Cachorros que demonstram afeto por uma pessoa específica da casa não estão apenas reagindo ao carinho momentâneo. Há elementos fisiológicos e comportamentais que explicam essa predileção, apontados por estudos científicos. Em ambientes familiares, é comum que um único tutor se torne a figura de maior referência para o animal, com base em rotinas de cuidado e interações afetivas regulares.
Pontos Principais:
- A preferência canina por um tutor específico é influenciada por rotina e hormônios.
- Ocitocina é liberada em interações afetivas, fortalecendo o vínculo entre cão e humano.
- Atitudes como seguir pela casa, contato visual e olhos marejados revelam apego emocional.
- Mudanças na rotina familiar podem alterar essa preferência ao longo do tempo.
A preferência canina envolve fatores como a liberação de ocitocina, hormônio associado a vínculos sociais, que ocorre em situações como o toque, o olhar prolongado e a presença constante. Essa substância reforça o elo emocional e está relacionada à sensação de segurança e familiaridade. Quando o cão percebe consistência nessas experiências, tende a estabelecer um padrão de apego direcionado.

A ciência também mostra que o comportamento do tutor influencia diretamente na percepção do animal. Alimentar, levar para passear, limpar e dar atenção médica tornam o tutor uma figura associada ao bem-estar. Com o tempo, esse papel vai além da função prática e se transforma em um ponto de referência emocional, mesmo sem o tutor perceber.
Fatores hormonais e comportamento
A liberação de ocitocina em interações positivas não é exclusiva dos humanos. Em cães, esse processo também desencadeia respostas de relaxamento e apego. Um estudo publicado em 2016 identificou aumento significativo do hormônio quando o animal recebia atenção e estímulos afetivos do tutor. Esse comportamento se mantém mesmo em lares com múltiplas pessoas, reforçando que o fator determinante não é a quantidade de interações, mas sua qualidade.
Ao contrário do que se imagina, essa preferência não está atrelada à idade do cão ou ao tempo de convivência. O vínculo pode ser moldado rapidamente, desde que haja consistência emocional e rotinas claras de cuidado. Além disso, o próprio cão colabora para fortalecer a relação, adotando comportamentos como manter contato visual frequente, dormir próximo e acompanhar a pessoa preferida por toda a casa.
Outro indicativo está na resposta física ao reencontro com o tutor. Um estudo recente demonstrou que os cães produzem mais lágrimas nessas situações, mesmo que não escorram como nos humanos. O aumento da umidade ocular é interpretado como uma expressão emocional e serve como estímulo para o cuidado por parte do humano, funcionando como uma ponte entre comunicação e afeto.
Relação prática e sinais sutis
A construção dessa preferência passa também pelo cotidiano. O tutor que alimenta regularmente, oferece passeios e responde aos sinais do animal em momentos de desconforto, como medo ou doença, se torna um pilar de previsibilidade. Essa previsibilidade é um fator crucial na rotina canina, já que os cães são extremamente sensíveis à repetição de comportamentos e horários.
Além das tarefas básicas, a forma como o tutor responde ao cão também conta. Reações calmas, comandos firmes e presença constante ajudam a moldar a percepção de que aquela pessoa é segura. Com o tempo, o animal passa a antecipar atitudes, ajustando seu próprio comportamento para manter proximidade. Isso se reflete em gestos simples, como buscar o tutor para brincar ou ficar deitado aos seus pés.
Do ponto de vista comportamental, essa relação se reflete em atitudes como marcar com o cheiro partes do corpo do tutor, manter-se sempre por perto e reagir com entusiasmo à chegada da pessoa. Tais sinais, embora sutis, apontam para um grau elevado de conexão, que vai além da dependência funcional e indica uma escolha baseada em experiências vividas.
Impactos e adaptação ao longo do tempo
Mesmo com vínculos bem estabelecidos, o cão pode modificar sua preferência diante de mudanças na dinâmica familiar. Ausências prolongadas, novos hábitos ou alterações no papel de cada membro da casa podem levar o animal a redirecionar sua atenção. Isso não significa perda de afeto, mas uma reorganização do que ele entende como sua base segura.
O comportamento adaptativo dos cães permite que esse vínculo seja reconfigurado. Em contextos onde o tutor principal se afasta, é comum que o animal transfira seus sinais de apego a outra pessoa que passe a cumprir a função de cuidador. Essa transição tende a ser mais rápida quando há continuidade de rotina e resposta emocional semelhante.
Por fim, é importante reconhecer que, mesmo com preferência clara, os cães são capazes de manter laços com mais de um membro da casa. A escolha de um tutor preferido não exclui o afeto pelos demais. Essa diferenciação é apenas uma resposta à forma como os vínculos se consolidam em termos emocionais, comportamentais e práticos ao longo do tempo.
Fonte: Uol.
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