2.º Fliparacatu recebe exposição “Objetos de Fé Afro-Brasileiros”


Mostra traz oratórios do período colonial que revelam a sinergia entre o barroco e o devocionário dos negros; exposição fica em cartaz até 2/9, na Casa de Cultura de Paracatu A forte espiritualidade africana atravessou o Atlântico, com os negros traficados, e escalou as montanhas de Minas Gerais. O legado foi a construção de um sincretismo religioso que, desde o período colonial, se faz presente em objetos de fé que fundem evocações e crenças e buscam incorporar a alma africana. Na exposição “Objetos de Fé Afro-Brasileiros”, do Museu do Oratório, com curadoria de Angela Gutierrez, presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, oratórios em diversos formatos e materiais traduzem essa sinergia construída pelo encontro de culturas dos povos formadores do Brasil.
A mostra integra o 2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu – e fica disponível ao público até o dia 2 de setembro de 2024. A exposição conta com o patrocínio da Kinross via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), parceria com a Prefeitura de Paracatu e apoio da Fundação Municipal Casa de Cultura de Paracatu. Os mantenedores do Museu do Oratório são o Instituto Cultural Flávio Gutierrez e o Instituto Cultural Vale.
Oratórios de diferentes tamanhos, origens e configurações estão expostos na Fundação Casa de Cultura de Paracatu
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Para estrear a exposição, foi realizado um evento do Sempre um Papo no dia 18 de julho, mediado por Afonso Borges, presidente do projeto e também do Fliparacatu, com Angela Gutierrez, presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez e curadora da exposição. Um dos curadores do Fliparacatu, Tom Farias também integrou a roda de conversa.
Angela Gutierrez é formada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, com especialização em Marketing. É pesquisadora do Barroco brasileiro e colecionadora de arte sacra. Fundou em 1998 o Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG), sendo responsável pela criação e implantação do Museu do Oratório, em Ouro Preto (MG); do Museu de Sant’Ana, em Tiradentes (MG); e do Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte (MG). Foi Secretária de Cultura do Estado de Minas Gerais, membro do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e faz parte, desde os anos 2000, do Conselho Curador da Fundação Dom Cabral. Esteve à frente da coordenação editorial de livros e outras publicações sobre a Arte Brasileira e o Patrimônio Cultural.
Objetos de Fé Afro-Brasileiros
A exposição “Objetos de Fé Afro-Brasileiros”, do Museu do Oratório, traz peças que estiveram onipresentes no espaço colonial, nas casas, na algibeira, na mina e na senzala, fundindo fé e cultura. “Os oratórios de fatura afro-brasileira em exposição nesta mostra estão em seu estado original, tal como foram encontrados nas mais variadas situações. São instalações de diversos materiais que integram a fé e a arte, numa miscigenação do barroco com a alma africana”, afirma a curadora. Angela Gutierrez completa que estes objetos religiosos, construídos no início da formação da sociedade brasileira, são capazes de proporcionar uma reflexão sobre como as adversidades da história uniram povos e que a africanidade é parte indissociável da cultura brasileira. Produzidos nos mais diversos materiais e técnicas, os oratórios são originários de Minas Gerais e do Nordeste do Brasil, alguns com apenas 5 centímetros e outros que chegam a quase 2,5 metros de altura.
A exposição tem a presença de monitores para conduzir uma visita guiada educativa pela mostra em todos os dias, sendo das 9h às 13h nas segundas e quartas-feiras, das 13h às 17h às terças, quintas e sextas-feiras, e das 11h às 15h nos fins de semana.
Mostra integra o 2.º Fliparacatu e se encontra exposta ao público na Fundação Municipal Casa de Cultura de Paracatu
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O Museu do Oratório
As peças compõem o acervo permanente do Museu do Oratório, localizado na cidade de Ouro Preto-MG. Inaugurado em outubro de 1998, o Museu do Oratório apresenta uma coleção única em todo o mundo de 162 oratórios e 300 imagens do século XVII ao XX. As peças do acervo foram doadas ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan – por Angela Gutierrez e são genuinamente brasileiras, principalmente de Minas Gerais. O acervo oferece detalhes valiosos da arquitetura, pintura, do vestuário e dos costumes da época em que foram produzidos, permitindo uma verdadeira viagem antropológica pela história do Brasil.
O Museu do Oratório está instalado em um casarão histórico de três andares, onde, durante algum tempo, morou Aleijadinho (1738-1814), escultor barroco. Situado no adro da Igreja do Carmo, o prédio setecentista foi especialmente recuperado e equipado com modernos recursos tecnológicos para receber a coleção. O projeto museográfico é do francês Pierre Catel, que idealizou um cenário expressivo e acolhedor. O Museu do Oratório recebe anualmente mais de 50 mil visitantes.
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