OMS discute se mpox deve voltar a ser uma emergência sanitária global; entenda


Comitê de emergência deve decidir se o atual surto da doença na República Democrática do Congo representa uma emergência de saúde pública de importância internacional. Reunião ocorre pouco mais de um ano após a agência rebaixar o status da “varíola dos macacos”. Partículas do vírus da mpox vistas em microscópio eletrônico.
NIAID via AP, File
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quinta-feira (11) que a mpox não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). O mais alto título de alerta da organização havia sido declarado para o surto da “varíola dos macacos”, como era então conhecida a doença, no final de julho de 2022.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou um comitê de emergência para discutir se o atual surto de mpox na República Democrática do Congo (RDC) representa, mais uma vez, uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII).
O mais alto título de alerta da organização havia sido declarado para o surto da “varíola dos macacos”, como era então conhecida a doença, no final de julho de 2022. Somente em maio de 2023 que a organização decidiu rebaixar seu status, por causa da diminuição global do número de casos (como também aconteceu com a Covid).
Agora, de acordo com a entidade, a tendência é de justamente o contrário. A preocupação é com a propagação da mpox fora da República Democrática do Congo (RDC), país que vem registrando somente este ano quase 8 mil casos, incluindo 384 mortes.
O comitê é formado por especialistas internacionais que fornecem consultoria técnica e recomendações ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, para avaliar se o surto da doença configura o status. A decisão final é tomada por ele. A OMS NÃO informou quando a reunião será realizada.
A principal suspeita por trás desse aumento é a propagação de uma nova variante do vírus (conhecida como Clade Ib), que causa uma maior mortalidade, é mais fácil de transmitir e está circulando na África Central.
Isso explicaria, em tese, os números tão altos de mortes pela doença no país (384 este ano) e em quatro outros países da região (50) onde não haviam sido relatados casos anteriormente – Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.
A título de comparação, de 1º de janeiro de 2022 a 31 de março de 2024, foram notificadas em todo o mundo 185 mortes por mpox, um número bem abaixo do registrado esse ano somente na RDC.
O alerta da OMS é feito para desencadear uma resposta internacional coordenada e desbloquear financiamento para colaboração no compartilhamento de vacinas e tratamentos.
No Brasil, a vacinação contra a doença começou em março do ano passado para grupos específicos, como pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA), profissionais de laboratório que trabalham diretamente com Orthopoxvírus [a família do vírus da monkeypox] e pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas.
Desde setembro de 2023, porém, o número de casos no país estava em declínio considerável.
Em maio, quando os números de casos na África Central começaram chamar à atenção de autoridades de saúde, o Ministério da Saúde informou ao g1 que monitorava as informações sobre a doença compartilhadas pela OMS e por outras instituições como o Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, da África e da Europa.
Na época, a pasta chegou a ressaltar, em nota, que o evento apresentava risco baixo, restrito ao país afetado.
“O Ministério da Saúde continuará analisando as informações sobre o tema em nível internacional, para subsidiar as recomendações e ações necessárias no território brasileiro. Caso novas evidências demonstrem, no futuro, a necessidade de alterações de planejamento, as ações necessárias serão adotadas e divulgadas oportunamente pelo Ministério da Saúde”, dizia o texto.
Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS.
DENIS BALIBOUSE / REUTERS
Demora na aplicação da vacina
Em 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a liberação do uso da vacina contra a monkeypox, chamada de Jynneos/Imvanex.
A medida tinha validade de seis meses, mas quando o prazo esgotou em fevereiro, a pedido do ministério, a agência prorrogou a dispensa de registro para que a pasta importasse e utilizasse no Brasil o imunizante, que é fabricado pela empresa Bavarian Nordic A/S.
Isso porque as doses já tinham sido adquiridas por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e importados pelo governo federal, um número aproximado de 49 mil. Apesar disso, as vacinas, que possuem prazo de até 60 meses de validade, só foram utilizadas no ano passado, 6 meses após a aprovação do imunizante.
Relembre 5 pontos sobre a mpox, em vídeo que o g1 fez em maio de 2022, quando a doença ainda era chamada de ‘varíola dos macacos’.
Mpoxs: veja 5 pontos sobre a doença
Mudança de nome
A mpox era chamada de varíola dos macacos porque foi identificada pela primeira vez em colônias de macacos, em 1958. Só foi detectada em humanos em 1970.
Entretanto, o surto mundial de 2022 não tem relação nenhuma com os primatas – todas as transmissões identificadas foram atribuídas à contaminação por transmissão entre pessoas.
Por causa disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um processo de consulta pública para encontrar um novo nome para a doença e assim combater o racismo e estigma provocado pelo nome.
Durante o processo, foram ouvidos vários órgãos consultivos até chegar no termo “mpox” (do inglês, “monkeypox”).
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