Benno Bernardo Kist: “um mutirão na escrita”

Já adiantando algo sobre a impressionante marca de 80 anos da nossa Gazeta do Sul, a que se chega nesta semana e onde tenho meio século de participação, como jornalista há mais tempo ligado ao jornal e seu grupo de comunicação, quero me deter em fato relacionado justamente ao colunismo de opinião que ora exerço neste espaço. Pois, já no meu primeiro ano na redação do jornal, em nove de agosto de 1975, foi criada página que reunia todos os redatores de então (seis) para comentários gerais sobre assuntos variados, em trabalho grupal, intitulado, por isso mesmo, de “Mutirão”, algo tão presente na vida dos imigrantes alemães que iniciaram de fato o povoamento da região.

A coluna nasceu naquele dia, um sábado, na primeira página do Caderno 2 da Gazeta, com apresentação, ou “certidão de nascimento”, redigida pelo então editor-chefe, o saudoso Guido Ernani Kuhn, que comparou a novidade e os protagonistas a um jogo de futebol e seus atletas. Já orientava, como técnico, o que pretendia: “Queremos um jogo alegre, descontraído, mas não vamos fugir da botina. Quero dizer, teremos açúcar e bastante molho, mas o sal e a pimenta também não faltarão, quando conveniente…”. E de fato, a inovação seguiu de forma geral nesta linha, tendo excelente receptividade.

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O time do Mutirão no jogo de estreia, conforme as palavras de Guido, ia “escalado com sua força máxima. Ernany Aloisio (Iser), homem afeito a grandes jogos, brincando de bola. Paulo Roberto (Treib), o repórter vigilante, dividindo a ala jovem com o Benno Bernardo Kist, o tremenda cuca que “roubou” o vestibular de Direito no início do ano. A dupla mais calejada é formada pelo Lúcio Michels (o homem do “Radar”, que é bacharel em Ciências Jurídicas) e pelo Carioca (que atende também pelo apelido de Paulo Fagundes, um sujeito vivido e diplomata por vocação). E, por último, Guido Ernani Kuhn, este humilde criado”, dizia.

Meu texto, ainda sem a descontração sugerida, tratava de assunto mais sério – “O rumo dos colonos”, em referência ao seu dia transcorrido um pouco antes, em 25 de julho, falando de sua realidade e expectativas, e reportando a imperiosidade de adotar novas tecnologias oferecidas, além de manter o “ímpeto glorioso mostrado pelos imigrantes para vencer os obstáculos”. A sobriedade revelada em vários outros textos levou inclusive muitos leitores a crerem que se tratava de um profissional mais velho, talvez até o já antigo vereador com a mesma denominação (apenas com a diferença do nome do meio, João), que inclusive vaticinou em encontro festivo (com foto em uma das colunas do Mutirão para tirar dúvida sobre quem era quem), de que eu seria o seu substituto na Câmara no futuro, o que de fato aconteceu.

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Este jovem de então, que já “brincara” muito com as palavras nos estudos em seminário, acabou seguindo o destino da escrita, sempre em integração com queridos e inspiradores colegas, a partir da grande figura de Francisco Frantz (fundador que permaneceu no jornal até sua despedida deste plano, sucedido pelo genro e administrador André Luís Jungblut).

E eis que ainda me encontro hoje nesta empresa e nesta atividade, não apenas com mais idade, porém mais experiente, e, melhor, fazendo o que gosto. A lamentar apenas a ausência de muitos que já se foram (do primeiro time do mutirão, só permaneço eu), e a louvar todos que tornaram possível construir, a partir dos leitores e no interior, um jornal octagenário de muita qualidade e resistência, com braços estendidos ao Brasil e exterior por meio da editora do grupo, onde atuo diretamente.

Por isso, só posso desejar: Vida longa a todos nós!

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