Veja como estão as obras de reconstrução das pontes afetadas pela enchente em Sinimbu

Mais que pontos turísticos, as pontes são elos entre a cidade e o interior em Sinimbu. Centenas de pessoas dependem das travessias sobre o Rio Pardinho para abastecer suas propriedades com mantimentos, equipamentos e subsídios em geral e para escoar a produção. 

O município é conhecido como a capital das pontes pênseis, chamadas também popularmente de pinguelas. Após a enchente de 30 de abril de 2024, que danificou e arrancou muitas travessias, tanto de veículos como as exclusivas de pedestres, grande parte da população ficou isolada por dias e até semanas. Das cerca de cem passarelas existentes antes da catástrofe, mais de 60 foram levadas pela água.

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Atualmente, em torno de 35 já foram ou consertadas ou reinstaladas por meio de parcerias entre Município, entidades, empresas e comunidade. A reconstrução foi viabilizada pela Lei de Parceria de Pontes Pênseis do município. Algumas também foram refeitas por moradores, proprietários de áreas onde as travessias existiam. 

Durante a restruturação da Ponte Centenário, planejamento é que passagem seja feita no local em uma estrutura provisória
Durante a restruturação da Ponte Centenário, planejamento é que passagem seja feita no local em uma estrutura provisória | Foto: Alicson Radtke/Divulgação/GS

Um dos exemplos foi a Foco Empreendedor, que garantiu a construção de mais de dez pontes pênseis, permitindo o acesso das pessoas. Da mesma forma, a cooperativa de crédito Sicredi auxiliou na reinstalação de 16 travessias e outras duas ainda serão feitas. 

Já o conserto das pontes em que há travessia de veículos tem sido mais moroso. Isso porque, segundo o prefeito Wilson Molz, entraves burocráticos têm adiado os trabalhos de restauração. “Passamos por uma situação incômoda em meados de outubro e novembro, quando foram lançados processos licitatórios, mas empresas tiveram problemas burocráticos”, explica. “O Ministério Público e o Tribunal de Contas auxiliaram no destravamento, para dar celeridade e achar a solução.”

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Por conta disso, segundo o prefeito, seis obras estão liberadas – e a da Ponte Centenário será a sétima. Além disso, mais 11 deverão sair nos próximos dias. “O município perdeu 18 pontes e pontilhões durante a enchente. Sabemos que todos têm pressa, mas até o fim do ano a grande maioria vai estar disponível para a comunidade.”

Molz ainda destaca a relevância dessas travessias. “Elas são muito importantes porque ligam propriedades e localidades e são essenciais para o deslocamento dos munícipes, principalmente no interior. E são uma forma de travessia mais segura, principalmente em dias de chuva.”

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De acordo com o prefeito, durante a obra de restruturação da Ponte Centenário, uma passagem provisória será feita no local. “Existe muita gente morando do outro lado do Rio Pardinho que precisa diariamente dessa travessia. Então, nos próximos dias, uma ponte provisória será feita ao lado para acesso dos pedestres durante o período da obra”, explica o chefe do Executivo.

Pontes destruídas e o estágio de cada uma delas

  • Bismarck – Localidade de Bismarck – Em execução
  • Rio Pequeno – Localidade de Rio Pequeno – Em execução
  • Casc – Localidade de Engelmann – Em novo processo licitatório
  • Gamelão (comunidade) – Linha Gamelão – Em novo processo licitatório
  • Linha Inverno – Localidade de Linha Inverno – Em novo processo licitatório
  • Alto Rio Pequeno I – Localidade de Alto Rio Pequeno – Em condições de execução
  • Alto Rio Pequeno II – Localidade de Alto Rio Pequeno – Em condições de execução
  • Romaldo Fischer – Localidade de Alto Rio Pequeno – Em condições de execução
  • Desidério – Linha Desidério – Em condições de execução
  • Centenário – Localidade Centro – Em condições de excecução
  • Além dessas, a Ponte da Graxeira, sobre o Arroio Marcondes, em Linha Rio Grande, está em obras. A execução é do governo do Estado. 

Pontilhões (pontes mais baixas)

  • Getúlio Waechter – Localidade de Rio Pequeno – Em fase de análise das propostas de licitação 
  • Dopke – Localidade de Rio Pequeno – Em fase de análise das propostas de licitação
  • Cruzeiro – Localidade de Rio Pequeno – Em fase de análise das propostas de licitação
  • Alceu Bechert – Localidade de Rio Pequeno – Em fase de análise das propostas de licitação
  • Aldino Schulz – Localidade de Rio Pequeno – Em fase de análise das propostas de licitação 
  • Heitor Schulz – Localidade de Rio Pequeno – Em fase de análise das propostas de licitação
  • Pio XII – Localidade de Pinhalzinho – Em fase de análise das propostas de licitação
  • Linha Pintado – Localidade de Linha Pintado – Em fase de análise das propostas de licitação

Isolamento, tensão e medo

Quem ficou isolada foi a família de Janice Friedrich Hirsch, 43 anos, moradora de Linha Rio Grande. A água do Rio Pardinho, que passa a poucos metros de sua casa, arrancou a ponte pênsil e cobriu o pontilhão. Além de lidar com a apreensão e a tristeza pela inundação da propriedade, danificando diversos equipamentos da agroindústria e destruindo lavouras de verduras que estavam prontas para venda, Janice teve dificuldades para conseguir mantimentos.

Janice, Cristiano e Nícolas: apreensão e dificuldades para atravessar o Rio Pardinho | Foto: Alencar da Rosa

A primeira travessia só foi possível cinco dias depois, de barco. No entanto, não havia comércio no município para aquisição de qualquer item que fosse. Os primeiros alimentos e demais mercadorias essenciais chegaram de helicóptero cinco dias depois e, mais tarde, por barco que fazia a travessia e pelo Exército, quando conseguiu chegar de caminhão.

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No sábado seguinte à enchente, inseguros em ficar naquela situação sem saber o que ainda poderia acontecer – como, por exemplo, uma nova elevação da água –, Janice pegou o filho de 10 meses nos braços e arriscou atravessar o rio de barco. “Em um barco sem motor, só puxado à corda, atravessamos aquele rio fundo e fomos para a casa dos meus pais, que não sabiam se estávamos vivos ou não”, conta.
Por conta do isolamento de todos os moradores, a propriedade de Janice tornou-se um centro de distribuição. “Os donativos chegavam de helicóptero e barco e as pessoas vinham até a nossa casa buscar, porque não tinham como ir até a cidade, estavam isoladas.”

Linha Rio Grande: galerias servem de travessia para veículos quando rio está baixo

A passadeira instalada pelo Exército em meados do fim de maio acabou sendo levada embora por três vezes. Já a ponte pênsil utilizada para passagem a pé foi instalada no fim do ano passado, assim como a galeria. “Fizemos muitas ‘manobras’ para conseguir chegar à cidade: ir por outros municípios, atravessar no pontilhão quebrado, nos arriscar atravessando na água mesmo. Enfim, foi muito difícil”, diz Janice.

Segundo ela, ainda hoje se pode dizer que estão meio isolados, pois não há uma ponte concreta. “Tem a galeria, mas se chover muito, a água cobre ou arranca e leva embora. E a ponte pênsil reconstruída é um quebra-galho para atravessar a pé.”

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