Polícia cumpre mandados e investiga envolvimento de empresário em esquema de desvios milionários na Apae de Bauru


Mandados foram cumpridos nesta terça-feira (29), em Bauru (SP), e foram apreendidos telefones celulares, HD, pen drive, documentos e notebook para investigação. Polícia cumpre mandados e investiga envolvimento de novo empresário em esquema de desvios milionários na Apae de Bauru
Anderson Camargo/TV TEM
A Polícia Civil cumpriu, nesta terça-feira (29), mandados de busca e apreensão em uma investigação que apura a participação de mais um empresário no esquema de desvios milionários na Apae de Bauru (SP)
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Os mandados foram cumpridos no apartamento do empresário, na sede da empresa e em uma oficina. Além disso, a polícia pediu à Justiça o bloqueio dos bens do suspeito e da empresa, e conseguiu a quebra do sigilo bancário. Foi solicitada também a prisão temporária do suspeito, mas foi negada pela Justiça.
A investigação da polícia apurou que o empresário superfaturava notas fiscais a partir da prestação de serviços para a Apae, como manutenções e reparos na entidade, com um contrato de R$ 9 mil por mês até 2023. Em 2024, o contrato foi renovado e o suspeito passou a receber R$ 20 mil mensais.
Em entrevista ao Tem Notícias, o delegado responsável pelo caso, Glaucio Stocco, afirmou também que os repasses da entidade para a empresa chega a R$ 600 mil.
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Além disso, as investigações apontaram que parte desse dinheiro voltava para Roberto Francischetti, ex-presidente da instituição e suspeito de matar a ex-secretária executiva Cláudia Lobo. A polícia segue em investigação para descobrir se há outros envolvidos no esquema.
Polícia cumpre mandados e investiga envolvimento de novo empresário em esquema de desvios milionários na Apae de Bauru
Anderson Camargo/TV TEM
Relembre o caso
Em uma operação realizada no dia 3 de dezembro, a polícia prendeu pessoas suspeitas de envolvimento nos desvios de recursos da Apae. Foram expedidos nove mandados de prisão contra parentes de Cláudia e também funcionários da Apae e prestadores de serviço para a entidade.
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Na operação foram presos a filha, a irmã, o cunhado e o ex-marido de Cláudia – Letícia Lobo, Ellen Siuza Rocha Lobo, Diamantino Passos Campagnucci Júnior e Pérsio de Jesus Prado Júnior; a atual coordenadora financeira da Apae e o coordenador anterior – Maria Lúcia Miranda e Renato Golino – e Renato Tadeu de Campos, que é policial militar aposentado e prestava serviços de segurança para a Apae.
No dia seguinte, o empresário Felipe Figueiredo Simões se apresentou com seu advogado na delegacia de Pirajuí (SP) e também foi preso. O nono mandado de prisão foi expedido para Roberto Francischetti, que já estava preso desde o dia 15 de agosto por envolvimento no desaparecimento de Cláudia.
Presos suspeitos de desvios milionários na Apae de Bauru
TV TEM/Reprodução
Ao todo são 13 denunciados pelo pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público (MP). A denúncia formal do Gaeco foi aceita pela Justiça no dia 19 de dezembro. Com exceção de Roberto, todos são investigados em liberdade.
Como o esquema funcionava?
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Durante as investigações sobre o desaparecimento de Cláudia, a polícia teve acesso a escutas telefônicas dos ramais de Roberto e Cláudia que indicaram que os dois, assim como outros envolvidos no esquema e que atuavam na Apae, articulavam suas ações abertamente dentro da própria instituição, utilizando os telefones fixos da entidade.
A TV TEM e o g1 tiveram acesso, com exclusividade, a mais de 7 mil gravações dos ramais telefônicos da entidade, feitas a partir de 2020.
Esse material, além de informações sobre as movimentações financeiras da entidade, revelaram à polícia um esquema organizado e criminoso de desvio de dinheiro envolvendo superfaturamento de contratos, pagamentos a funcionários “fantasmas”, emissão de notas frias de serviços não prestados, entre outras irregularidades.
Quanto foi desviado?
Comprovante de depósito de mais de R$ 23 mil feito por Cláudia para Roberto (apae bauru)
TV TEM/ Reprodução
Durante as investigações, a Polícia Civil identificou movimentações financeiras atípicas ou suspeitas de quase R$ 7 milhões em contas de Roberto e Cláudia, porém, o montante desviado ainda não foi estipulado e segue em apuração.
Desse total, cerca de R$ 5 milhões foram atribuídos a operações comandadas pelo ex-presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, e entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,8 milhão envolvem movimentações feitas por Cláudia, somando pelo menos R$ 6,8 milhões.
No entanto, os investigadores acreditam que os valores reais podem ser ainda maiores, considerando o longo período de irregularidades.
Também durante as investigações foram apreendidas três máquinas de cartão, todas vinculadas a contas da Apae e duas delas que a entidade sequer tinha conhecimento da existência. Só em uma delas foi identificada uma movimentação de R$ 500 mil para contas da Cláudia e do Roberto.
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