‘Fraude’, dizem venezuelanos que moram em Minas Gerais sobre eleição 2024


Imigrantes que moram em Betim e Belo Horizonte não confiam no resultado da eleição, gerida pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que é controlado pelo regime de Nicolás Maduro. Manifestantes protestam com panelas em ato contra Nicolás Maduro na cidade de Valencia, na Venezuela, nesta segunda-feira (29)
Jacinto Oliveros/AP Photo
Refugiados venezuelanos que vivem em Minas Gerais contestaram o resultado das eleições em seu país de origem. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se declarou reeleito para mais um mandato. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) informou na madrugada desta segunda-feira (29) que, com 80% dos votos apurados, ele venceu as eleições realizadas no domingo (28).
O instalador de cabos de fibras ópticas e equipamentos de telecomunicações Abel Jose Martinez Ramos, que mora há cinco com a mulher e dois filhos em Betim, na Grande BH, vê o resultado como fraude.
“É fraude total. Totalmente fraude. É tristeza mesmo que nós sentimos”, disse ele.
Abel fez parte da “onda imigratória” de venezuelanos que aconteceu no Brasil entre 2019 e 2021. Neste período, quase 300 refugiados vieram para Belo Horizonte fugindo da miséria.
Mesmo insatisfeito com o resultado das urnas, ele falou que acredita que possa haver mudança, porque senão a pobreza vai continuar instalada no país.
“Acredito que tem que mudar, senão o povo vai seguir nas ruas”, disse ele. Protestos e panelaços aconteceram em vários pontos da Venezuela após o anúncio de Maduro.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou nesta terça-feira (30) não reconhecer o resultado das eleições anunciado pela Justiça Eleitoral venezuelana, que indica a vitória de Maduro.
Abel Jose Martinez Ramos, tem 35 anos e mora há cinco no Brasil
Abel Jose Martinez Ramos/Arquivo pessoal
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‘Manipulação’
A jornalista Yolis Lyon, que mora há 12 em Belo Horizonte , também acredita em fraude eleitoral.
“Depois do primeiro boletim oficial por parte do CNE, o povo venezuelano saiu de forma espontânea às ruas e avenidas das principais cidades a manifestar fraude, e começaram intensa discussão e controvérsia, com muitos questionando a legitimidade e transparência do processo eleitoral”, apontou.
Yolis falou ainda que muitos cidadãos venezuelanos expressaram desconfiança em relação ao resultado.
“Alegações de irregularidades e manipulação do processo eleitoral foram apontadas em várias regiões do país, gerando dúvidas sobre a lisura do pleito”, disse.
Para Yolis, o debate sobre a transparência e legitimidade da eleição continua sendo um tema central na agenda política venezuelana, refletindo divisões e desafios enfrentados pela sociedade venezuelana.
“O regime de Nicolás Maduro tem sido criticado por restringir a liberdade de expressão e de imprensa. Eu sou jornalista refugiada aqui no Brasil depois do assassinato de meu esposo e por sofrer ameaças de morte e violências físicas, além de reprimir protestos e opositores políticos”, desabafou.
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O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou no domingo, com apenas 80% das urnas apuradas, que Maduro venceu a eleição com 51% dos votos
A oposição, representada na disputa por Edmundo González, contestou os números
O resultado também foi questionado por autoridades de ao menos 15 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Argentina, Uruguai, Equador, Peru e Colômbia, além da União Europeia
Por outro lado, Rússia, China, Cuba, Honduras, Bolívia, Irã e Catar parabenizaram Maduro pela vitória
Depois que o CNE proclamou Maduro como vencedor da eleição, eleitores realizaram panelaços e manifestações na capital Caracas
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