Inconsistências em pagamentos viram alvo de sindicância no Igeprev; órgão diz que nenhum servidor foi prejudicado

Sede do Instituto de Gestão Previdência do Tocantins em Palmas – Foto: Igeprev/Governo do Tocantins

O Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Tocantins (IGEPREV-TO) está sob investigação após denúncias apontarem pagamentos indevidos a aposentados e pensionistas do regime próprio do Estado. Segundo documentos enviados à Controladoria-Geral do Estado (CGE-TO), Tribunal de Contas do Estado (TCE-TO) e Ministério Público do Tocantins (MPTO), houve pagamentos duplicados, triplicados e até quadruplicados de valores retroativos, que podem ter causado um prejuízo milionário aos cofres públicos.

As irregularidades teriam ocorrido na rubrica “Diferença de Proventos – RRA”, que trata de parcelas retroativas de benefícios. A falha teria permitido o pagamento repetido dos mesmos valores a beneficiários específicos em diferentes meses, por causa de erros operacionais e republicações indevidas de portarias no Diário Oficial do Estado.

Casos que chamaram atenção

Dois exemplos citados nas denúncias ilustram a gravidade:

  • A beneficiária L. R. T. N. F. teria recebido R$ 220.185,04 em quatro parcelas duplicadas, cada uma de R$ 55.046,26, entre outubro de 2024 e janeiro de 2025.
  • Já L. F. R. S. teria recebido a mais R$ 48.700,18, em duplicidade, no mês de maio de 2024.

Auditoria especial instaurada

A CGE abriu uma auditoria especial para revisar as folhas de pagamento dos últimos cinco anos. Três portarias oficiais formalizam a apuração:

  • Portaria nº 100/2024 (junho/24): Início da Auditoria de Conformidade.
  • Portaria nº 22/2025 (abril/25): Incorporação de novas denúncias da plataforma Fala.BR.
  • Portaria nº 37/2025 (maio/25): Estabelece a auditoria abrangente com prazo de 90 dias para conclusão.

As primeiras reclamações partiram de beneficiários em janeiro de 2023, indicando inconsistências nos valores recebidos.

Mudança na presidência

Com o avanço das investigações, Sharlles Fernando Bezerra Lima, até então presidente do IGEPREV, pediu exoneração do cargo, oficializada no Diário Oficial do Estado em 20 de maio de 2025. A gestão interina do órgão foi assumida por Iramara Galvão Sales, diretora de Proteção Social dos Militares.

O que diz o IGEPREV

Em nota enviada à Gazeta, o IGEPREV confirmou a ocorrência de falhas operacionais no sistema de pagamento e afirmou que inconsistências afetaram cerca de 20 beneficiários — o que representa aproximadamente 0,18% do total de aposentados e pensionistas do Estado.

O órgão explicou que duas sindicâncias foram instauradas e que colabora com a auditoria da CGE, que também apura diferenças no 13º salário, pagamentos acima do teto constitucional e duplicidades em acordos judiciais.

Ainda de acordo com a nota:

  • Parte dos valores já foi devolvida voluntariamente pelos beneficiários;
  • Outros casos estão em fase de notificação para devolução integral ou parcelada;
  • Nenhum aposentado ou pensionista teve os pagamentos regulares prejudicados.

O Instituto conclui reafirmando o compromisso com a transparência, o equilíbrio previdenciário e a legalidade.

Próximos passos

A expectativa é que, ao final dos 90 dias da auditoria da CGE, seja publicado um relatório apontando:

  • A dimensão total do dano financeiro;
  • O número exato de beneficiários impactados;
  • Os responsáveis diretos ou indiretos;
  • E as medidas corretivas e punições cabíveis.

Leia a nota do Igeprev na íntegra

O Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev) informa que foram identificadas pelo setor de controle do órgão, inconsistências em pagamentos a cerca de 20 beneficiários do regime de previdência estadual, decorrentes de falhas operacionais no sistema de gestão de pagamento dos mais de 12 mil aposentados e pensionistas, o que representa cerca de 0,18% do total de beneficiários.

Em resposta, o Igreprev instaurou duas sindicâncias e colabora ativamente com a auditoria conduzida pela Controladoria-Geral do Estado (CGE), que apura diferenças no 13º salário, pagamentos acima do teto constitucional e eventuais duplicidades em acordos judiciais.

Parte da situação já foi regularizada, com devoluções voluntárias realizadas pelos beneficiários identificados. Outros casos estão em análise, e os servidores que receberam valores indevidos estão sendo formalmente notificados para realizar a devolução dos recursos, seja de forma integral (à vista) ou parcelada, conforme os procedimentos administrativos.

O órgão ressalta que nenhum servidor aposentado ou pensionista foi prejudicado em seus pagamentos regulares. As medidas adotadas têm como foco a correção dos pagamentos pontuais e a proteção do equilíbrio previdenciário.

Por fim, o Igeprev reafirma seu compromisso com a transparência, o equilíbrio previdenciário e o cumprimento rigoroso da legalidade.

Palmas, 21 de maio de 2025

Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (IGEPREV)

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