Revisão do Bolsa Família atinge 265 cadastros em Santa Cruz

Desde o início do ano, a Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) tem incentivado municípios a realizarem ações de fiscalização entre os beneficiários do programa Bolsa Família, como forma de manter aqueles que se enquadram no perfil e possibilitar a empregabilidade no mercado formal dos demais. Em Santa Cruz do Sul, o Cadastro Único (CadÚnico) conta com quase 15 mil inscritos e 5,5 mil famílias recebem o benefício mensalmente. A coordenação municipal realiza ação de fiscalização e já detectou incoerências nas informações prestadas.

A coordenadora municipal do Cadastro Único, Luci Rodrigues, foi entrevistada na Rádio Gazeta FM 107,9 e confirmou que há diferentes formas de apontamentos. Uma delas é a visitação domiciliar. Ela é feita a partir de uma listagem de suspeitas encaminhada pelo Ministério de Desenvolvimento Social (MDS); por medidas de busca ativa realizada pelo departamento local ou pelo estabelecimento de regras para a validação de cadastros.

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Segundo Luci, em fevereiro o governo federal enviou 265 apontamentos para verificação de possíveis irregularidades. Todas as famílias já foram visitadas pelas equipes do Município, que ultrapassaram a meta estabelecida entre as prioridades, chegando a 300 visitadas. “Existe uma plataforma vinculada ao Dataprev que faz esse cruzamento de dados, detectando possíveis irregularidades”, afirmou.

Luci Rodrigues apresentou os desafios da coordenação municipal do Cadastro Único | Foto: Expedito Engling

Dos últimos apontamentos feitos pelo MDS, houve 27 bloqueios, porque as residências incluídas no cadastro não foram localizadas. A partir dessa constatação, é feito o bloqueio dos pagamentos do Bolsa Família. Oito apareceram para atualização de cadastro e tiveram os seus dados organizados no sistema. Duas delas perderam o benefício, o que não significa que tenham perdido outros, como a isenção do pagamento das taxas de energia elétrica e fornecimento de água, pois o CadÚnico reúne uma série com mais de 30 programas.

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Luci explicou que a inclusão ou cortes dependem do MDS. A coordenação local faz o cadastramento ou aponta possíveis incoerências com as informações prestadas pelos beneficiários, podendo fazer bloqueio mediante laudo técnico. Exemplificou o cancelamento de 80 cadastros por averiguação de dados ou de renda, fugindo do perfil dos beneficiários conforme determina a legislação do programa.

Até o fim do atual governo, a expectativa é de que todos os inscritos no CadÚnico sejam visitados pelas equipes do Município, buscando o conceito de referência que Santa Cruz já teve no Rio Grande do Sul. Essa iniciativa possibilita observar se os enquadramentos estão de acordo, haja vista que a inscrição é autodeclarável. Mais de 30% não têm perfil do Cadastro Único – são as famílias que recebem até três salários mínimos.

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Uma das questões que tem sido observada, e que teve destaque da Federasul como uma das causas da falta de mão de obra, é o benefício unipessoal. Ocorre quando a inscrição refere-se a apenas uma pessoa. Em Santa Cruz do Sul, 4 mil casos desses estão no CadÚnico, dos quais 908 recebem o Bolsa Família. Atualmente, só podem ser inscritos mediante visitação domiciliar e laudo técnico do Município.

Intermediação do cidadão com o mercado

Vice-presidente de integração da Federasul, Rafael Sittoni Goelzer explica que a entidade viu com bons olhos a iniciativa da Prefeitura de Bento Gonçalves, que fez levantamento sobre os beneficiados revisando casos como os inscritos unipessoais, homens e sem filhos. Em 45 visitas a esse público, apenas um se manteve recebendo o Bolsa Família.

A indicação da Federasul é para que suas entidades associadas façam levantamento das vagas disponíveis no mercado de trabalho e encaminhem para as prefeituras, podendo fazer a intermediação entre aqueles que, eventualmente, possam perder o benefício e as empresas que precisam de mão de obra. “Aquelas pessoas que saírem do Bolsa Família já podem ser direcionadas imediatamente para o mercado, aumentando seu rendimento mensal de R$ 600,00 para R$ 1,5 mil, R$ 2 mil, de acordo com as vagas disponíveis”, exemplificou.

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Esses casos de cadastro unipessoal, em algumas situações, são resultado de manobra em que famílias excluem o marido para que duas inscrições sejam feitas. “Mas existe cruzamento de dados, que pode resultar em cancelamento. O cidadão também tem que assinar o termo se responsabilizando que é unipessoal, e pode responder criminalmente caso não seja verídico”, reforça a coordenadora Luci Rodrigues.

Para que as famílias sejam beneficiadas, é preciso que se enquadrem em critérios como o de renda, que não deve superar a média per capita de R$ 218,00. Esse valor, acrescenta Luci, não é a garantia de direito automático ao Bolsa Família. “Os programas são federais e dependem da avaliação e da liberação do Ministério do Desenvolvimento Social”, explica a coordenadora.

Em números

  • Santa Cruz do Sul tem cerca de 15 mil inscritos no Cadastro Único.
  • O município contabiliza aproximadamente 5,5 mil beneficiários do Bolsa Família.
  • Esse volume representa a inserção de R$ 3,3 milhões mensais na economia local.
  • A média de rendimento do programa Bolsa Família varia entre R$ 650,00 e R$ 680,00, podendo chegar a R$ 2 mil.
  • No boletim de fevereiro, o Ministério do Desenvolvimento Social apontou 265 incoerências entre os inscritos em Santa Cruz do Sul.
  • A coordenação municipal do Cadastro Único fez as apurações, com visitas.Detectou que, em 27 casos, não foi possível localizar o endereço cadastrado.Oito já atualizaram o cadastro e houve dois cancelamentos do Bolsa Família, com manutenção de outros benefícios do CadÚnico.
  • O País tem 20,8 milhões de famílias beneficiadas com o programa, o que equivale a 55 milhões de pessoas. Isso supera 25% da população brasileira
  • No último ano, um total de R$ 168 bilhões foi transferido para essas 20,8 milhões de famílias.

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