Deputada sofre injúria racial e polícia autua agressor

Deputada Carol DartoraKayo Magalhães/Câmara dos Deputados

A deputada apontou que é um alívio ver o autor do crime autuado e posteriormente punido: “Fica de exemplo para o Brasil que esses crimes podem e devem ser punidos”

A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) foi vítima de injúria racial nas redes sociais. Um homem de 54 anos, morador de Pernambuco, enviou um áudio para a parlamentar no aplicativo Facebook Messenger. Na mensagem, o autor do crime falou para a deputada “voltar para o jardim zoológico”, ele ainda a chamou de “maconheira filha da puta”. A Polícia Legislativa Federal da Câmara dos Deputados autuou o autor dos ataques na quinta-feira (8).

O crime foi enquadrado como injúria racial, cuja pena prevista é de 2 a 5 anos de prisão e multa. A Polícia Legislativa identificou o autor em investigação conjunta com a Polícia Civil do Estado de Pernambuco. O órgão tem reforçado que parlamentares e servidores registrem ocorrência desses casos.

Em entrevista ao Congresso em Foco, a deputada Carol Dartora informou que esta não foi a primeira vez que fizeram ataques de cunho racista contra ela. A parlamentar aponta que, desde que foi eleita vereadora em Curitiba, onde esteve de 2021 a 2023, passou a sofrer injúrias recorrentes.

“Desde que eu ocupei um cargo institucional, esses ataques com esse caráter de relacionar raça e o espaço que eu ocupo [começaram]. São ataques racistas com vista a despejar esse ódio pelo fato de um ocupar um espaço de visibilidade político”, iniciou a congressista. “Agora, como deputada, eles se intensificaram ao passo que eu comecei a categorizar o que eu vivo como terrorismo racial”.

Carol Dartora apontou que é um alívio ver o autor do crime autuado e posteriormente punido. A deputada argumentou que, em razão do racismo institucional e estrutural, muitas vezes tais denúncias acabam sendo invisibilizadas. “Eu entendo essa situação como uma vitória contra o racismo e contra essa doença da sociedade brasileira. Fica de exemplo para o Brasil que esses crimes podem e devem ser punidos e que ninguém deve tolerar esse tipo de situação. Mas fica o impacto que nunca vai ser ressarcido”, complementou.

A deputada também disse que o fato de ser negra retinta, e não parda, é um fator que intensifica os ataques racistas. “É muito diferente você ser uma pessoa parda, a cor da pele faz toda diferença”, explicou. Nesse sentido, ela cita que houve um aumento dos ataques quando passou a usar o cabelo natural na Câmara dos Deputados.

A mensagem com conteúdo racista foi ouvida primeiro pela equipe da deputada. Ainda assim, Carol Dartora apontou que, por ter uma equipe majoritariamente feminina e negra, os ataques também foram sentidos por elas. Por fim, a deputada relatou que é uma situação difícil de conter em razão da presença do racismo na sociedade e também valorizou os esforços da Polícia Legislativa Federal.

“Eu saúdo todos os esforços que a Câmara fez para pegar o autor desse crime. Teve uma celeridade muito grande. Desde 2020, foram pouquíssimas pessoas que conseguimos punir. Eu fiz essa denúncia à Polícia Legislativa da Câmara que teve uma celeridade muito grande para pegar essa figura que tinha todos os elementos de um crime racista. Eu saúdo essa disposição de criminalizar o que já é crime”, disse Carol Dartora.

Fonte: Congresso em Foco

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