Nos bastidores do futebol brasileiro, a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) continua cercada por questionamentos judiciais e estratégias políticas. Uma recente movimentação jurídica colocou novamente sob os holofotes a autenticidade de documentos que sustentaram sua reeleição. A assinatura do vice-presidente Coronel Nunes em um acordo-chave foi alvo de uma perícia que concluiu pela falsificação, reacendendo a disputa em torno da legitimidade da atual gestão da CBF.
Pontos Principais:
- Laudo técnico aponta falsificação em assinatura de Coronel Nunes.
- CBF prepara defesa atacando credibilidade da perita Jacqueline Tirotti.
- Justiça convoca Nunes para esclarecer sua condição no momento da assinatura.
- MP-RJ nega pedido de anulação da reeleição feito por vereador do Solidariedade.
- Ednaldo Rodrigues foi reeleito com apoio unânime de clubes e federações.
A controvérsia ganhou força a partir de um laudo técnico encomendado pelo vereador Marcos Dias (Podemos-RJ), com base em um contrato que manteve Ednaldo no cargo. A perita Jacqueline Tirotti, responsável pelo parecer, indicou divergências consideradas relevantes entre a assinatura analisada e o padrão gráfico habitual do dirigente. A ausência de traços como hesitações e tremores naturais, somada a diferenças na pressão da escrita, embasaram a conclusão de que a rubrica em questão não pertenceria a Antônio Carlos Nunes de Lima.

Em resposta, a CBF iniciou uma ofensiva para desqualificar o trabalho da perita, citando casos anteriores envolvendo Jacqueline. A entidade lembra que a profissional foi responsável por uma perícia em vídeos usados para incriminar o padre Júlio Lancellotti, cuja validade foi posteriormente contestada. Outro episódio usado como argumento refere-se à suposta validação de assinaturas da apresentadora Ana Hickmann em um contrato com o Banco Daycoval, também alvo de disputas jurídicas.
Movimentações judiciais e estratégias da defesa
Enquanto a entidade articula a defesa de Ednaldo, a Justiça do Rio de Janeiro deu novos passos no processo ao convocar Coronel Nunes para prestar esclarecimentos sobre sua condição física e mental no momento da assinatura. A audiência deve aprofundar a análise sobre sua capacidade de ter validado o documento em questão. A linha de argumentação da defesa pode explorar possíveis lacunas ou inconsistências na perícia, ao mesmo tempo em que reforça a legalidade do processo eleitoral interno.
A disputa judicial soma-se ao cenário de incertezas políticas dentro da CBF. O Ministério Público do Rio de Janeiro já recebeu uma representação formal solicitando a anulação da reeleição de Ednaldo. O pedido, feito pelo vereador Dr. Gilberto (Solidariedade), baseia-se em alegadas falhas na convocação da Assembleia Geral Ordinária de novembro de 2024, que teria impacto direto na validade do pleito de março de 2025.
O promotor Carlos Andresano Moreira, no entanto, indeferiu o pedido, alegando ausência de justa causa. Com isso, a tentativa de anular a eleição foi barrada em primeira instância, embora o autor da denúncia ainda possa recorrer ao Conselho Superior do Ministério Público. A negativa fortalece momentaneamente a posição de Ednaldo, mas a contestação judicial ainda está longe de um desfecho definitivo.
Reeleição sem adversários e apoio federativo
Ednaldo Rodrigues foi reeleito no dia 24 de março de 2025 por aclamação, sem adversários. O dirigente contou com o apoio formal de todos os 20 clubes da Série A, 20 da Série B e das 27 federações estaduais. Esse suporte foi determinante para sua recondução ao cargo até 2030, em um cenário de consenso institucional, pelo menos na esfera eleitoral da confederação.
A atual estrutura do estatuto da CBF prevê a possibilidade de nova reeleição ao final do mandato atual, o que abriria caminho para que Ednaldo permaneça na presidência até 2034. Sua trajetória à frente da entidade teve início em 2021, quando assumiu o comando de forma interina após o afastamento do então presidente Rogério Caboclo. Em 2022, foi eleito oficialmente, com mandato inicial até 2026, agora estendido por mais quatro anos.
Esse histórico reforça a consolidação política do dirigente, que ampliou sua base de apoio ao longo dos anos. No entanto, a série de questionamentos judiciais e políticos reacende o debate sobre transparência, legitimidade e governança na principal entidade do futebol brasileiro, sobretudo em um momento em que a Seleção Brasileira também atravessa um período de indefinições institucionais.
Perícia, histórico profissional e desdobramentos
A defesa da CBF aposta na desconstrução da credibilidade da perita Jacqueline Tirotti para anular o impacto do laudo técnico. Os episódios anteriores mencionados pela entidade são usados como tentativa de demonstrar inconsistência metodológica ou questionamentos de terceiros sobre a atuação da especialista. Ao mesmo tempo, a confederação busca reforçar que o processo eleitoral respeitou os ritos estabelecidos no estatuto vigente.
A estratégia pode incluir ainda a produção de novos pareceres técnicos independentes, confrontando a análise feita a pedido do vereador. Essa abordagem visa gerar contraprovas que diminuam o peso da acusação de falsificação, enquanto o debate jurídico se intensifica. Ainda não há cronograma para conclusão do caso, que segue sendo acompanhado por órgãos judiciais, imprensa e bastidores do esporte nacional.
O desenrolar do processo pode impactar diretamente não apenas a permanência de Ednaldo no cargo, mas também futuras decisões da entidade sobre eleição de dirigentes, reformas no estatuto e definição de critérios para a escolha de técnicos e lideranças na Seleção Brasileira. A repercussão pública também pode influenciar o comportamento dos clubes e federações em próximas decisões estratégicas no futebol brasileiro.
Fonte: Espn, Estadao e Oglobo.
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