A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em elevar a taxa básica de juros para 14,75% ao ano marca um novo ponto de inflexão na estratégia de combate à inflação no Brasil. A medida foi tomada de forma unânime pelos membros do Banco Central em reunião realizada em 7 de maio de 2025. O aumento de 0,5 ponto percentual confirma as sinalizações anteriores do próprio Copom e posiciona a Selic no nível mais alto desde julho de 2006.
Pontos Principais:
- Copom eleva a Selic para 14,75%, maior nível desde 2006.
- Inflação projetada para 2025 e 2026 segue acima da meta do BC.
- Política comercial dos EUA e cenário fiscal interno pressionam decisões.
- Alta dos juros impacta crédito, PIB, renda e contas públicas brasileiras.
- Banco Central sinaliza cautela para futuras decisões de política monetária.
O cenário que levou a essa decisão está ancorado em incertezas persistentes tanto no ambiente externo quanto no quadro econômico interno. A política comercial dos Estados Unidos, especialmente as ações de natureza protecionista lideradas pelo governo de Donald Trump, tem afetado o desempenho global e gerado impactos diretos em economias emergentes como a brasileira. Internamente, o dinamismo da atividade econômica e o aquecimento do mercado de trabalho continuam alimentando pressões inflacionárias.

O comunicado do Copom destacou que o ciclo de ajuste monetário ainda exige atenção. A combinação de expectativas de inflação desancoradas, crescimento acima do potencial e incertezas fiscais indica que a política monetária deverá se manter em um patamar contracionista por mais tempo. O comitê também indicou que, para a próxima reunião, será necessário cautela redobrada na condução das decisões.
Contexto internacional e reflexos sobre o Brasil
A conjuntura internacional foi tratada como um dos principais vetores de risco para a inflação. O Copom observou que a política comercial dos Estados Unidos, caracterizada por elevação de tarifas e tensões com parceiros globais, tem gerado impactos sobre o comércio internacional, influenciando diretamente a desaceleração da economia global.
Essa desaceleração, por sua vez, afeta preços de ativos, condições financeiras e projeções de inflação em diversos países. No Brasil, o reflexo é percebido no câmbio, no custo das importações e na formação de expectativas dos agentes econômicos. A volatilidade nos mercados internacionais também se intensificou, exigindo que países emergentes adotem posturas mais conservadoras em suas políticas monetárias.
A incerteza global ainda se soma ao comportamento instável de preços de commodities, o que pode gerar efeitos tanto inflacionários quanto desinflacionários, dependendo da tendência predominante nos próximos meses. O Copom apontou que esses fatores exigem uma política monetária flexível, pronta para responder a novos dados.
Inflação e projeções para os próximos anos
As estimativas do Banco Central e do mercado financeiro para a inflação seguem acima da meta estipulada pelo sistema de metas contínuas. Para 2025, a expectativa está em 5,5%, e para 2026, em 4,5%. Ambos os valores estão fora do intervalo central, cuja referência é de 3%. A projeção do próprio Copom para 2026 é de 3,6%, também acima do objetivo.
O comitê destacou que há riscos tanto de alta quanto de baixa para a inflação. Do lado da alta, estão a possibilidade de desancoragem prolongada das expectativas, a resiliência da inflação de serviços e pressões cambiais. Já do lado da baixa, há risco de desaceleração econômica mais acentuada, retração global mais forte e redução nos preços internacionais de commodities.
Esses elementos tornam o cenário de projeção mais complexo e aumentam o grau de incerteza na definição de uma trajetória estável para os preços. Por isso, o Copom decidiu manter uma postura vigilante e condicionou os próximos movimentos à evolução da atividade econômica, às expectativas do mercado e ao comportamento do hiato do produto.
Efeitos da Selic na economia brasileira
O aumento da Selic tem efeitos imediatos e futuros sobre diversos aspectos da economia. O primeiro impacto é sentido no crédito, uma vez que o custo do dinheiro para consumidores e empresas sobe. Em março, os juros médios em operações bancárias chegaram a 44%, o maior nível em quase dois anos.
Outro efeito está relacionado ao crescimento econômico. Com a elevação dos juros, o consumo tende a desacelerar, os investimentos produtivos perdem ritmo e o Produto Interno Bruto (PIB) sente os reflexos. Dados recentes indicam que a economia brasileira já apresenta sinais de desaceleração, reforçando o efeito do ciclo monetário atual.
As contas públicas também são afetadas. Juros mais altos aumentam o custo do serviço da dívida, elevando as despesas do governo. Em doze meses até março, o gasto com juros somou R$ 948 bilhões, o equivalente a 7,9% do PIB. Esse montante pressiona ainda mais o endividamento e reduz a margem para políticas fiscais expansivas.
Comunicado do Copom e expectativa futura
O Banco Central reforçou, no comunicado oficial, que continuará monitorando os desdobramentos da política fiscal brasileira e as reações do mercado a essas medidas. A conjuntura de expectativas elevadas, inflação fora da meta e persistência de pressões salariais exige que o comitê atue com firmeza, mas sem negligenciar os efeitos defasados das medidas já tomadas.
A estratégia de política monetária passa a mirar agora o segundo semestre de 2026 e o início de 2027, período em que os impactos do atual patamar de juros deverão ser mais visíveis. O comitê também reiterou que novas elevações ou eventuais reduções dependerão dos dados que vierem a público nas próximas semanas e da trajetória das variáveis-chave.
A reunião contou com o voto de todos os membros do comitê: Gabriel Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Guillen, Gilneu Vivan, Izabela Correa, Nilton David, Paulo Picchetti, Renato Gomes e Rodrigo Teixeira. O posicionamento unânime evidencia a percepção comum sobre a necessidade de manter o controle da inflação como prioridade.
Fonte: Bcb, Agenciabrasil, G1 e InfoMoney.
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