Conectando sonhos, construindo cidades

Tenho o sonho de viver em uma cidade bela, acessível, sustentável e vibrante, onde cultura, diversidade e natureza se entrelaçam harmoniosamente. É um sonho compartilhado por muitos. O que nos diferencia, porém, é o caminho que escolhemos para alcançá-lo. Muitas vezes, seguimos direções opostas na tentativa de chegar ao mesmo destino. Em algum momento, precisaremos convergir.

Nossas cidades devem garantir uma vida digna para todos. Isso exige um sistema de transporte acessível, não poluente e que promova saúde, segurança e integração social. Para isso, precisamos reduzir a dependência dos automóveis e priorizar um ambiente urbano onde caminhar, pedalar e utilizar transporte público de qualidade sejam as opções mais naturais e vantajosas. Mas essa transição só será bem-sucedida se oferecermos infraestrutura com conforto, segurança e acessibilidade. Isso implica investir em ciclovias, calçadas e arborização urbana – uma infraestrutura verde essencial, especialmente diante das ondas de calor extremo que já enfrentamos. Além disso, é necessário reduzir a velocidade máxima dos carros em muitos trechos urbanos. Em contrapartida, é essencial oferecer um transporte coletivo de qualidade – acessível, pontual e seguro.

Expandir estacionamentos em áreas centrais ou cortar comunidades com avenidas e vias de alta velocidade, cada vez mais largas, significa insistir em um modelo comprovadamente falho e custoso. A experiência já demonstrou que incentivar o uso do carro, como solução individual, resulta apenas em mais congestionamento, poluição, insegurança e segregação social.

Em 2024, testemunhamos diversos projetos de reassentamento de pessoas afetadas por enchentes. Esse deveria ser um exemplo de planejamento urbano eficaz, mas em muitos casos, resultou no oposto. Embora algumas soluções tenham sido dignas e bem planejadas, outras simplesmente deslocaram famílias para regiões periféricas, afastadas do centro urbano, sem infraestrutura pública adequada, transporte eficiente, comércio ativo ou áreas verdes. Em vez de promover inclusão e qualidade de vida, essas decisões reforçaram a segregação e a exclusão social, desconectando essas pessoas da cidade à qual pertenciam.

Precisamos construir cidades inteligentes e sustentáveis, que promovam inclusão, equidade e bem-estar, onde a mobilidade eficiente e acessível permita que todos usufruam das oportunidades e dos serviços urbanos sem comprometer o meio ambiente ou a qualidade de vida. Caso contrário, nosso sonho coletivo de um meio urbano mais humano e próspero jamais se tornará realidade – com ou sem consenso.

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