Teste jet Ventura Orca Performance: emoção 10, emissão zero

Projetado para levar o condutor e mais um passageiro, o primeiro jet 100% elétrico do mundo tem linhas harmônicas, agradáveis aos olhos. Seu banco curvo, bem lançado, não faria feio em uma exposição de esculturas modernas. Esse é o Ventura Orca by Taiga, jet avaliado neste Teste Náutica.

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E como essa máquina surgiu? A Taiga Motors, fabricante de snowmobile elétricos em Quebec, no Canadá, partiu para a construção de jets movidos a energia limpa, aproveitando o conhecimento que tem no tema. O resultado chegou em 2022, com o lançamento de duas motos aquáticas, a Orca Carbon, com casco 100% em fibra de carbono, e o Orca Performance, com casco convencional de fibra.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Este segundo modelo veio para o Brasil, em 2024, agora rebatizado de Ventura Orca by Taiga, devido a uma parceria entre o fabricante canadense e a Ventura, que o distribui também na Argentina, Chile e Paraguai. Para melhorar ainda mais a receita, o preço aqui equivale ao lá de fora.

 

 

Disponível nas cores preta, branca, azul e verde, o jet Ventura Orca foi testado por NÁUTICA durante o Brasília Boat Show 2024, nas águas do Lago Paranoá.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

O jet tem motor de 120 kW (cerca de 161 hp) e torque de 170 Nm (força equivalente a de um jet a combustão de 230 hp, segundo a Ventura). A bateria de íon de lítio tem autonomia para até duas horas de uso, segundo o fabricante, que a projetou para suportar alta umidade e batidas constantes contra as ondas dentro de uma unidade selada (que, por sua vez, está em um casco selado).

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A promessa é de emissão zero, por conta do sistema de propulsão elétrico fechado. Como não requer combustível fóssil e nenhum outro tipo de óleo, a água fica limpa e o ambiente livre de qualquer impacto negativo.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Com 2,9 m de comprimento, seu casco é maior que um Sea-Doo Spark, mas menor que um Yamaha VX Cruiser. Seu peso (340 kg) o coloca próximo ao do Sea Doo GTI SE 170 (335 kg).

Navegação do jet Ventura Orca Performance

O Ventura Orca Performance vem com trim com sete níveis de regulagem, o que é bom para ajustar o ângulo do casco em relação às ondas). Seu compartimento na proa tem capacidade de 33,5 litros — que é um bom volume — e atrás do guidão, há um porta-treco, ao lado da tomada para carregar a bateria.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A bateria, por sua vez, tem três tipos de carga, chamados de nível 1, 2 e 3. No primeiro, pode ser usada uma tomada comum (127 volts ou 220 volts) e o tempo de recarga pode chegar a sete horas.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

No nível 2, com 220 volts e carregador de carro padrão JJ1772, o tempo cai pela metade: 3 horas e meia. Já no nível 3, que usa corrente contínua, o tempo para carregar 80% da bateria se reduz a apenas 45 minutos.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

No painel do jet há uma tecla para regular o nível de entrega da potência do motor, também em três níveis. No primeiro, chamado de range, o jet fica bem suave, ideal para prolongar a vida da bateria ou para pilotos iniciantes. O segundo é o modo sport, em que o jet fica bem esperto. Mas, para extrair toda potência do motor elétrico deve acionar o modo wild (do inglês “selvagem”), que promove aceleração fortíssima.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A entrega de torque de um motor elétrico é praticamente instantânea, diferentemente de um motor a combustão. Nisso, o Ventura Orca realmente faz jus ao termo Performance que leva em seu nome. Claro que, neste caso, a autonomia não será de duas horas.

 

Navegando nas águas limpas do Lago Paranoá em Brasília, em um dia de ventos na casa dos 10 nós (18 km/h) que geraram pequenas ondas na superfície, não foi possível explorar ao máximo a força do motor. A superfície irregular da água permitiu acelerar até os 92 km/h, embora ainda houvesse curso no acelerador.

 

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Para explorar ao máximo os 120 kW (161 hp) de potência e os 170 Nm de torque é preciso que a superfície da água esteja muito lisa, pois esse jet é muito rápido. Segundo o fabricante, a velocidade máxima é de 100 km/h (54 nós ou 62 mph). Pelo que vimos nas águas do Paranoá, não há por que duvidar dessa estimativa.

 

Além da performance em linha reta, também gostamos muito da agilidade e da estabilidade do Ventura Orca Performance. A posição das baterias, colocadas o mais baixo possível, colabora muito para isso, assim como o desenho do casco, criado pela engenharia da Taiga Motors.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Fizemos curvas mais radicais, de 180 graus (praticamente um cavalo de pau) sem nenhum susto; mas, claro, dosando a força do motor. A posição de pilotagem agrada, com banco anatômico e guidão na posição correta.

 

O grande espaço do convés na popa facilita o embarque e é outro destaque. Contudo, o estaleiro poderia prolongar um pouco mais o casco e o convés, evitando que a extremidade da propulsão hidrojato pudesse encostar no píer durante as atracações de popa.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Sentimos também a falta de um sistema de freio, recurso comum nos jets da Sea-Doo e Yamaha. Embora o Ventura Orca Performance tenha marcha a ré, que faz o motor girar ao contrário ajudando a se livrar de detritos, este recurso não é eficiente quando se trata de diminuir a velocidade rapidamente.

 

O Ventura Orca Performance possui conexão própria com internet, sem uso de chip. Ou seja, o jet pode ser rastreado e as atualizações, se existirem, também são feitas pela rede. Além disso, alguns serviços podem ser feitos por meio de uma simples atualização de software.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

A garantia dessa máquina aquática silenciosa e com nível zero de emissão de poluentes é de três anos, segundo a Ventura, e de cinco anos para as baterias.

Preço e custos do jet Ventura Orca Performance

Na faixa dos R$ 150 mil, o preço está longe de ser acessível e equivale ao de jets a combustão maiores e mais esportivos. Porém, oferece muitas vantagens, como motor e baterias totalmente lacrados.

 

No entanto, esse jet não precisa ser adoçado nem revisado a cada seis meses, como os jets tradicionais: basta jogar água doce no sistema de propulsão e no casco depois do uso no mar.

Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Para carregar o Ventura Orca Performance, o preço é bem menor do que o para encher os 70 litros de gasolina do tanque de um jet de porte médio ou grande. Manutenção periódica a cada seis meses? Também não existe. A autonomia é limitada? Sim, mas se o piloto dosar o acelerador e usar a energia do gerador do barco, dá para usufruir o jet por um bom tempo.

 

Certamente, o primeiro jet elétrico do mundo vai abrir caminho para outras motos aquáticas alimentadas por baterias de íon de lítio ou outro composto mais avançado. Afinal, as pesquisas na área de materiais com alta densidade energética e rapidez no carregamento estão acontecendo muito rápido.

Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica
Jet elétrico Ventura Orca. Foto: Victor Santos / Revista Náutica

Em 2022, ano de seu lançamento, o jet foi premiado pela Time Magazine, dos Estados Unidos, como uma das melhores invenções do ano, na categoria Outdoors. Também foi vencedora dos prêmios Fast Company 2022 World Changing Ideas Award e 2022 Best of What’s New Award, da Popular Science. Em matéria de bom início, nada melhor.

Saiba tudo sobre o jet Ventura Orca Performance

Pontos altos

  • Velocidade e aceleração
  • Agilidade, silêncio e poluição zero
  • Recarga barata e baixo nível de manutenção

Pontos baixos

  • Não tem sistema de freio
  • Falta proteção para a propulsão hidrojato
  • Preço relativamente alto

 

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