A sociedade do domínio absoluto

A próxima segunda-feira marca os 80 anos da libertação do campo nazista de Auschwitz. No dia 27 de janeiro de 1945, tropas soviéticas entraram no complexo onde mais de 1 milhão de pessoas foram mortas, judeus em sua grande maioria. Por isso, a data é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Auschwitz/Birkenau foi a pior inovação trazida pela Segunda Guerra Mundial, ao lado da bomba atômica. O maior dos campos de concentração que operaram na Europa, aos milhares, entre 1933 e 1945. Tudo começou com Dachau, o modelo, instalado na Alemanha em 1933. Hitler assumiu o poder em janeiro daquele ano; o campo de prisioneiros de Dachau abriu as portas em março.

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Para lá foram enviados, num primeiro momento, comunistas, social-democratas e outros adversários políticos do nazismo. Depois ciganos, Testemunhas de Jeová, homossexuais e, claro, judeus. Mas a perseguição ao alvo preferencial do Reich ainda estava por começar.

Auschwitz, na Polônia, foi onde o caráter industrial do extermínio em massa chegou ao ápice. E onde teve início uma experiência peculiar: a criação de um novo tipo de organização social. A filósofa Hannah Arendt chamou a atenção para isso no livro Origens do totalitarismo, e outros autores reforçaram.

Regimes totalitários alimentam a perspectiva do poder total, do domínio absoluto. Sem contestação. Quem aspira a isso tem de liquidar toda espontaneidade, reduzir o ser humano às reações mais básicas, transformá-lo em marionete. “A sociedade dos que estão prestes a morrer, criada nos campos, é a única forma de sociedade em que é possível dominar o homem completamente”, escreve Hannah.

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Auschwitz também foi um lugar dedicado à escravatura, com mão de obra em substituição constante. E muitas empresas se beneficiaram desse trabalho cativo. Um escravismo mais violento do que os anteriores, porque baseado na disponibilidade absoluta da vida humana.

Se os nazistas tivessem vencido, os campos permaneceriam – porque “úteis”. Continuariam após a morte do último judeu, pois haveria outros inimigos para ocupá-los e cúmplices para justificá-los. Europeus ou não.

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