A chegada da Auper ao Brasil marca um novo capítulo no segmento de motocicletas elétricas. Mesmo antes de qualquer campanha publicitária, a marca alcançou um feito incomum: vender todas as unidades iniciais da edição de lançamento. O modelo 600 CE, totalmente elétrico, foi desenvolvido com tecnologia proprietária e foco específico no mercado nacional.
Pontos Principais:
- Auper lança moto elétrica com tecnologia própria e produção em Joinville.
- Modelo 600 CE tem versões com até 68 cv, 170 km/h e 160 km de autonomia.
- Startup aposta em vendas online diretas e test rides em pontos autorizados.
- Empresa mira também o mercado corporativo com foco em frotas elétricas.
A estratégia de entrada da Auper priorizou discrição. A empresa operou em modo de desenvolvimento interno por mais de dois anos, financiando seus avanços com recursos próprios. Os fundadores da empresa, Silvio Rotili Filho, Alan Callegaro e David Ofori-Amoah, iniciaram a trajetória no Canadá, no McMaster Automotive Resource Centre, e direcionaram os esforços desde o início para adaptar o produto às condições brasileiras.

Com a produção concentrada em Joinville (SC), a Auper optou por uma logística baseada em incentivos fiscais e facilidade de acesso a componentes importados. A sede administrativa permanece em Porto Alegre, e a empresa mantém seu setor de pesquisa e desenvolvimento no Canadá, planejando expandir de forma gradual e controlada.
Motocicletas, versões e desempenho

A primeira motocicleta lançada, batizada de Auper 600 CE, foi dividida em três versões. A edição especial “Founder Edition”, com produção limitada a 100 unidades, foi a única inicialmente disponibilizada ao mercado. As outras duas versões, “Base” e “Bateria Estendida”, têm previsão de lançamento para 2026.
A versão de entrada apresenta motor elétrico de 34 cavalos de potência e torque de 8,1 mkgf, com aceleração de 0 a 100 km/h em 6,2 segundos e velocidade máxima de 140 km/h. A autonomia estimada é de 100 quilômetros em uso misto, utilizando bateria de 6 kWh e carregamento rápido de 80% em 30 minutos com fonte de 6,6 kW.
A intermediária “Bateria Estendida” alcança 150 km/h, com aceleração em 4,2 segundos. São 65 cv e 12,3 mkgf de torque, bateria de 9,1 kWh e autonomia de 160 km. A topo de linha, “Founder Edition”, apresenta motor de 68 cv e torque de 20,4 mkgf, com aceleração inferior a 4 segundos e mesma autonomia da intermediária.
- Todas as versões compartilham chassi e estrutura base.
- Distância entre-eixos de 1,38 metro e 15 cm de altura livre do solo.
- Peso aproximado de 140 kg com pneus 110/70-17 (dianteira) e 150/60-17 (traseira).
- Freios a disco com ABS, suspensão dianteira invertida e traseira monoshock.
Modelo de vendas e diferenciais técnicos

A Auper escolheu não trabalhar com concessionárias. As vendas são realizadas exclusivamente por meio do site da marca, com entregas feitas diretamente ao endereço dos clientes ou em pontos autorizados, onde também são realizados os test rides. Segundo os executivos, esse modelo reduz custos e aumenta a eficiência de atendimento.
Um dos pontos centrais da proposta da Auper é a tecnologia embarcada. O painel de instrumentos digital tem 7 polegadas, com iluminação em LED e conexão com aplicativo de smartphone. O sistema é atualizado com frequência e desenvolvido internamente pela equipe da marca, o que garante controle sobre os ciclos de atualização e integração com o hardware.
Ao contrário de concorrentes que utilizam plataformas terceirizadas, a Auper afirma ter criado toda sua arquitetura eletrônica e de software de forma independente. Isso possibilita à empresa oferecer soluções sob medida, sobretudo ao setor corporativo, que exige funcionalidades de rastreamento, gestão e segurança veicular.
Planos de expansão e atuação no B2B

O foco inicial foi no consumidor final, mas a Auper já estrutura uma frente voltada ao mercado corporativo. Empresas interessadas em eletrificar suas frotas podem contar com um modelo adaptável, que contempla as necessidades específicas de controle e gestão.
A estratégia se alinha com movimentos recentes do setor. O iFood, por exemplo, lançou um fundo de US$ 50 milhões com a Yvy Capital para fomentar o uso de motos elétricas por entregadores, o que sinaliza um cenário favorável à expansão do B2B. A Auper pretende aproveitar esse momento para apresentar sua proposta como alternativa nacional.
A empresa também iniciou uma nova rodada de captação de investimentos, visando ampliar a estrutura fabril e o alcance comercial. Fundos internacionais que participaram da rodada anterior continuam no projeto, e a Auper busca agora o engajamento de investidores brasileiros que possam contribuir também com know-how de mercado local.
Concorrência e desafios do setor

O mercado de motos elétricas no Brasil está em fase de expansão, mas também apresenta dificuldades. A Voltz, que chegou a receber mais de R$ 100 milhões em investimentos, enfrentou entraves operacionais e logísticos que impactaram sua parceria com o iFood. A experiência da Voltz serve como alerta para outras startups do setor.
Outra competidora é a Vammo, que atua com um modelo de assinatura para entregadores. Fundada por executivos com passagens por Tesla e Rappi, a Vammo mantém fábrica na Zona Franca de Manaus e levantou R$ 30 milhões em 2024. A disputa acirrada pode acelerar inovações e exigir diferenciais técnicos e comerciais mais sólidos.
A Auper aposta em uma abordagem cautelosa e progressiva, com entregas previstas para o terceiro trimestre de 2025 e planos de escalar a produção em 2026. O objetivo declarado pela empresa é manter o crescimento sem comprometer a qualidade, evitando os mesmos tropeços enfrentados por outras marcas.
Perspectivas para a mobilidade elétrica no Brasil

O avanço da mobilidade elétrica no país depende de infraestrutura, incentivos governamentais e confiabilidade das marcas envolvidas. Com produção nacional e desenvolvimento tecnológico próprio, a Auper tenta se posicionar como referência nesse cenário em construção.
A escolha por Joinville como base industrial reflete a busca por vantagens logísticas e fiscais. A manutenção do P&D no Canadá garante o desenvolvimento contínuo de tecnologias, enquanto a operação brasileira atende às especificidades do mercado local, incluindo adaptações para uso urbano e integração com aplicativos de gestão.
A atuação da Auper será acompanhada de perto por consumidores e investidores. À medida que novas versões da 600 CE cheguem ao mercado e parcerias sejam firmadas no setor corporativo, o desempenho da marca servirá como indicativo do potencial de maturidade da mobilidade elétrica no Brasil.
Fonte: Startups e Auper.
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