O que significa ser homem? Para além do gênero, o dicionário traz outra definição à palavra: alguém dotado de atributos másculos, como coragem, determinação, força física e vigor sexual. Desde a infância, Ney de Souza Pereira sofria os abusos do pai, um militar, que insistia que a criança deveria “virar homem”.
A violência seguiu até ele chegar à fase adulta, até que finalmente confrontou o familiar e revidou as agressões. Era chegada a hora de abandonar o ninho e finalmente poder ser o homem que desejava. Nascia ali Ney Matogrosso, um dos artistas mais influentes da música brasileira.
Em estreia no Cine Santa Cruz, o filme Homem com H, dirigido e escrito por Esmir Filho, captura com fidelidade a essência do que Matogrosso – interpretado pelo talentoso Jesuíta Barbosa – representa. Durante a narrativa, evidencia-se que o cantor nunca limitou-se a rótulos, sexuais e musicais.
Tampouco focava somente as canções e transformava o palco em um selvagem espetáculo audiovisual, com suas danças indomáveis, além das vestimentas e maquiagem extravagantes. Da consolidação artística a sua longeva carreira solo, Ney nos brindou com músicas de diferentes estilos, do rock ‘n roll e forró ao samba e MPB.
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E a película, com 129 minutos de duração, é bem-sucedida ao retratar, ainda que de maneira breve, tais complexidades de Matogrosso. Um ser inquieto, que passou a vida buscando superar-se como artista.
Para o deleite dos fãs, as performances reproduzidas na telona são embaladas por grandes clássicos. Não só a música do título, mas também Sangue Latino, Rosa de Hiroshima, Não Existe Pecado ao Sul do Equador, Bandido Corazón e até O Mundo é Um Moinho e Pro Dia Nascer Feliz.
Ao fim da exibição, fica claro que não havia melhor escolha para o título da cinebiografia. Afinal, se ser homem é ter a coragem e a determinação para enfrentar as imposições da sociedade, ditando como devemos agir, não seria Ney Matogrosso a definição perfeita de um Homem com H?
Os dramas íntimos da vida privada
Desde a existência e a consolidação das cinebiografias de músicos, as obras sempre acabam dando evidência à vida íntima dos protagonistas. Foi assim com Elvis, Jim Morrison, Freddie Mercury e mais recentemente com Bob Dylan. Muitas vezes, tais cenas ganham tanto destaque a ponto de outros momentos da vida dos músicos, sobretudo relacionados à carreira, se tornarem menos memoráveis.
Em Homem com H não foi diferente. Esmir Filho leva o espectador a testemunhar momentos íntimos de Ney Matogrosso. Embora de maneira geral tais cenas atendam ao propósito da narrativa e ajudem a entender quem é o músico, o excesso delas pode se tornar uma experiência maçante.
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Paira também uma dúvida quanto às decisões criativas do diretor. Afinal, por mais ousadas que fossem as performances de Ney, estaria Esmir Filho dando força aos rótulos e sensacionalizando certos momentos apenas pela polêmica?
Assim como o cinebiografado em questão, não há uma resposta simples. É uma obra complexa, assim como o cantor.
Com seu visual glamoroso e único, Homem com H pode chocar os desavisados ou levantar questionamentos sobre certas escolhas criativas. Não há, entretanto, como negar que é uma obra quase perfeita e ficará marcada entre aqueles que a viram e vão conferi-la no cinema.
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