16 de maio é o Dia do Gari: uma à reflexão sobre quem limpa o que fingimos não ver

Numa cidade que não para, são eles que acordam quando ainda é noite. Suas botas enfrentam o asfalto frio, o odor do que foi descartado sem remorso, a pressa de uma cidade que passa sem agradecer. E seguem firmes, alinhando sacos, varrendo restos, limpando rastros de quem nunca soube seus nomes. O gari não recolhe só o lixo — ele varre a negligência diária da sociedade.

Pontos Principais:

  • 16 de maio é o Dia do Gari e, no DF, é também o “dia sem lixo”.
  • Nesse dia, a coleta é suspensa para garantir folga e reconhecimento.
  • Texto propõe reflexão sobre invisibilidade e desvalorização dos garis.
  • A ausência do serviço evidencia o valor desses profissionais.

No Distrito Federal, desde 2022, o Dia do Gari ganhou uma nova dimensão: o dia 16 de maio passou a ser também o “dia sem lixo”. Nesse dia, a coleta é suspensa, não como punição, mas como um gesto de respeito. Um pedido silencioso à população: perceba. Note quem faz o invisível funcionar. É um lembrete em forma de ausência.

O sol nem nasceu e os garis já estão nas ruas, enfrentando o frio e o descaso, varrendo os rastros da pressa alheia. Hoje, eles param. Para que a cidade perceba - Foto: Geovana Albuquerque / Agência Brasília
O sol nem nasceu e os garis já estão nas ruas, enfrentando o frio e o descaso, varrendo os rastros da pressa alheia. Hoje, eles param. Para que a cidade perceba – Foto: Geovana Albuquerque / Agência Brasília

Nesse espaço de pausa, ecoa uma verdade muitas vezes ignorada. As ruas sujas nesse dia servem de espelho para a nossa consciência. Mostram o que acontece quando não há quem limpe os traços da nossa pressa, do nosso consumo, da nossa falta de cuidado. É um convite ao incômodo. Ao invés de varrer, é o dia de olhar para o chão e entender o que deixamos para trás.

Os garis não estão nas manchetes. Não ganham medalhas, nem são celebrados em cerimônias. Mas são eles que sustentam o básico. A dignidade de um espaço urbano limpo, transitável, humano. E mesmo assim, enfrentam olhares indiferentes, comentários ríspidos e jornadas exaustivas. São protagonistas invisíveis de um palco coletivo que chamamos de cidade.

Hoje, parar para não descartar o lixo é o mínimo. Mas pensar no que esse gesto representa vai além. É perceber que a estrutura da limpeza urbana é mantida por gente que, dia após dia, retorna ao mesmo trajeto com a mesma dedicação. Que escolhe servir mesmo sem reconhecimento.

Os garis não limpam só ruas — limpam memórias, tragédias, festas, excessos. Estão nas imagens que preferimos ignorar. Carregam sacos de tudo o que decidimos abandonar, inclusive respeito. A pausa da coleta nesse 16 de maio não é um favor ao trabalhador, é um direito. E uma oportunidade para todos nós exercitarmos empatia.

Quem vê uma rua limpa dificilmente pensa em quem a limpou. Mas quem vê uma rua suja em pleno Dia do Gari entende, finalmente, o impacto da ausência. E talvez, só talvez, comece a olhar diferente para aquele uniforme laranja que tanto faz pelo que insistimos em não notar.

Fonte: Senado e Wikipedia.

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