Mega da Virada é oportunidade para conquistar vida mais confortável, dizem apostadores

Esperança para dias mais cômodos é o que motiva Felipe de Oliveira, de 37 anos, a participar de mais uma edição da Mega da Virada. “Deixar de ser pobre, conhecer outros lugares e ajudar meus familiares”, planeja. Quase todos os dias desde a abertura das apostas, em 11 de novembro, ele vai até a lotérica ou abre o site da Caixa Econômica Federal e deposita seus números da sorte na esperança de renovar a vida dele e do filho de 6 anos.

A gratificação de R$ 600 milhões, com investimento mínimo de R$ 5,00, faz com que variados públicos façam como Felipe e contem com a sorte para apostarem seis números no jogo. Quem percebe isso no dia a dia é Rodrigo Heemann, de 33, proprietário da Lotérica Fritz e Frida, localizada no Centro de Santa Cruz do Sul. “Ao longo do ano, vemos um público mais idoso aqui na Lotérica. Mas quando chega neste período em que só vendemos Mega da Virada, vemos pessoas de todas as faixas etárias”, explica.

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No local, diversas pessoas pegam o bilhete, assinalam seus números da sorte, e entregam para a atendente. E as estratégias são as mais variados: números aleatórios, datas de aniversário e até análise dos mais sorteados.

Ana Eisermann, de 23 anos, é uma destas jovens que nos próximos dias planeja ir até uma lotérica e comprar um jogo. A cada ano, sua estratégia é contar com a sorte de uma única aposta para realizar seus sonhos: principalmente o de conhecer o Rio de Janeiro. “Dizem que o dinheiro não trás felicidade, mas acredito que traga conforto”, diz.

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Além do alto valor, a premiação também chama a atenção pelo seu método: são seis números sorteados e se ninguém acertar, o valor é concedido para quem acertar cinco, e assim sucessivamente. Isto é, o prêmio não acumula para outro momento, como funciona em outros concursos da Mega Sena.

O sorteio, marcado para as 20 horas da próxima terça-feira, 31, deve ser acompanhado por milhares de brasileiros, na expectativa de se tornarem milionários. “Eu sempre digo: no outro dia do sorteio que eu ganhar, vou estar de manhã cedo com chimarrão esperando a Caixa Econômica Federal abrir”, diz Felipe Oliveira.

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Segundo o Doutor em Economia, Silvio Cezar Arend, professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), jogos como a Mega da Virada trabalham com a ideia de “ganho fácil”, assim como jogos de apostas online. A diferença é nas loterias os ganhos são conhecidos. “Ainda que a probabilidade de ganho seja ínfima, em caso de insucesso a perda é pequena e pode ser suportada sem comprometer o orçamento. Ou seja, vale a pena correr o risco”, diz. Contudo, alerta que assim como qualquer jogo de aposta pode trazer prejuízos quando se torna um vício.

As apostas da Mega da Virada vão até as 18 horas do dia 31 de dezembro. Os ganhadores podem retirar prêmios de até R$ 2.259,20 em casas lotéricas ou agências da Caixa com documento de identidade, CPF e recibo da aposta. Para prêmios acima de R$ 10 mil, o pagamento é feito em até dois dias úteis, após a apresentação em uma agência da Caixa.

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É importante ficar atento aos prazos, pois os prêmios prescrevem em 90 dias a partir da data do sorteio. Após o período, o valor é repassado ao Fundo de Financiamento ao Ensino Superior (Fies). O total do valor, se conquistado por apenas uma pessoa, pode render uma taxa de 0,5% no banco, ou seja, R$ 30 milhões ao mês, segundo Arend.

Sozinho, em grupo de amigos ou conhecidos

Além da aposta simples, escolhendo seis números, as lotéricas também oferecem a opção de compra de mais bilhetes. Alguns são vendidos com números já definidos aleatoriamente e em grande quantidade – o que torna a aposta mais cara. Estes geralmente são comprados por um grupo de pessoas, que dividem o valor e, se vencedoras, o prêmio.

A maior chance de ganhar foi o que atraiu Carla Inês Graff Staub, de 44 anos, a organizar bolões. Pelas redes sociais, a professora de Santa Cruz compra bilhetes de diversos estabelecimentos, até de fora do estado, como da Loteria Aldeota, no Ceará, conhecida como uma das que mais vende bolões e já premiou muitos clientes também.

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Há cerca de três anos, amigos e conhecidos se juntaram para participar do sorteio a partir de uma brincadeira e, desde então, Carla organiza os participantes para que todos saibam o valor investido, os bolões comprados e a parte do prêmio que cada um vai receber se forem contemplados. “Hoje, comando um grupo de cerca de 22 pessoas, que todo ano aposta em diversos bolões”, explica.

Carla herdou a fé e persistência de seu pai, Lauri Graff, de 67, que realiza estas apostas desde cedo. “Todo mundo tem sonhos. Além de uma vida mais leve, pagar as contas, além de poder ajudar projetos de idosos, crianças e animais”, diz.

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“A esperança é a última que morre”

A vontade de conquistar o dinheiro, para muitos, não é sinônimo de vida de luxo, mas de uma vivência confortável e com bem-estar. Em 2021, 33 milhões de pessoas, ou 36% dos trabalhadores, recebiam uma renda de até um salário mínimo; para 10 milhões, menos que isso. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.

Além disso, com base em dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (Dieese), em novembro de 2024, o salário mínimo deveria custar R$ 2.319,77 para que uma pessoa pudesse se manter com condições básicas de vida. A pesquisa é realizada mensalmente e avalia as condições de alimentação com a cesta básica, moradia, saúde, lazer, transporte, entre outros direitos previstos na Constituição Federal. O salário mínimo atual vigente é de R$ 1.412,00.

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Em épocas difíceis, com a economia ainda impactada pelo coronavírus e prejudicada pelas enchentes de abril e maio no Rio Grande do Sul, uma oportunidade fácil de mais dinheiro se torna uma esperança de dias mais confortáveis. “Eu tenho muita fé. No dia a dia, corremos atrás, trabalhamos noite e dia, mas gostaria de mais tempo para cuidar de mim mesma”, diz a jovem Ana Eisermann.

Com crença e esperança, Carla Inês Graff Staub também utiliza da fé para manter a esperança nas apostas. “A esperança é a última que morre. Também sou filha de Deus, uma hora vai dar certo”, explica.

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