O avanço tecnológico das baterias automotivas tem sido um dos principais fatores na expansão dos veículos elétricos e híbridos. A BYD, fabricante chinesa com presença crescente no Brasil, tem desempenhado papel estratégico nesse movimento com o desenvolvimento da bateria Blade. Mais do que um componente técnico, a Blade representa um novo modelo estrutural e químico que está sendo adotado por outras marcas, como Toyota e Tesla, o que reforça seu posicionamento na cadeia global de fornecimento de tecnologia de propulsão elétrica.
Pontos Principais:
- A Blade utiliza fosfato de ferro-lítio e células em forma de lâmina.
- É mais resistente a impactos e superaquecimento, sem risco de combustão.
- Já está presente em modelos BYD e usada por Toyota e Tesla.
- A produção no Brasil começará com o furgão elétrico e-T3 em Camaçari.
Com origem na produção de baterias recarregáveis para celulares nos anos 1990, a BYD ampliou sua atuação para o setor automotivo, ferroviário e de energia renovável. A experiência acumulada ao longo de quase três décadas levou à criação de soluções como a Blade, que difere de tecnologias tradicionais por eliminar metais raros e explorar um arranjo físico em formato de lâmina. A iniciativa vem sendo consolidada nos principais modelos da marca, como King, Dolphin, Song Pro, Song Plus e Seal.

O crescimento da frota eletrificada no Brasil tem ampliado o interesse por soluções que aliam durabilidade, autonomia, segurança e viabilidade de recarga. Com a instalação da fábrica da BYD em Camaçari (BA) e a expansão da rede de carregamento, a Blade ganha importância não apenas como inovação técnica, mas como parte de uma estratégia de nacionalização da produção e ampliação de mercado.
Origem e estrutura das baterias Blade
A Blade é uma bateria composta por células em forma de lâmina, com medidas de 90,5 cm de comprimento, 11,8 cm de altura e 1,35 cm de largura. Essas células são organizadas transversalmente dentro do compartimento de bateria, o que permite eliminar a necessidade de módulos intermediários. Com isso, é possível acomodar até 50% mais células no mesmo espaço físico em relação a baterias convencionais.
A arquitetura tem função estrutural no veículo, integrando-se diretamente à carroceria e colaborando com a rigidez da plataforma. Essa integração permite reduzir peso, custo e complexidade de montagem. A BYD afirma que a redução de custos pode chegar a 35%, considerando não apenas a matéria-prima, mas também o processo de fabricação.
A ausência de metais como níquel e cobalto na composição química também contribui para o diferencial da Blade. Em vez disso, a BYD optou pelo uso de fosfato de ferro-lítio (LFP), uma escolha que altera a estabilidade térmica e química da bateria, influenciando diretamente a segurança e o custo final do produto.
Segurança térmica e durabilidade operacional
Uma das características mais divulgadas da bateria Blade está na performance em testes de segurança. No chamado teste de perfuração com prego, simulação que representa danos físicos severos em colisões, a Blade não passou de 60 graus Celsius. Para efeito de comparação, baterias tradicionais de íons de lítio podem atingir 500 graus, com risco de incêndio.
A Blade também foi submetida a simulações de esmagamento, dobra e aquecimento em fornos acima de 300 graus. Em todos os casos, não houve explosão nem liberação de gases ou combustão. Esse comportamento é atribuído à estabilidade química do LFP, que não libera oxigênio durante uma fuga térmica, e ao formato físico das células, que distribuem o calor de forma mais eficiente.
A durabilidade da Blade é estimada em 3.000 ciclos completos de carga e descarga, o que representa, em condições normais, mais de um milhão de quilômetros rodados. Após o fim de sua vida útil em veículos, a bateria pode ser reaproveitada em aplicações estacionárias, como sistemas solares e telecomunicações, ampliando seu ciclo de uso.
Eficiência energética nos modelos da BYD

O uso da Blade em veículos como o BYD King, Song Pro e Song Plus contribuiu para o destaque da marca no ranking do Inmetro de 2025. Os três modelos aparecem entre os mais econômicos do Brasil. O King, por exemplo, é um sedã híbrido com bateria de 18,3 kWh e pode alcançar autonomia elétrica de 80 km, com autonomia combinada superior a 1.100 km.
No ciclo urbano, o King apresenta consumo de até 44,2 km/l. Em estrada, a média é de 36,7 km/l, o que se traduz em eficiência de 0,50 MJ/km, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular. O Song Pro GS e o Song Plus, ambos SUVs híbridos plug-in, têm autonomia de 68 km no modo 100% elétrico, com foco em uso urbano e suburbano.
O modelo Dolphin Plus, elétrico puro, também se beneficia da Blade. Equipado com baterias de 60,5 kWh, o hatch obteve nota máxima em eficiência energética nos testes do Inmetro e pode rodar até 330 km com uma carga, sendo um dos modelos com melhor custo energético do país.
Infraestrutura de recarga e soluções da marca
A BYD oferece uma linha diversificada de carregadores compatíveis com seus modelos equipados com a bateria Blade. A gama inclui carregadores residenciais de corrente alternada com 7 kW e 22 kW, além de opções de corrente contínua de 60 kW, 120 kW, 150 kW e até 210 kW. O modelo Grid Zero, com capacidade de 210 kW, utiliza a própria tecnologia da Blade para operar de forma eficiente e estável.
O tempo de recarga depende da capacidade da bateria e da potência do carregador. O Dolphin, por exemplo, pode recuperar de 30% a 80% da carga em um carregador de 60 kW. Já o sedan elétrico Seal, ao ser conectado a um carregador de 150 kW, leva aproximadamente 25 minutos para o mesmo nível de recarga.
Além das opções públicas, a marca disponibiliza carregadores portáteis e wallboxes para uso doméstico. O modelo portátil opera com 2,8 kW e 220 VAC, sendo indicado para veículos híbridos plug-in. O wallbox tem potência de 220 VAC, conector tipo 2, e é preparado para instalação externa, com classificação IP55.
Aplicação internacional e padrão global

O uso da Blade não se limita aos modelos da própria BYD. A Toyota, em seu modelo bZ3, utiliza motores e baterias fornecidos pela marca chinesa. A Tesla também adotou a bateria Blade em algumas versões de entrada de seus veículos elétricos, especialmente os modelos com foco em custo-benefício.
A adoção da Blade por outras montadoras ocorre em função da combinação de fatores como densidade energética, estabilidade térmica e custo de produção. A arquitetura estrutural da Blade, com células organizadas como lâminas planas e longas, permite integração ao chassi e maior eficiência de volume, atendendo à demanda por soluções mais compactas.
A BYD planeja tornar a Blade padrão em toda sua linha de veículos globalmente. No Brasil, o primeiro modelo nacional a sair da fábrica de Camaçari com a Blade será o furgão elétrico e-T3. A ampliação da fabricação local poderá viabilizar a adoção da bateria também em veículos de outras marcas montados no país.
Fonte: Hongkongbuses, Wikipedia, Wikiwand, Hongkongbuses e QuatroRodas.
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