Em meio ao processo de desocupação da Favela do Moinho, no centro de São Paulo, o governo estadual divulgou um dado que amplia o debate sobre as condições sanitárias da região: a taxa de detecção de tuberculose atinge 335,3 casos por 100 mil habitantes. O número é 54 vezes superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que estabelece como meta de eliminação até 6,7 casos por 100 mil.
- Índice de tuberculose no Moinho chega a 335 por 100 mil habitantes.
- Meta da OMS para eliminação da doença é de até 6,7 por 100 mil.
- Remoção de famílias faz parte de projeto para parque e estação.
- Mais de 80 famílias já saíram, outras 600 estão em processo de mudança.
- Área tem infraestrutura precária e alta densidade, favorecendo surtos.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, os dados foram reunidos a partir de relatos recebidos pela equipe social da CDHU durante visitas à comunidade. A apuração oficial foi feita com base em registros da UBS Boraceia, que atende a área e identificou cinco casos da doença entre os 1.491 moradores acompanhados, configurando uma situação de atenção epidemiológica urgente.

A região, marcada por alta densidade populacional e infraestrutura precária, oferece um ambiente propício à disseminação da tuberculose, aponta o governo estadual. A nota oficial reforça que a combinação de aglomeração intensa e ausência de saneamento básico são fatores determinantes para o índice elevado de contaminação.
Em paralelo, o local está inserido em um projeto urbano de grande escala. A Favela do Moinho, uma das últimas em pleno centro paulistano, será transformada em um parque público com estação de trem, conforme plano conduzido pela gestão Tarcísio de Freitas. Para que a proposta avance, será necessária articulação com a União, proprietária da maior parte do terreno ocupado.
A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) informou que, até o momento, 87% das famílias aceitaram as condições de reassentamento. Cerca de 80 núcleos familiares já deixaram a área e mais de 600 estão em fase de mudança ou entrega de documentação. Inicialmente, viviam no local 831 famílias.
O programa de remoção avança em meio a protestos. Para muitos moradores, as alternativas oferecidas ainda geram desconfiança e medo, enquanto parte da comunidade tenta resistir ao deslocamento. O conflito entre os interesses urbanísticos e os direitos sociais permanece no centro da discussão.
A situação no Moinho também expõe um cenário mais amplo. Embora o Brasil esteja longe de atingir a meta da OMS, com 39,8 casos de tuberculose por 100 mil habitantes, o quadro da favela é muito mais grave. A diferença ressalta a vulnerabilidade de populações que vivem em condições extremas e sem acesso pleno a serviços de saúde de qualidade.
Fonte: Metropoles e Oglobo.
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