, por exemplo, que aparecem com um tom de azul-turquesa, porque a luz se reflete no fundo branco e arenoso.
Águas esverdeadas
Pode ser que você já tenha visto uma água que parecesse mais verde do que azul — e isso é mais comum do que parece. Esse efeito acontece quando há muita matéria vegetal no ambiente, pois a clorofila (um pigmento que as plantas produzem em suas folhas) absorve luz azul e verde.

O tom esverdeado também pode ser conferido em regiões que recebem escoamentos de áreas muito urbanizadas. Esse processo traz às águas fertilizantes de fazendas e jardins, compostos por nutrientes que impulsionam os crescimentos das plantas na água.
A proliferação de fitoplâncton, por exemplo, pode resultar num tom mais esverdeado da água, já que a planta é rica em clorofila. No entanto, toda floração de algas pode reduzir os níveis de oxigênio na água a ponto de mudar a coloração e afetar a fauna aquática local.
Vale ressaltar que cada ambiente é único, e nem todo corpo d’água verde está assim pelo mesmo motivo.
Águas avermelhadas e alaranjadas
Quando há a presença de sedimentos ricos em ferro, a água ganha uma aparência que transita entre o marrom, o amarelo e o vermelho — às vezes, a aparência é até laranja.

O efeito ocorre por conta do contato entre o ferro (Fe) e o oxigênio (O2), que resulta em partículas sólidas de hidróxido de ferro de cor marrom-avermelhada, como a ferrugem.
Uma concentração elevada de manganês também pode entregar uma coloração que varia entre tons de amarelo, marrom e preto. Plantas e outros materiais orgânicos em decomposição, sedimentos como argila e bactérias como ferrobactérias também podem causar o mesmo efeito na água.
Águas escuras
Há águas que apresentam uma grande quantidade de matéria orgânica dissolvida, proveniente de organismos e plantas em decomposição — que incluem também dejetos humanos e animais. Por isso essa coloração é considerada uma das mais preocupantes.

Esse cenário pode acontecer em áreas de floresta com muita vida selvagem, áreas densamente povoadas — onde o esgoto é despejado em córregos e rios –, zonas úmidas como pântanos e manguezais, rios com grande carga orgânica de suas bacias e qualquer ambiente com muita atividade humana.
Nas águas, o material orgânico absorve a maior parte da radiação e reflete pouquíssima luz, o que passa a sensação da água parecer escura.
Tudo em excesso faz mal
Embora sedimentos, clorofila e matéria orgânica sejam naturais e importante para a vida aquática, o excesso pode ser problemático. Um exemplo é o crescimento exagerado de algas nocivas, causados por muitos nutrientes e calor, e que pode ser tóxico para pessoas e animais.

Os altos níveis de clorofila levaram ao crescimento mais comum de algas. Logo, o tema gera preocupação em moradores e visitantes que podem sentir os impactos das mudanças, a ponto de se tornarem prejudiciais.
A maior preocupação seria a formação de colunas de algas tóxicas, que podem causar doenças em pessoas que nadam na água ou consomem os peixes extraídos de lá.
Nos Estados Unidos, as autoridades utilizam mapas da qualidade da água para monitorar os níveis de clorofila em cada estado e observar suas variações ao passar do tempo. Courtney Di Vittorio, professora assistente de Engenharia na Universidade de Wake Forest, destaca a importância desse controle.
Essas informações podem ajudar a alertar a população sobre o crescimento excessivo de algas e criar novas regras para torná-la mais limpa– descreveu em artigo da BBC
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
O post Muito além do azul: entenda as diferentes cores de água pelo mundo apareceu primeiro em Náutica.