Famosa por fazer carros incríveis e lendários como o Mitsubishi Lancer Evo e o Eclipse Cross, durante décadas, o nome Mitsubishi esteve presente em diferentes cômodos das casas brasileiras, mas não apenas nas garagens. Em muitas salas, era possível ver televisores que ostentavam o logotipo dos três diamantes, símbolo do conglomerado japonês. A trajetória dessa presença, marcada por fases distintas, começou com sucesso no mercado de eletroeletrônicos e terminou sem alarde, longe dos holofotes que outrora ajudaram a popularizar seus produtos.
Pontos Principais:
- A Mitsubishi atuou no Brasil em parceria com a Evadin, vendendo TVs com sua marca a partir da década de 1970.
- Os televisores da linha DiamondVision se popularizaram nos anos 1980 e 1990 com forte presença publicitária.
- O contrato com a Evadin foi encerrado em 1999, mas a empresa seguiu usando indevidamente a marca até ser processada.
- A Mitsubishi Electric encerrou definitivamente a produção global de televisores em 2021.
As televisões da marca circularam amplamente pelo país nos anos 1980 e 1990, impulsionadas por parcerias comerciais e estratégias publicitárias que aproveitavam grandes eventos, como a Copa do Mundo. O desaparecimento repentino desses aparelhos das prateleiras chamou a atenção de consumidores e marcou o fim de uma era de forte presença da Mitsubishi no segmento de televisores no Brasil.

O encerramento da divisão de TVs foi fruto de uma sequência de decisões corporativas e judiciais, que envolveram parceiros nacionais e mudanças no cenário global de tecnologia. A saída do setor foi definitiva, sem revenda ou transferência para outras marcas, encerrando um capítulo que, por muitos anos, fez parte do cotidiano de milhões de brasileiros.
Origens do grupo e entrada no setor de eletrônicos
A Mitsubishi surgiu no Japão em 1870, inicialmente como uma transportadora marítima. Ao longo dos anos, expandiu sua atuação para vários setores, incluindo o automotivo e o eletrônico. Após a Segunda Guerra Mundial, o conglomerado foi desmembrado e reorganizado em empresas independentes que mantiveram o nome e a logomarca original, mas com focos distintos. Foi assim que surgiu a Mitsubishi Electric, responsável pelos produtos eletrônicos da marca.
Em 1953, a divisão eletrônica da Mitsubishi lançou seu primeiro televisor no mercado japonês. A partir dali, passou a buscar acordos com empresas estrangeiras para expandir sua atuação. No Brasil, a entrada oficial se deu por meio de uma parceria com a empresa nacional Evadin, que licenciou a marca para vender equipamentos como rádios, aparelhos de som e televisores.
Esse contrato, firmado em 1978, permitiu à Evadin utilizar o nome Mitsubishi em seus produtos, que passaram a ser comercializados em larga escala. A associação entre as marcas permaneceu por mais de duas décadas e contribuiu para popularizar os aparelhos no mercado nacional.
A consolidação no mercado brasileiro
Durante os anos 1980 e 1990, as TVs da Mitsubishi, produzidas pela Evadin, tornaram-se comuns em diversos lares brasileiros. Modelos como o DiamondVision foram destaque, com tecnologia de tubo e gabinetes de madeira em versões mais antigas. Muitos desses aparelhos permitiam ajuste manual da imagem, o que era um diferencial na época.
As campanhas publicitárias foram intensas. Em tempos de Copa do Mundo, era comum ver jogadores e técnicos como Zagallo e Telê Santana como garotos-propaganda da marca. A estratégia incluía até garantia estendida de quatro anos, justamente para cobrir um ciclo completo até o próximo mundial de futebol.
A presença dos televisores era reforçada pelo apoio da Evadin, que contava com estrutura de distribuição nacional e atuava também com marcas como Aiko. A fábrica na Zona Franca de Manaus garantia escala de produção e abastecimento constante às redes varejistas em diferentes regiões do país.
Ruptura e processo judicial
No final da década de 1990, a Mitsubishi decidiu não renovar o contrato de licenciamento com a Evadin. Em 1999, foi anunciado oficialmente o fim do acordo, com prazo de dois anos para o encerramento da produção e comercialização de aparelhos com a marca Mitsubishi no Brasil.
Apesar disso, a Evadin seguiu utilizando a marca além do período permitido. Em paralelo, retomou a produção de aparelhos com o nome Aiko. A persistência no uso da marca japonesa sem autorização levou a um processo judicial movido pela Mitsubishi. A ação foi julgada anos depois, e em 2012 a Evadin foi condenada por uso indevido da marca.
A decisão judicial resultou na retirada definitiva dos produtos Mitsubishi do mercado brasileiro. A empresa nacional continuou suas atividades, mas passou a operar com menor visibilidade, concentrando-se na fabricação e distribuição de produtos como impressoras térmicas e terminais de autoatendimento.
O encerramento global da divisão de TVs
Fora do Brasil, a Mitsubishi Electric continuou ativa no setor de televisores por mais tempo. Em mercados asiáticos e em parte dos Estados Unidos, a empresa apostou em modelos avançados, como TVs OLED de grandes dimensões e versões 3D com gravadores integrados.
Uma das últimas tentativas de manter competitividade foi o investimento em RPTVs, televisores de projeção traseira, que utilizavam sistemas de espelhos e lasers para gerar imagens em telas grandes. No entanto, a evolução rápida dos painéis LCD e OLED, com preços cada vez mais acessíveis, tornou esse tipo de tecnologia obsoleta.
Em 2012, a empresa anunciou o fim da produção dos RPTVs e das TVs de tubo. Em 2021, veio a confirmação do encerramento da divisão de televisores como um todo, com a Mitsubishi Electric abandonando definitivamente esse segmento de mercado, sem realizar vendas da operação a outras empresas.
Fim de uma era silenciosa
Diferente do impacto causado por sua presença no mercado nos anos anteriores, a saída da Mitsubishi do setor de TVs foi silenciosa. Não houve grandes comunicados públicos, apenas o encerramento gradual da distribuição para pequenos revendedores e o foco em outras áreas do grupo.
Com a decisão, a Mitsubishi se concentrou em segmentos mais lucrativos e alinhados com sua estratégia de longo prazo, como automação industrial, energia e mobilidade. A marca continua ativa no Brasil no setor automotivo, mas a memória das antigas TVs permanece apenas nos aparelhos que resistem ao tempo em casas e coleções.
A trajetória das televisões Mitsubishi no Brasil, iniciada com promessas de tecnologia japonesa de ponta e forte presença de marketing, terminou envolta em processos legais e na transformação dos hábitos de consumo. O episódio serve como retrato de como mesmo grandes marcas podem desaparecer de setores em que foram líderes.
Fonte: Vejasp, Wikipedia e Tecmundo.
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