
O Brasil vem sendo o país com maior consumo de agrotóxicos desde 2008, em razão da expansão do agronegócio, provocando sérios problemas quanto ao uso, como a permissão de agrotóxicos banidos em outros países e a venda ilegal de agrotóxicos proibidos em território nacional. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), são registradas cerca de 300 mil mortes por ano em decorrência de envenenamento por agrotóxicos.
Frente a essa ameaça à saúde, representantes da Coalizão Vozes do Tocantins por justiça climática estiveram nesta terça-feira, 13, acompanhando a 4ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Tocantins, em Paraíso. Na ocasião, foi entregue carta de denúncia sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos na região do Cantão, colocando em risco a vida de trabalhadores e trabalhadoras rurais.
A carta é assinada também pela Associação Brasileira de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (ABRASTT), pelo Movimento Estadual de Direitos Humanos do Tocantins (MEDH), pelo Centro de Direitos Humanos de Cristalândia (CDH), pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e pela Associação de Mulheres Agroextrativistas do Cantão (AMA Cantão). O documento traz relatos e detalha o uso de agrotóxicos de forma a impossibilitar qualquer iniciativa agroecológica, além de colocar em risco a vida e a saúde das comunidades.
Entre as demandas está a proibição de pulverização aérea por drones ou aviões; a inclusão na Lei Estadual no 1.959 de 14 de agosto de 2008, da proibição da aplicação de veneno nas pindovas e nas palmeiras; a proibição pela ANVISA do uso do glifosato em todo o território nacional e a reclassificação toxicológica para “extremamente tóxico”; o aumento do percentual de taxação dos impostos para os agrotóxicos; e a aprovação do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (PRONARA).
Efeitos dos agrotóxicos na saúde
De acordo com a publicação “Atlas dos Agrotóxicos”, da Fundação Heinrich Böll, cerca de 385 milhões de pessoas por ano sofrem intoxicação por agrotóxicos ao redor do mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), são impactos primários na saúde de trabalhadores que atuam expostos a agrotóxicos: envenenamento, câncer, neurotoxicidade, desregulação endócrina, distúrbios reprodutivos, doenças cardiovasculares, doenças pulmonares e imunossupressão. Outras doenças também estão relacionadas a essa exposição, que também afeta a qualidade da terra, da água e, com isso, toda a população local.
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Coalizão Vozes do Tocantins