
A loucura dos compromissos diários pode ser uma armadilha para quem faz da velocidade a ferramenta para cumprir seus horários e metas
A correria do dia a dia, seja de quem faz entregas ou de quem “apenas” quer chegar ao destino no horário, faz com que as pessoas abusem da velocidade no trânsito, por isso, a cada dia que passa, parece que as pessoas andam mais rápido pelas ruas e avenidas das cidades brasileiras. Com os motociclistas não é diferente, e, como andam entre os carros, o risco é ainda maior.
Geralmente quem anda em alta velocidade acha que tem tudo sob controle porque julga que pilota bem e é experiente, mas inevitavelmente não conta com o fator surpresa, que ocorre com frequência no trânsito.

Tecnologia a favor da segurança
Será que, com a quantidade de tecnologia embarcada nas motocicletas atuais, as pessoas passaram a pensar que a moto vai fazer tudo por elas? Freios combinados, ABS, ABS de curva, controle de tração, radar on board que reduz a velocidade e freia a moto sozinho, emite sinais para frenagem bruscas, enfim, até moto que se equilibra sozinha já é realidade. Até onde essa tecnologia que foi feita para ajudar, pode de faor ajudar?
É fácil ver muitos motociclista que não sabem frear, que não têm sensibilidade no acelerador, nem habilidades sobre a moto, sem falar do fator físico para pilotar certos modelos. Muitos rodam por aí relatando situações de risco facilmente evitáveis apenas com a prudência ao pilotar.
SIM À MOTOCICLETA: Por uma convivência saudável

Sim à Motocicleta: O que os números dizem
No ano de 2024, segundo o Ministério da Saúde, foram mais de 300 mil atendimentos na rede pública. No Rio de Janeiro, por exemplo, os atendimentos ambulatoriais, que foram 2.600 em 2023, saltaram para mais de 12.000 até novembro de 2024.
O aumento no número de internações por acidente também causou impacto nos insumos hospitalares, já que, em alguns casos, recursos importantes como o banco de sangue foram esgotados, afetando outras pessoas que precisam dele por motivos de doença.
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Velocidade exagerada
A velocidade incompatível com as vias, e, muitas vezes, com a motocicleta, é visível a todos e praticada por muitos, inclusive veículos de quatro rodas. Mas as motos chamam a atenção, pois, diferentemente dos demais, a pressa em chegar ao destino, seja para deixar mais uma entrega, seja para cumprir horário, impulsiona o excesso de velocidade veículos, que podem estar parados no trânsito, elas assustam passando velozmente entre os carros.

Essa conduta irresponsável não dá margem a imprevistos, assim, desvios ou frenagens de emergência podem não funcionar, e o acidente é praticamente certo. A velocidade é um agravante nas consequências para o condutor da motocicleta, que inclusive muitas vezes anda mal equipado.
Sim à Motocicleta: A responsabilidade é de todos
Por mais tecnológicas que as motocicletas sejam, a “pecinha” fundamental no guidão é quem a comanda. De nada vale toda a tecnologia que as motos oferecem e não saber utilizá-la em seu favor ou ter atitudes irresponsáveis. Muitas vezes o motociclista não é capacitado nem tem conhecimento prático ou habilidade para usar tudo que hoje as motos oferecem para a segurança.
O descolamento da realidade de alguns é percebido quando você ouve um motociclista falar que roda a 160 km/h e parece que está a 100 km/h, uma percepção que as motos grandes causam, pois estão muito confortáveis e silenciosas. O problema chega quando é preciso fazer uma frenagem de emergência a essa velocidade, mas provavelmente alguns motociclistas farão a frenagem como se estivessem a 100 km/h. O resultado disso é previsível.
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É preciso desacelerar
A rotina com a motocicleta, sem cometer excessos, já é mais rápida do que qualquer meio de transporte. Muitos motociclistas, profissionais do delivery ou não, talvez inconscientemente, exageram na velocidade para ganhar míseros minutos, assumindo riscos desnecessários. É preciso ir mais devagar no trânsito e na vida.

Conta de padeiro
Um veículo a 50 km/h percorre exatamente 13,9 metros em apenas um segundo. Imagine agora ter que fazer uma frenagem de emergência a essa velocidade. O tempo de reação médio para frenagens de emergência é de 1 a 1,5 segundo, segundo estudos da Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário (NHTSA), agência do governo federal dos EUA.
Então, na melhor das hipóteses, um motociclista atento, com os reflexos em dia e hábil, percorrerá quase 14 metros até iniciar a frenagem. Dependendo da motocicleta, pode percorrer a mesma distância até parar completamente. Só para comparar, a 120 km/h percorrem-se 33,3 metros em um segundo. Some a eles a distância percorrida até acionar os freios e o espaço necessário para parar a moto, e o cenário fica bem desfavorável se o motociclista não estiver atento e com a vista lá na frente, em pilotagem preventiva. O sistema ABS pode ajudar, é claro, mas não vai salvar se não tiver espaço para atuar.
Sugerimos você fazer um teste em ambiente controlado para sentir como é ter que parar a moto rapidamente. Mesmo com toda a tecnologia embarcada nas motos, quando você fizer esse teste vai se surpreender!
O ser humano precisa desacelerar. Os veículos são conduzidos e só recebem o comando para acelerar e frear de quem está ao guidão ou volante, por isso é injusto colocar a conta dos acidentes na motocicleta, pois exatamente como os carros e seus acidentes, eles são causados por nós, humanos.
Sim à Motocicleta: O que pode ser feito?
Já é sabido que, infelizmente, a “responsabilidade” aparece quando atinge o bolso, nesse quesito talvez as regras devessem ser mais rígidas, com valores e penas mais pesados. O motociclista é uma das partes mais vulneráveis no trânsito e, mesmo assim, isso parece não ser suficiente para a mudança de conduta.
A campanha Maio Amarelo, no mês destinado à segurança no trânsito, terá varias ações voltadas para as motocicletas, e o tema é “Desacelere, seu bem maior é a vida”.
A ideia é conscientizar os motociclistas de que sua segurança depende deles mesmos, pois, mesmo com a implantação da Faixa Azul, um espaço compartilhado que foi criado para aumentar a segurança dos motociclistas, eles têm na negligência com a velocidade seu calcanhar de aquiles, aumentando o risco de acidentes.
Outro ponto importante a se destacar nesse ritmo desenfreado do trânsito é o desgaste da motocicleta que acontece na mesma velocidade da tocada do piloto. Troca de óleo precoce, redução da vida do motor, desgaste acelerado dos freios e pneus são alguns exemplos que, pesados na balança, demonstram que o que se ganha em tempo pode não compensar o desgaste prematuro dos componentes da moto.
É preciso que nos conscientizemos de que o prazer de pilotar uma motocicleta, seja a trabalho, como transporte ou para lazer, não pode ser interrompido por conta de um acidente. Vamos pilotar com prudência e previsibilidade, assim poderemos rodar por muitos quilômetros com saúde e a consciência tranquila.