
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet), por meio da regional de Gurupi, formalizou uma denúncia pública contra a diretora Maricélia Lopes da Silva, gestora do Colégio Estadual João Tavares Martins, em Araguaçu. A entidade aponta uma série de condutas graves que, segundo afirma, caracterizam assédio moral institucional, coação, perseguição profissional e abuso de autoridade dentro da unidade escolar.
De acordo com o sindicato, os relatos de práticas abusivas são registrados desde 2019, quando Maricélia assumiu a direção da escola. “As denúncias aumentaram com a chegada de professores efetivos em 2024, que passaram a se sentir mais seguros para denunciar. Mas os relatos de autoritarismo e desrespeito já vinham sendo feitos por servidores anteriores”, afirmou Gabriela Zanina, presidente do Sintet Regional de Gurupi.
“Ambiente tóxico, de medo e adoecimento”, diz Sintet
O Sintet relata que os trabalhadores enfrentam um ambiente hostil, com gritos, humilhações públicas e decisões unilaterais, sem qualquer diálogo com a equipe pedagógica. “Ela conduz a escola de forma centralizadora e autoritária. Uma das frases mais chocantes atribuídas a ela foi: ‘Professor não tem que dar opinião em nada, tem que fazer o que eu decido e pronto’. Isso é inadmissível”, destacou Zanina.
Segundo o sindicato, pelo menos três servidores estão sob acompanhamento psiquiátrico e psicológico, e há registros de afastamento por depressão relacionados ao ambiente escolar. “Os professores estão sendo punidos injustamente, pressionados com relatórios e prazos abusivos. É uma gestão pelo medo, não pelo diálogo”, diz a entidade.
O Sintet também denuncia que a diretora teria interferido em avaliações de estágio probatório, pressionando bancas para rebaixar notas de docentes críticos à sua gestão. “Enquanto isso, servidores aliados são beneficiados com notas máximas, mesmo tendo faltas injustificadas. Isso fere qualquer princípio de justiça e meritocracia no serviço público”, afirma.
Entre os relatos recebidos pelo sindicato está o de uma professora que denuncia ter sido acusada de uso de substâncias psicoativas, sem qualquer prova, e avaliada de forma rebaixada por discordar da direção. “Isso é uma violência simbólica e institucional que não pode ser normalizada”, diz o Sintet.
Diretora é acusada de perseguição e uso político do cargo
Conforme a denúncia, há ainda perseguição a profissionais específicos, como coordenadores pedagógicos e professores que buscaram apoio jurídico ou sindical. “Há relatos de gritos, relatórios injustificados e exposições vexatórias. Inclusive, pais e alunos presenciaram situações constrangedoras”, afirma o sindicato.
O Sintet também denuncia que a diretora faz uso político do cargo, alegando ter influência na Superintendência Regional de Ensino (SRE) e na Ouvidoria, como forma de desmotivar denúncias e intimidar os trabalhadores.
“Ela tenta descobrir quem a denunciou, cobra relatórios com prazos impossíveis e promove humilhações públicas, como no caso de uma coordenadora que foi exposta na frente de todos durante uma formação pedagógica”, afirma Gabriela Zanina.
Outro professor relatou ao sindicato que teve seu ponto cortado indevidamente após ausência justificada por convocação do Ministério Público, e foi classificado como “questionador” na avaliação. “Esse tipo de avaliação punitiva não pode ser tolerado em uma escola pública. O objetivo é silenciar e afastar quem pensa diferente”, denuncia o Sintet.
Sintet cobra afastamento e investigação urgente
Diante da gravidade das acusações, o Sintet exige o afastamento imediato da diretora Maricélia Lopes da Silva, além da abertura de sindicância e processo administrativo disciplinar.
“Queremos que a SEDUC trate esse caso com seriedade. Não dá mais para fechar os olhos. A escola precisa ser um ambiente de acolhimento e respeito, não um lugar de adoecimento e medo”, reforça a presidente da regional.
O sindicato também solicitou garantia de sigilo aos denunciantes e testemunhas, para evitar retaliações. As denúncias foram encaminhadas à Ouvidoria do Estado do Tocantins e estão sendo acompanhadas por representantes sindicais.
“Precisamos de apoio do Ministério Público, da imprensa e da Secretaria da Educação. Nossos professores e servidores não aguentam mais. Não vamos aceitar que a situação continue sendo ignorada”, conclui Zanina.
O que diz a SEDUC
Em nota à Gazeta, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que tomou conhecimento das denúncias por meio da Ouvidoria e que um processo investigativo administrativo já está em andamento.
A pasta informou ainda que, caso as denúncias sejam confirmadas, o processo será encaminhado à Controladoria-Geral do Estado (CGE) para as providências legais cabíveis.
A Seduc declarou que não admite condutas que violem os princípios da ética e da boa gestão pública, e destacou que realiza formações específicas para diretores e equipes gestoras, com foco em liderança, mediação de conflitos e administração escolar.