Um ano após a enchente: Sinimbu mobiliza esforços para reconectar o turismo com o mundo

Estradas, construções centenárias e roteiros destruídos. O turismo rural, que era uma das marcas que o município de Sinimbu estava incorporando nos últimos anos, foi fortemente prejudicado pela enchente de 30 de abril de 2024. Agora, um ano depois empreendedores se mobilizam com expectativa na retomada.

Integrante da Rota Germânica do Rio Pardinho, que também engloba parte de Santa Cruz do Sul, Sinimbu costumava receber turistas de diferentes países. Nas visitas, além de conhecerem aspectos históricos e culturais, era possível vivenciar uma experiência única. Um dos locais que haviam se tornado referência é o Núcleo Germano Wink, da Localidade de Linha Rio Grande. O empreendimento recebeu cerca de 5 mil pessoas em cinco anos.

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O casarão centenário que leva o nome do empreendedor e um dos primeiros comerciantes do município chama a atenção por suas características. No chamado Recanto Enxaimel, os visitantes costumavam ser acolhidos com café colonial e recebiam informações sobre a comunidade e programações que envolviam a vivência com caminhadas, trilhas e visitações.

No Recanto Enxaimel, em cinco anos, cerca de 5 mil visitantes puderam vivenciar aspectos da vida rural

Sob administração de Cláudia Hirsch Wegner, 41 anos, o espaço ficava às margens do Rio Pardinho e foi totalmente destruído durante a enchente. Das cenas de devastação que ela encontrou, veio a esperança de recomeçar. Hoje, Cláudia ainda relembra com detalhes o que passou.

“Fiquei em choque quando cheguei lá uma semana depois. Eu chorei dois dias sem parar”, conta a empreendedora ao descrever o que chama de filme de terror. O marido de Cláudia, Jonas, e o filho Franklin, de 19 anos, não queriam que o empreendimento ao qual ela se dedicava tanto tivesse prejuízos. Assim, no início da noite anterior ao desastre, tentaram salvar objetos e móveis. No entanto, o esforço foi em vão. Paredes, repartições, móveis, objetos foram danificados e perdidos. 

Cláudia observa as marcas deixadas no empreendimento enquanto faz planos para retomar as atividades

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“As mesas, toalhas, louças, talheres, foi tudo embora. Coisas que demorei cinco, seis anos para comprar e usei poucas vezes. Para muitas pessoas pode ser uma coisa simples, mas eu demorei para juntar e comprar, para pagar cada peça”, emociona-se a empreendedora.

Tradição familiar como inspiração

Embora reconheça que se dedicar ao turismo onde a atividade ainda não é tão presente seja um desafio, Cláudia não desiste. Ao lado da família, ela decidiu recomeçar. Há três meses, ela, o marido e o filho começaram a reerguer um espaço na propriedade, que além de agroindústria de panificados, receberá visitantes para degustarem o café colonial, com receitas que passaram de geração para geração e são marcas da comunidade.

“Tudo é feito com muito esmero, muita dedicação, carinho e esforço. Todas as receitas são coisas que a minha avó fazia. Eu resgatei o bolo de melado, uma coisa que é feita há mais de cem anos”, afirma Cláudia.

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Outras receitas também estão sendo incorporadas ao cardápio, como rocambole de batata-doce e o bolo de bergamota. “Perdi muita coisa, mas não vou desistir do sonho de ter o turismo na nossa comunidade. Trabalhar com o turismo, com alimentos, panificados, é o que me realiza”, afirma. Em razão dos danos causados pela enchente, os roteiros e receptivos estão suspensos. Mas Cláudia tem expectativa de que as visitações sejam retomadas neste ano. Seu objetivo também é começar os trabalhos no novo local no início do ano que vem. 

Evento destaca as potencialidades

Suspensa em razão da enchente de 2024, a Feira Comercial, Industrial e Agropecuária de Sinimbu (Exposin) está de volta. A 20ª edição será realizada neste ano, de 13 a 16 de novembro. O objetivo é fomentar o setor turístico e as atrações gastronômicas, culturais e econômicas.

O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sinimbu (Cacis), Thomas Koch, afirma que neste ano há um motivo a mais para celebrar e evidenciar a força e a resiliência da comunidade sinimbuense, que se reergueu desde o ano passado. “A Exposin já está consolidada como uma feira tradicional aqui na região, destacando-se como vitrine para os empreendedores locais e uma promotora de grandes negócios.”

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A programação contará com desfile temático, jogos germânicos, espaço reservado para apresentações de bandas locais municipais, que apresentam o estilo germânico aos visitantes da feira, encontros esportivos, atividades para a terceira idade e para estudantes.

Caminhos da natureza

Projeto busca impulsionar turismo e incentivar prática de atividade física em meio à natureza

Para impulsionar a retomada do turismo rural e incentivar a prática de atividades físicas em meio à natureza, a comunidade regional poderá participar de uma atividade especial no dia 17 de maio. Trata-se do projeto Partiu Natureza, desenvolvido pelo Sesc, que chegará a Sinimbu.

Segundo o diretor do Sesc de Santa Cruz, Fabrício Gianezini, a proposta visa promover experiências de lazer que valorizem o meio rural, proporcionando contato direto com ambientes naturais. Um dos objetivos é a inclusão de pessoas de diferentes idades e níveis de preparo físico, tornando o evento acessível e acolhedor.

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“O projeto integra o esporte ao turismo social, promovendo a socialização entre participantes e comunidades locais”, acrescenta. O gerente ressalta que a meta é estimular a troca de culturas e vivências, fortalecendo o vínculo com o campo. “A natureza, o bem-estar e a convivência são os pilares dessa iniciativa.” 

A última edição em Sinimbu havia sido realizada em 2023. Desta vez, serão percorridos oito quilômetros de trilha, culminando com um café colonial. Interessados em participar podem se inscrever pelo site do Sesc.

Para saber

Na sequência da série, a próxima reportagem mostrará a união de esforços de empresas, entidades e voluntários para auxiliar na volta das atividades e recuperação estrutural do município.

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