O mercado de delivery no Brasil passa por uma transformação estratégica com a entrada da Meituan, maior plataforma de entregas da China. O movimento da companhia, avaliada em mais de R$ 600 bilhões na Bolsa de Hong Kong, representa a primeira incursão de peso da empresa na América Latina e acontece em meio a um cenário de disputas acirradas entre aplicativos já consolidados no país.
Pontos Principais:
- Meituan anuncia investimento de R$ 5,6 bilhões no Brasil em cinco anos.
- Operação será feita com a marca Keeta, já usada em Hong Kong e Arábia Saudita.
- Objetivo é enfrentar o domínio do iFood com taxas menores e logística avançada.
- Brasil é o primeiro país da América Latina a receber operação da Meituan.
- Chegada ocorre em meio à disputa acirrada com Rappi e 99Food.
- Expansão integra pacote de aportes chineses e reforça laços bilaterais.
Com sede aberta na Vila Olímpia, em São Paulo, a Meituan inicia suas operações brasileiras sob a marca Keeta, que já opera em regiões como Hong Kong e Arábia Saudita. A estratégia inclui um aporte de R$ 5,6 bilhões ao longo de cinco anos, com foco inicial nos grandes centros do Sudeste e apoio direto a restaurantes parceiros por meio de incentivos comerciais agressivos.

O anúncio foi feito durante evento em Pequim com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como parte de um pacote de investimentos chineses em setores estratégicos no Brasil. A investida também reforça a reaproximação econômica entre os dois países e destaca o avanço das empresas chinesas sobre mercados considerados dominados por concorrentes locais.
Operação e estrutura no Brasil
A Keeta inicia sua atuação com base operacional na capital paulista e uma abordagem centrada em atrair tanto grandes redes quanto estabelecimentos de bairro. A empresa busca ocupar espaço no setor por meio de uma combinação de taxas reduzidas para restaurantes e consumidores, além de forte investimento em marketing voltado ao público urbano.
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De acordo com fontes ligadas ao projeto, os primeiros meses serão voltados à construção de parcerias comerciais e à formação de um ecossistema competitivo. A Meituan já estruturou uma equipe local e pretende adotar modelos de comissionamento mais leves do que os praticados pelos líderes do setor.
Outro diferencial será o uso da tecnologia proprietária da Meituan, que se destaca na Ásia pela eficiência logística e pelo uso intensivo de dados para roteirização e performance de entregas. A adaptação dessa tecnologia ao cenário urbano brasileiro será um dos pilares do processo de expansão planejado.
Concorrência e reações do setor
O anúncio da Meituan intensifica a disputa entre aplicativos no país. O iFood, atualmente líder com cerca de 80% do mercado nacional, já vem sendo pressionado por movimentos recentes de seus concorrentes. Em maio, o Rappi anunciou isenção total de taxas para novos restaurantes por três anos. Pouco depois, a 99Food zerou comissões e mensalidades por dois anos.
Essas estratégias buscam reduzir o protagonismo do modelo de intermediação tradicional, com tarifas elevadas e reclamações por parte dos parceiros. A chegada da Keeta adiciona uma nova camada de complexidade a esse cenário e pode acelerar mudanças estruturais no setor de entregas.
Especialistas do setor avaliam que o movimento também responde à tendência global de plataformas multissegmentadas, que combinam delivery de refeições com logística para outros setores como supermercados, farmácias e produtos de conveniência. A Meituan deve seguir essa tendência à medida que consolida sua presença nacional.
Estratégia global e expansão chinesa
A internacionalização da Meituan faz parte de uma ofensiva mais ampla das empresas chinesas para ampliar sua presença em mercados emergentes. Com crescente concorrência doméstica de plataformas como Ele.me (do Alibaba) e Douyin (versão local do TikTok), a companhia busca novos territórios com demanda em crescimento e menos saturados.
O Brasil surge como um mercado estratégico, não apenas pelo seu volume, mas pelo perfil urbano concentrado e familiaridade da população com serviços digitais. A ofensiva ocorre em paralelo a outros investimentos chineses em setores como energia, infraestrutura e tecnologia, reforçando o papel do país como polo de expansão para conglomerados asiáticos.
Segundo Wang Xing, CEO da Meituan, o Brasil representa uma oportunidade relevante de crescimento e diversificação. Em nota oficial, o executivo afirmou que o objetivo é oferecer mais opções ao consumidor brasileiro e contribuir para o desenvolvimento do ecossistema digital no país.
Impactos e próximos passos
A introdução da Keeta no mercado deve provocar efeitos em cadeia nas políticas de preços, comissionamento e fidelização dos demais players. A expectativa é que consumidores se beneficiem de ofertas mais atrativas, enquanto restaurantes poderão avaliar novos modelos de parceria e margens operacionais.
A médio prazo, o desempenho da Meituan no Brasil servirá como modelo para possíveis expansões em outros países da América Latina, especialmente Argentina, México e Colômbia. O plano da empresa inclui avaliar constantemente os resultados obtidos e adaptar as operações conforme a resposta do mercado.
No curto prazo, o foco será ganho de escala e consolidação de marca. A Meituan ainda não confirmou datas para expansão para outras capitais, mas já indicou que novas unidades devem ser abertas conforme o ritmo de adesão e viabilidade operacional nas praças iniciais.
Fonte: Prnewswire, Exame e InfoMoney.
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