O termo “hidrogênio verde” está em alta. O Brasil, inclusive, é pioneiro no assunto quando o tema envolve barcos — não à toa. Em novembro, será apresentado na COP30 o projeto brasileiro JAQ, iniciativa encabeçada pelo Grupo Náutica e pela Itaipu Parquetec para desenvolver barcos movidos a hidrogênio verde. Mas, afinal, o hidrogênio é o futuro da navegação?
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O tema foi discutido pelo professor Irineu Colombo, diretor-superintendente da Itaipu Parquetec, ao lado de Daniel Cantane, gerente do Centro Hidrogênio Verde Itaipu Parquetec, em entrevista a Marcio Dottori, no Estúdio Náutica.
Está todo mundo atrás do desenvolvimento tecnológico do hidrogênio. Na questão dos barcos, juntos com a NÁUTICA, somos pioneiros– revelou Colombo
Antes de mergulhar nesse papo que envolve um futuro cada vez mais exigido pelo presente, vale entender por que a dupla tem propriedade para falar do assunto.
O que é o Itaipu Parquetec
O Itaipu Parquetec, do qual Colombo e Cantane fazem parte, é o braço tecnológico da Itaipu Binacional, que, por sua vez, destaca-se como a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai. Inclusive, como o “binacional” sugere, trata-se de uma empresa regida por dois governos — no caso, brasileiro e paraguaio.

A usina gera energia limpa e renovável a partir dos recursos hídricos do rio Paraná, sendo uma importante fonte de energia para ambos os países. “É a maior geradora de energia limpa do mundo”, afirmou o professor Colombo.
O Itaipu Parquetec é um parque tecnológico instituído em 2003, para fomentar novas tecnologias e apresentar soluções tanto para a própria Itaipu Binacional quanto para outras empresas — como é o caso da JAQ Hidrogênio Verde, divisão do Grupo Náutica.
Trata-se, como define Colombo, de um ambiente de inovação com universidade, pesquisadores e centros de inovação, como o Centro Hidrogênio Verde Itaipu Parquetec, gerido por Daniel Cantane.
Nós desenvolvemos soluções, criamos novas empresas, apresentamos vários projetos– explica Colombo
O hidrogênio é o futuro dos barcos?
Cantane detalha que o hidrogênio é um vetor energético versátil, porque pode ser utilizado tanto diretamente como um combustível, quanto como um insumo para a produção de outros da indústria química.
Ele pode produzir desde outros tipos de combustíveis até a produção de plástico, fertilizante, aço e outros elementos– explica Cantane
Quando o assunto é o uso do elemento em barcos, Daniel conta que o hidrogênio tem a possibilidade de atuar como combustível para alimentar geradores, para o funcionamento da hotelaria da embarcação e toda sua parte de navegabilidade, e também diretamente nos propulsores do barco.
Colombo complementa explicando que, em cerca de quatro anos, os barcos navegarão sem o barulho dos motores a combustão, graças à propulsão elétrica movida por células a combustível. Nesse sistema, o hidrogênio é processado dentro da célula, que separa os elétrons e gera energia para movimentar o motor elétrico, liberando apenas vapor d’água como subproduto.
Esse é o nosso sonho. Realizaremos diversos testes tecnológicos e teremos custos — por isso, buscamos parceiros que queiram embarcar conosco nessa jornada de inovação– ressalta o professor
O Projeto JAQ
A primeira embarcação movida a hidrogênio verde do Projeto JAQ, que será apresentada na COP30, contará com um sistema híbrido, que combina óleo diesel com a injeção de hidrogênio, conforme detalha Colombo.
Com essa tecnologia, o impacto ambiental será drasticamente reduzido: “estimamos uma emissão de apenas 3% a 7%, em comparação aos 100% gerados pelo uso exclusivo do diesel”.

O resíduo gerado pelo sistema é apenas água, o que contribui para a preservação dos corais e oferece ganhos ambientais significativos. Para Cantane, experimentos tecnológicos como o Projeto JAQ têm como resultado direto ou indireto novas possibilidades.
Você pode usar parte desse know-how das tecnologias embarcadas para explorar plataformas de petróleo, por exemplo, como a energia eólica offshore– ressalta
“Com certeza o resultado desse projeto vai trazer novas possibilidades, não só na embarcação, mas fora dali”, complementa. Para Colombo, as alternativas incluem usos na indústria química e automobilística, desde carros até caminhões.
Nosso objetivo é chamar a atenção de governos e empresas para o potencial desse projeto. Queremos atrair investimentos que tornem essa iniciativa viável e lucrativa– aponta o professor
Liderado pelo Itaipu Parquetec, referência na produção de combustível sustentável no Brasil, e coordenado por Colombo, o Projeto JAQ conta com a parceria da JAQ Hidrogênio Verde, divisão do Grupo Náutica, e envolve duas embarcações: Explorer H1 e Explorer H2. O projeto conta ainda com o apoio da GWM, empresa chinesa que está fornecendo toda a sua tecnologia para o desenvolvimento do hidrogênio verde.
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