Um ano depois, marcas da enchente presentes na superação e reconstrução

Doze meses depois, as marcas da enchente ainda estão presentes. A intensa e constante chuva ao final de abril e início de maio de 2024 provocou o transbordamento de rios e afluentes, fez a água avançar por lugares nunca antes invadidos, e levar consigo trajetórias marcadas por muito trabalho e dedicação.

Em Sobradinho, assim como nos demais municípios da região Centro Serra, diversos foram os impactos em infraestruturas privadas e públicas. Residências, empresas, órgãos municipais, pontes, bueiros e estradas contabilizaram destruição e prejuízos.

No Estado, conforme estimativa da Defesa Civil, mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas em 478 municípios gaúchos. Trata-se da maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul.
Conforme o Governo do Estado, as enchentes também danificaram grande parte da infraestrutura rodoviária de responsabilidade estadual e a malha hidroviária também foi comprometida. Passados doze meses, o cenário é de reconstrução e superação nas regiões atingidas, em diversas frentes.

Cenário

No município de Sobradinho, importantes ligações dentro do perímetro urbano e na zona rural ficaram totalmente ou parcialmente destruídas. Bueiros e pontilhões foram reconstruídos ao longo dos meses seguintes, assim como pontes pênseis (pinguelas), além da realização da manutenção nas estradas, comprometidas pela erosão.

Das 13 pontes com projetos encaminhados à União para serem reconstruídas, nove delas encontram-se no interior e quatro na cidade. Os projetos e processos licitatórios foram realizados em 2024, contudo, a liberação dos recursos se dá seguindo critérios e trâmites do Governo Federal. Neste sentido, obras de pontes no interior tiveram início nos primeiros meses de 2025. Para as quatro infraestruturas na cidade, exatamente um ano após o início dos transtornos com as intensas chuvas, foi publicada nesta quinta-feira, 29 de abril, a Portaria n.º 1247/2025, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, autorizando a transferência de R$ 8.734.583,07 para o Município de Sobradinho, visando a execução de ações de Defesa Civil.

As obras de reconstrução irão conectar novamente pontos de passagem essenciais à população, que durante as cheias teve parte do território isolado, com a água encobrindo as pontes ou mesmo pela sua força destruídas.

No período da enchente, Luiz Affonso Trevisan viu de perto os impactos da enxurrada, que também alcançou o empreendimento da família. Recorda-se da madrugada, da ligação de um dos funcionários, residente próximo do supermercado, relatando a situação. “Me desloquei para lá. Cheguei na Ponte do Gaúcho e não tinha como passar. Acho que a água estava uns dois metros acima da ponte. Acabamos ficando naquela angústia, sem contato. Apenas um tempo depois conseguimos chegar lá, o mercado estava cheio de água. Depois de limpar pela primeira vez, o avanço da água veio novamente. A água já tinha estourado parte do muro e do portão aos fundos, e talvez não fosse por isso teríamos perdido quase tudo. E para o município também foi muito desgastante, quanto serviço, até agora estamos fazendo”, lembra o agora prefeito de Sobradinho.

Os trabalhos de recuperação no município viraram o ano e também as gestões, anteriormente tendo como prefeito Armando Mayerhofer.

Maninho Trevisan assumiu o Executivo em janeiro de 2025. Ele menciona os trabalhos para refazer tubulações em ruas próximas ao Arroio Carijinho e também em demais pontos onde ocorre o acúmulo da água da chuva. Novos trabalhos neste sentido poderão vir a ser realizados, a exemplo dos arredores da Prefeitura, onde em episódios de maior volume pluviométrico constatam-se alagamentos.

Em relação às pontes, conforme o prefeito, a da localidade de Rincão do Segredo está concluída e seguem nas etapas finais as estruturas localizadas em Baixo Pilão e Linha Campos, além de iniciada a de Vila Gramado. A mesma empresa, vencedora da licitação destas quatro pontes no interior, será a responsável pela execução das obras na cidade, para as quais aguarda-se a liberação dos recursos pelo governo federal, sendo previstas as obras iniciarem pela ponte do Bairro Vera Cruz, seguida pela da Baixada, Bairro Rio Branco e no Acesso Euclides Bento Pereira. Já a ponte que liga ao Bairro Maieron, nas imediações da antiga sede da Delegacia de Polícia, está em fase de finalização da recuperação estrutural e da reposição do calçamento. As demais cinco pontes no perímetro rural serão construídas por outra empresa vencedora do processo de licitação, que já iniciou o trabalho na obra de Linha Carijinho. A escavação da ponte da divisa do Baixo Pilão com Lagoa Bonita do Sul também está feita. Ainda, sobre a infraestrutura no interior, segundo o prefeito, seguem os trabalhos de manutenção das estradas, apesar de desafios com o maquinário disponível.

Obra de ponte sendo reconstruída no interior | Foto: Assessoria de Imprensa

O Município está inscrito para receber R$ 1,4 milhão em horas-máquinas para desassoreamento do Arroio Carijinho, de trecho da Linha Apolinário até o início da cidade, no Bairro Baixada. Os trabalhos ainda não foram iniciados. Maninho também lembra que foi elaborado um projeto visando uma contenção de concreto (no trecho da Vera Cruz até a ponte do Bairro Rio Branco), o qual encontra-se cadastrado junto ao governo federal, incluindo uma nova ponte na Maieron.

Com relação às finanças, o chefe do Executivo menciona que as contas remanescentes da gestão anterior estão com pagamento praticamente concluído, e que as do atual mandato encontram-se em dia, havendo dinheiro em caixa, em especial com o pagamento do IPTU, valor importante para o orçamento, contudo, destacou que é preciso cautela, pois há todo o restante do ano.

Habitação

Atualmente, conforme o secretário municipal de Assistência Social de Sobradinho, Diego Batista da Silva, duas famílias seguem em abrigo em antigo prédio de escola no Bairro Medianeira. Outras 17 estão recebendo o benefício do Aluguel Social, auxílio de 500 reais mensais, estabelecido em decreto municipal, e com previsão de encerramento após doze meses (período que se encerra já neste mês de maio para algumas famílias que completam um ano, enquanto outras que começaram a receber mais tarde tem mais tempo pela frente).

Na lista da Assistência Social, a partir de credenciamento feito em 2024, constam 41 pessoas que perderam suas residências no município. Destas, 29 localizadas na cidade e 12 no interior. Mais cinco pessoas da cidade ressolicitaram e também tiveram seus nomes encaminhados para o governo federal, que é quem detém os programas na área habitacional.

Foto: Nathana Redin

Conforme Batista, dos 41 listados, 17 pessoas da cidade foram selecionadas através do programa Compra Assistida (no escopo do Minha Casa, Minha Vida – Reconstrução), programa do governo federal que subsidiará até R$ 200 mil para quem perdeu sua casa adquirir um imóvel pronto (no perímetro do estado do Rio Grande do Sul), e de escolha do beneficiário. O programa não contempla construção e segue critérios pré-estabelecidos, com o processo sendo feito via Caixa Econômica Federal. A contrapartida é a entrega do lote próprio, local onde a residência foi atingida pela enchente, para o Município. Ainda, quatro famílias foram selecionadas para o programa Compra Assistida Rural, cujo valor é de até R$ 88 mil para construção. Nestes casos, segundo explica o secretário, a construção deve ser intermediada por um sindicato, mas possivelmente, em razão de alguns fatores, estas famílias optarão por casas no perímetro urbano.

No final de 2024, o município de Sobradinho também foi selecionado em outro programa federal, através do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), no valor de R$ 3.750.000,00, para construção de 25 moradias (em torno de R$ 150 mil cada). Em princípio, conforme o secretário, para suprir a demanda de quem já está inscrito e ainda não foi contemplado. Neste programa, o Município deve entrar com a contrapartida de infraestrutura completa do lote (incluindo água, luz, esgoto, calçamento, e individualizar as matrículas no Cartório), para após, com esta parte adequada aos critérios exigidos, realizar a licitação da obra. O lote, segundo Batista, já está sendo desenhado próximo ao Polo de Ensino no Bairro Vera Cruz, assim como o projeto do modelo das moradias.

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