
Levantamento é um recorte das informações colhidas no Censo 2022 e trata das características urbanísticas do entorno dos domicílios no país. Vista aérea de Brusque, no Vale do Itajaí
Divulgação/Arquivo/Prefeitura de Brusque
Brusque, Botuverá e Guabiruba, cidades no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, compõem a área de concentração urbana com o menor índice de árvores em vias do Brasil. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostrou que três em cada cinco moradores no estado residem em ruas ou avenidas em que não existe arborização. A proporção equivale a 3,84 milhões de pessoas.
Divulgado neste mês de abril, o levantamento é um recorte do Censo 2022 e trata das características urbanísticas do entorno dos domicílios. Essa foi a segunda vez que o órgão pesquisou o tema. A primeira vez foi em 2010.
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Para entender a pesquisa:
➡️ O IBGE usou parâmetros específicos na pesquisa. Entre eles está o conceito de concentração urbana, que significa arranjo populacional com mais de 100 mil habitantes ou municípios isolados do mesmo porte. O termo indica a soma de áreas com integração socioeconômica entre municípios. Ou seja, a menção de Brusque inclui também Botuverá e Guabiruba.
➡️ Arranjo Populacional é o agrupamento de dois ou mais municípios onde há uma forte integração populacional, geralmente com até 100 mil habitantes.
➡️ ‘Arborização’ foi definida como a presença de espécimes vegetais de porte arbóreo com altura superior a 1,7 metro, “localizados em área pública, ao longo das vias”.
No texto, o órgão define “via” como ruas, avenidas e estradas.
Importante: Trechos distintos de uma mesma rua são tratados de forma diferente. Assim, se uma pessoa mora em um trecho que tem árvore, o IBGE considera que ela mora em um trecho arborizado. Se outra mora em um trecho que não tem árvore, é considerada que ela reside em um trecho sem árvore.
Concentrações urbanas e percentual de arborização:
Procurada, a prefeitura de Brusque afirmou que o crescimento desordenado ao longo dos anos fez com que passeios urbanos não possuíssem espaços adequados para o plantio de árvores.
Disse ainda que fará um estudo para adequar a arborização à realidade do município e que o quadro deve ser revertido em breve, com o Plano Municipal de Arborização (leia mais abaixo).
O g1 procurou as prefeituras de Botuverá e Guabiruba na manhã desta quarta-feira (30) e aguardava retorno dos municípios sobre a pesquisa até a última atualização desta reportagem.
Motivo da pesquisa
Segundo o IBGE, a pesquisa sobre arborização buscou fornecer informações que apoiem a formulação de estudos, diagnósticos, políticas públicas e programas sobre as cidades.
O estudo apontou ainda que a “redução da temperatura é uma consequência importante da arborização das cidades, diminuindo a incidência de ilhas de calor ao longo do tecido urbano”, além de melhorar a qualidade do ar.
34% dos brasileiros vivem em trechos de ruas sem nenhuma árvore, aponta IBGE
Dados nacionais
Em Santa Catarina, 33,7% das vias foram classificadas sem arborização, e 58,8% com árvores. No Brasil, 34% da população — o equivalente a 59 milhões de pessoas — está vivendo em vias sem nenhuma árvore.
Entre essas vias arborizadas, 36 milhões de pessoas (20,4%) vivem em locais com até duas árvores, 23,5 milhões (13,5%) em vias com três ou quatro árvores, e 56 milhões (32,1%) em vias com cinco árvores ou mais.
O IBGE analisou 63.104.296 domicílios (69,5% do total), localizados em setores urbanos ou em setores rurais com características urbanas. Ao todo, foram consideradas as áreas onde moram 174.162.485 brasileiros — o equivalente a 86% da população.
34% dos brasileiros vivem em trechos de ruas sem nenhuma árvore, aponta IBGE
O que disse a prefeitura de Brusque sobre a pesquisa
A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) explica que, devido ao crescimento desordenado ao longo de alguns anos, os passeios urbanos do município não possuem espaço adequado para o plantio de árvores. Em muitos locais seria necessário escolher entre árvores e acessibilidade. Vale lembrar, que o município possui amplas áreas verdes, inclusive na região central, como o Parque Zoobotânico, com 120 mil metros quadrados e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Chácara Edith, com mais de 415 hectares.
A fundação destaca que será feito um estudo para adequar a arborização à realidade do município e que o quadro deve ser revertido em breve, com o Plano Municipal de Arborização. Entre os pontos que devem constar no plano estão:
Criar um sistema para classificar as áreas verdes da cidade;
Definir uma forma de calcular o índice de área verde por habitante;
Desenvolver e colocar em prática um plano de arborização que leve em conta o tipo de solo, o clima, a função das árvores, as espécies e os espaços disponíveis;
Incentivar o plantio de árvores também em terrenos particulares;
Usar a arborização como estratégia para estimular o deslocamento a pé pela cidade;
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