
Na ação há 3 meses, 2 pessoas foram presas. Moradores dizem que caminhões com materiais furtados saem lotados todas as noites. Ferro-velho clandestino demolido em fevereiro continua funcionando
O ferro-velho clandestino demolido em fevereiro em uma grande operação da Polícia Civil do RJ e da Prefeitura do Rio de Janeiro voltou a funcionar.
Moradores denunciaram ao Bom Dia Rio que no terreno da Rua São Francisco Xavier 700, no Maracanã, não parou o vaivém de materiais de procedência duvidosa — mesmo sem a mínima estrutura.
Por muitos anos, segundo a polícia, cobre, tampas de bueiro e peças da Supervia que eram furtados nos arredores eram vendidos ali. O lugar já tinha sido interditado 4 vezes, mas resistia.
Na ação de 3 meses atrás, 2 homens foram presos. Na época, a delegada Camila Lourenço, da 20ª DP (Vila Isabel), declarou que o ferro-velho era um dos principais receptadores de materiais roubados da região.
Agora, segundo os vizinhos, basta uma caçamba na área destruída para o comércio suspeito funcionar. Usuários de drogas vão para lá e queimam fios roubados para vender o cobre.
“Mesmo após a destruição da parte frontal do ferro-velho, eles continuaram com o comércio onde tem o muro da linha férrea”, descreveu uma. “Eles montaram uma caçamba com luz, porque eles trabalham 24 horas, e ficam ali receptando o material que chega, sem saber a procedência e a origem.”
Quando a caçamba fica cheia, um caminhão aparece para levar o material para empresas e siderúrgicas. O movimento de usuários de drogas também continua intenso na região.
Na madrugada desta terça-feira (6), a equipe do Bom Dia Rio não encontrou a caçamba no terreno, mas flagrou, nos fundos, pessoas queimando materiais junto ao muro.
Terreno onde havia ferro-velho ainda recebe materiais furtados
Reprodução/TV Globo
O que dizem as autoridades
Polícia Civil
“A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e de outras delegacias da instituição, realiza ações diárias e contínuas para combater o furto de cabos e materiais metálicos. Desde setembro de 2024, por exemplo, somente a Delegacia de Roubos e Furtos fiscalizou mais de 100 ferros-velhos no estado do Rio de Janeiro e, em quase 90% deles, os responsáveis foram autuados em flagrante. Neste mesmo período, mais de 200 toneladas de fios de cobre e materiais metálicos foram apreendidas pela especializada.
Pela legislação vigente, por se tratar de crimes sem violência ou grave ameaça, esses criminosos não permanecem detidos, retornando para as ruas para cometer novos delitos. Além disso, como a Polícia Civil não tem atribuição legal para interditar os estabelecimentos, os ferros-velhos irregulares voltam a operar imediatamente. A DRF tem diversos inquéritos em andamento que investigam toda a cadeia criminosa, desde o furtador até as metalúrgicas, e as diligências seguem para responsabilizar criminalmente todos os envolvidos.”
Prefeitura do Rio
“A Secretaria de Ordem Pública (Seop) informa que, após a operação de demolição, já retornou ao local mais 2 vezes para remover novas tentativas de cercamento ilegal do terreno. Em uma outra oportunidade, agentes da Seop apreenderam, perto dali, um controlador de sinal da CET-Rio que estava sendo monitorado e que havia sido furtado.
A Seop vai enviar uma equipe ao local para garantir a interdição do ferro-velho.
Desde 2021, a Seop já apreendeu 138 toneladas de fios e cobre e interditou 166 estabelecimentos por funcionamento irregular. Durante as operações, 65 pessoas foram conduzidas à delegacia, 124 ligações clandestinas de água e luz foram desfeitas e 920 armas brancas foram apreendidas.”
Polícia Militar
“A fiscalização desse tipo de estabelecimento não é conduzida pela Polícia Militar.
A corporação, quando acionada, apoia as ações de órgãos fiscalizadores e investigativos. Mas não é a Polícia Militar a responsável por estas verificações.”