Em greve de fome, Glauber diz que vai passar fim de semana em plenário de comissão; Câmara diz que dará ‘todo suporte’


Deputado faz protesto desde quarta-feira (9) contra processo que pode levar à perda do mandato. Em 2024, deputado do PSOL agrediu integrante do MBL com chutes. Deputado Glauber Braga, em greve de fome, se prepara para segunda noite dormindo na Câmara
Vinícius Cassela/g1
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) disse que vai passar o fim de semana na Câmara dos Deputados e continuar o protesto que faz contra o processo que pode levar à cassação do seu mandato (leia mais abaixo).
O deputado está fazendo greve de fome e dormindo no plenário de uma das comissões da Casa desde quarta-feira (9).
Deputado Glauber Braga anuncia greve de fome
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Braga já está há 60 horas (até 12h) sem comer, mas a pedido médico, para não desidratar completamente, está ingerindo soro fisiológico, isotônico e água.
O processo contra o parlamentar foi aberto porque, em abril de 2024, ele expulsou, com chutes e empurrões, um manifestante do grupo de direita Movimento Brasil Livre (MBL).
Na quarta-feira (9), o deputado dormiu no chão da sala, ao lado do telão e, na quinta-feira (10), foi convencido pela equipe a aceitar dormir em um colchão com travesseiro e coberta.
O deputado também saiu do local para tomar banho em casa e retornou. Também na quinta, a irmã do deputado chegou a Brasília para acompanhar o protesto do irmão.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Braga, tem passado o dia com o marido e voltado à noite para casa para ficar com o filho de 3 anos, que também esteve com o pai nesta quinta.
“Agora, o que nos cabe é dar suporte, o apoio necessário, logístico, emocional, médico. E somos muito gratos por toda a solidariedade que está vindo de todos os lados”, afirmou Bomfim.
Em nota, a Câmara dos Deputados afirmou que acompanhará e dará assistência ao deputado por todo o fim de semana, assim como já vem sendo feito nos últimos dias.
“A Câmara dos Deputados fornecerá todo o suporte de segurança e médico ao deputado Glauber Braga, inclusive no final de semana.”
Apoiadores e correligionários de Braga reclamam da ausência de solidariedade e apoio de outros líderes à decisão tomada pelo deputado.
“O Glauber disse mais cedo que ele vai ‘até essa injustiça acabar’ e eu não posso crer que os líderes da Câmara naturalizem que tem uma pessoa em greve de fome aqui dentro e não sentem para dialogar”, reclamou Sâmia.
A decisão final sobre a perda do mandato cabe ao plenário principal da Câmara, que pode aprovar ou rejeitar a recomendação feita pelo Conselho de Ética, quando aprovou o parecer pela cassação do deputado.
“Talvez as pessoas não saibam, mas o Código de Ética prevê diversos tipos de punição, desde uma censura verbal e o mais extremo, a cassação. Mas no meio disso tem suspensão de prerrogativa [parlamentar], tem suspensão por meses, e o relator não apresentou nenhuma justificativa técnica, nem politica, para ser essa punição máxima. É por isso que a gente afirma que se trata de uma perseguição”, ponderou Sâmia.
Ainda não há uma data para essa análise do caso pelo plenário, que será definida pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).
Motta tem sido cobrado por parlamentares apoiadores de Glauber, porque segundo eles desde a manhã de quarta-feira o presidente não atende as ligações.
“O presidente da Câmara que, infelizmente, desde a manhã de quarta-feira não responde a nenhum telefonema, nenhum chamado, nem da nossa líder, nem dos nossos deputados, nem do líder do PT, ninguém”, reclamou a deputada do PSOL.
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