A sexta-feira, 25, marcou o fim das homenagens ao papa Francisco. Durante três dias, cerca de 250 mil pessoas foram ao velório aberto na Basílica de São Pedro, em Roma, para dar adeus ao Santo Padre.
O encerramento foi efetivado com rito de fechamento do caixão. A partir deste sábado, 26, iniciou-se na Praça São Pedro a Novemdiales, uma tradição antiga de nove dias de luto e orações em sufrágio pela alma do pontífice.
Do outro lado do oceano, no Rio Grande do Sul, o bispo emérito dom Aloísio Alberto Dilli admira o retrato que eternizou o momento em que encontrou o papa Francisco. Em 8 de maio de 2022, o então líder religioso da Diocese de Santa Cruz do Sul esteve no Vaticano com outros 25 bispos gaúchos para encontrar o Santo Padre.
LEIA MAIS: Funeral e sepultamento do papa Francisco são realizados neste sábado
Na época, Francisco demonstrava sinais de saúde debilitada e apareceu, pela primeira vez, em uma cadeira de rodas para saudar os fiéis. Contudo, no encontro, levantou-se e cumprimentou cada um dos bispos brasileiros, sempre sorrindo.
“Eu disse para o Papa que trazia saudações, preces, abraços de todos os diocesanos e todas as pessoas que eu representava em Santa Cruz. E ele agradeceu muito e fez esse sorriso bonito que fazia para todo mundo”, recorda dom Aloísio.
Por duas horas, ele e os demais bispos tiveram a oportunidade de conversar com o pontífice, que deixou claro que não faria nenhum discurso, mas estava aberto a responder perguntas e escutar críticas, se necessário. O representante de Santa Cruz sentiu-se agraciado com um presente que foi bem aproveitado com um questionamento.
LEIA MAIS: Túmulo no chão e fora do Vaticano: veja o que diz o testamento do papa Francisco
“Querido papa Francisco – chamei assim –, nós, bispos, queremos aprender do Senhor. De onde o senhor tira a força para ter esse olhar sereno, sorridente e tranquilo com tantas situações difíceis dentro do mundo para serem enfrentadas?”
Falou que, em primeiro lugar, não procurava dramatizar as situações. “A gente faz aquilo que pode”, disse o papa a dom Aloísio. Destacou que sempre procurava receber bem todas as pessoas que o visitavam. “E isso eu levo para a oração, especialmente quando se celebra a Santa Ceia e a Eucaristia. Eu coloco a realidade da vida dentro da oração.”
Francisco também falou da importância da proximidade com Deus e a necessidade de agir em nome Dele. Ainda disse aos bispos que eles precisam estar próximos, ajudar uns aos outros e saber conviver, além daqueles que integram o clero. E citou a relevância de se aproximar do povo de Deus.
LEIA MAIS: Relembre: bispo emérito de Santa Cruz teve encontro com o papa Francisco
“Às vezes, estar próximo do povo de Deus é estar na frente, indicar caminho, animar, puxar a frente. Mas outras vezes, estejam no meio do povo de Deus, para escutar, aprender, sentir a realidade, para estar próximo. E outras vezes, estejam atrás, para perceber se alguém não está se perdendo lá no fundo, está atrasado ou está cansado”, disse o pontífice.
Dom Aloísio recorda do momento marcante sorrindo. Embora o papa tenha partido, considera que ele continua presente em espírito. E emociona-se ao segurar com orgulho a imagem do encontro com o Santo Padre. Ela fica bem visível na parede do quarto de trabalho, ao lado de uma cruz e um quadro que ganhou em São Borja, feito de tecido, no qual há um pastor com suas ovelhas.
“Esta imagem significa muito para a minha vida, porque aquele que nos chamou para o encontro foi o Papa Francisco, que foi quem me nomeou para Santa Cruz do Sul. Eu estou aqui por causa desse santo homem.”
Mão direita do Cristo Protetor foi abençoada pelo pontífice

Pároco da Paróquia São Pedro e capelão da Capela Scalabrini no Cristo Protetor, do município de Encantado, o padre Genoir Pieta evoca da sua memória os dois encontros com o papa Francisco em 2023, no Vaticano. Em um deles, testemunhou um ato que ficará marcado para sempre: o momento em que o pontífice abençoou um fragmento da mão direita do braço da estátua, de 43,5 metros de altura.
Pieta e integrantes da Associação Amigos de Cristo de Encantado (Aace) entregaram ao Santo Padre presentes do Vale do Rio Pardo. “Ele parou, nos acolheu e escutou a nossa mensagem. Foram alguns minutos que nunca esqueceremos. Essa pedra agora é uma relíquia”, afirmou o padre.
LEIA TAMBÉM: Papa Francisco gravou álbum de rock progressivo com 11 faixas; ouça uma delas
Cerca de dois meses depois, o pároco retornou ao Vaticano para participar de um congresso com outros integrantes da região. Ao final do evento, tiveram uma audiência especial com a Santidade. “Aguardamos um bom tempo. Quando ele chegou, andando com a bengalinha dele, sentou na poltrona e acolheu todas as palavras de cada um de nós. E nos deu um texto que, para mim, assim como a pedra, torna-se uma relíquia.”
Nos momentos em que esteve cara a cara com o Santo Padre, Pieta constatou a simplicidade de Francisco, que mantém a atenção total enquanto está acolhendo alguém. “Trata-se de uma pessoa que viveu plenamente naquilo que estava fazendo, que olha nos olhos e escuta tudo com carinho e atenção. Foi um privilégio que me marcou profundamente.”
Para o padre, o papa Francisco cumpriu até o fim da vida a sua missão. “E a cumpriu muito bem, dando um profundo testemunho e iniciando um grande processo de renovação da igreja. Ele viveu como Cristo, bem junto ao povo, indicando o caminho.”
No conclave, cardeais buscarão por um perfil atento à atualidade
Pelas regras do Vaticano, o conclave deve iniciar de 15 a 20 dias após a morte do papa. Dessa maneira, a previsão é de que o ato que reúne o Colégio de Cardeais na Capela Sistina do Vaticano para a escolha do próximo pontífice ocorra entre 6 e 15 de maio.
Na avaliação de dom Aloísio Alberto Dilli, antes de começarem as votações, os cardeais devem olhar para a realidade da Igreja e do mundo atual e tentar responder à seguinte questão: qual perfil de pessoa precisamos para dar resposta a esta realidade?
Para o bispo emérito da Diocese de Santa Cruz, cada papa teve um perfil. Ele recorda de um diálogo com um líder religioso da Alemanha que, em visita ao Brasil, fez suas ponderações sobre Francisco, o papa da América do Sul.
LEIA TAMBÉM: Lula decreta luto oficial após morte do papa Francisco: “buscou levar o amor onde existia o ódio”
O padre disse a dom Aloísio que João Paulo II era um papa mais político, devido às participações na Organização das Nações Unidas (ONU) e sua atuação pelo fim do regime comunista na Polônia. Já Bento XVI era visto pelo padre alemão como um teólogo, popular pelas escritas e pela inteligência. Manifestava também preocupação pela cultura europeia, cada vez mais próxima do ateísmo.
E ao falar de Francisco, afirmou que ele era aquele que ficava com as ovelhas e cuidava delas. Esse perfil, segundo dom Aloísio, é fundamental. “Isso se confirmou naquele primeiro encontro. Era uma pessoa acolhedora, que dialogava e dava oportunidade de escutar críticas. Tratou a todos como irmãos, evidenciando que todos estavam em comunhão com ele. Acho que é uma lição sábia que ele deixa”, afirmou.
O padre Genoir Pieta considera que o impulso renovador iniciado por Francisco é irreversível. E, por mais que seja eleito um pontífice com outro perfil, não será possível voltar atrás nos atos importantes realizados. “Agora, precisamos rezar para que os cardeais possam escolher a pessoa certa para os tempos difíceis que a Igreja vive no mundo de hoje.”
LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no NOSSO NOVO CANAL DO WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!
The post Religiosos da Diocese de Santa Cruz relembram encontros com papa Francisco appeared first on GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região.