Mais de 8 mil armas: navio naufragado há quase 500 anos entra para o Guinness Book

Alerta de recorde: quatro décadas após sua recuperação, o navio Mary Rose, que pertenceu ao rei Henrique VIII, entrou oficialmente para o Guinness World Records como a fonte do maior conjunto de armamentos medievais já resgatados de um naufrágio. No total, mais de 8 mil armas foram recuperadas dos escombros do barco.

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Naufragada em 1545, a embarcação ficou no estreito de Solent, no Reino Unido. Ela foi redescoberta em 1971 e logo depois, em 1982, a autoridade Mary Rose Trust içou o seu casco para realizar mais exames nas ruínas. De lá para cá, mais de 8.300 armas, munições e artefatos foram encontrados em ótimo estado de conservação.

Armamento medieval encontrado no naufrágio do Mary Rose. Foto: Wikimedia Commons/ Creative Commons/ Reprodução

O navio já recebeu mais de 28 mil mergulhos, que renderam descobertas como: uma espada completa com cabo de cesto; 5 coronhas de pistola; 8 escudos de canhão; 10 canhões de bronze; 172 arcos longos; 3.899 flechas e milhares de outros armamentos medievais.

Canhão medieval encontrado no Mary Rose. Foto: Hufton + Crow/ Reprodução

O barco levou consigo tantas coisas, que os armamentos medievais representam apenas uma parte dos mais de 19 mil achados arqueológicos recuperados do Mary Rose até hoje. Há ainda roupas, itens religiosos, canecas, jogos, ferramentas (de carpintaria, cirúrgicas e navegação) e até instrumentos musicais.

Ossos de humanos e de animais também foram identificados no barco. Perto de uma escotilha, por exemplo, foi encontrado um esqueleto completo de um cachorro da raça Whippet terrier — que provavelmente tinha a missão de caçar ratos a bordo.

O que mais foi descoberto?

Por incrível que pareça, o estado de preservação dos artefatos estava excelente. Isso se dá pelo ambiente escuro, lodoso e pobre em oxigênio do estreito de Solent, que retardou a decomposição.

Mary Rose, no Museu Mary Rose. Foto: Wikimedia Commons/ Creative Commons/ Reprodução

O estudo contínuo da região identificou tripulantes — com base em roupas e no DNA — e reconstruiu virtualmente os rostos deles. A equipe segue no processo de localizar parentes vivos das vítimas para devolver os corpos aos devidos locais de descanso.

Foto: Wikimedia Commons/ Creative Commons/ Reprodução

O estudo de moedas e cerâmicas recuperadas do barco ajudou os pesquisadores a determinar a configuração do navio. Já as vestimentas auxiliaram na definição de posição social, empregos e passatempos dos tripulantes à época — nos períodos Tudor e Medieval.

Foto: Mary Rose Trust/ Divulgação

Descobrimos artefatos que claramente não foram fabricados na Inglaterra, o que indica a presença de tripulantes estrangeiros a bordo– disse Alexzandra Hildred, do Mary Rose Trust, à BBC

Caiu sem atirar

Pertencente ao rei da Henrique VII, da Inglaterra, o Mary Rose foi um dos primeiros navios de guerra comissionados pelo reinado, servindo por 32 anos. O nome do barco carrega duas homenagens: uma à figura religiosa da Virgem Maria e outra aos símbolos heráldicos do rei e de sua primeira esposa, Catarina de Aragão, representados por uma rosa e uma romã.

Foto: Mary Rose Trust/ Divulgação

No ano de 1542, o rei enfrentava sua última guerra com a França. Como combatente, o Mary Rose foi enviado ao sul para repelir a chegada da marinha inimiga, mas numa batalha desigual — 80 navios ingleses contra 200 franceses — o infame duelo aconteceu nos arredores do Porto de Portsmouth.

Foto: Mary Rose Trust/ Divulgação

O Mary Rose, porém, não chegou a participar, de fato, do conflito. Antes que conseguisse disparar um tiro, o barco repleto de armamentos medievais foi surpreendido por uma rajada de vento, que o desequilibrou e afundou rapidamente. Segundo registros, apenas cerca de 25 a 30 tripulantes sobreviveram.

 

Há teorias que apontam erro humano, sobrepeso, mau tempo e até mesmo uma sabotagem dos franceses como motivo do naufrágio. Considerando análises modernas e relatos da época, o mais provável é que houve uma infeliz combinação de manobra equivocada e ventos adversos.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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