Preservação das tipuanas: especialistas elaboram documento que aponta o que deve ser feito

Os profissionais que integram o programa de gestão do Túnel Verde entregaram ao Ministério Público sugestões para preservar as tipuanas nos trechos que recebem as obras do calçadão na Rua Marechal Floriano, no centro de Santa Cruz do Sul. Os ofícios foram assinados pelos especialistas entrevistados pela Gazeta do Sul: o engenheiro agrônomo Clóvis Berger, o professor de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jorge Farias, e o engenheiro florestal Juarez Iensen Pedroso Filho. 

Nos documentos, o trio elenca ações para a manutenção das árvores na quadra entre a 28 de Setembro e a Júlio de Castilho, sobretudo os quatro exemplares que se inclinaram e estão em processo de brotação após terem passado por poda drástica. E para a próxima quadra, entre a Júlio de Castilhos e a Ramiro Barcelos, indicaram as que devem ser preservadas e as que podem ser suprimidas.

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Os responsáveis pelo programa de gestão do Túnel Verde fazem quatro apontamentos para compatibilizar as obras do calçadão. Questionam, por exemplo, a profundidade da intervenção física na via de tráfego de veículos. Sobretudo, do ponto de vista da estabilidade das árvores a partir da substituição do pavimento intertravado. Para isso, recomendam um acompanhamento técnico em conjunto de profissionais da área ambiental e de arquitetura.

Evidenciam também o emprego de máquinas pesadas para a remoção e compactação do solo. Sugerem, nesse caso, práticas menos intensas para permitir a estabilidade e a sobrevivência das tipuanas que formam o Túnel Verde.

Defendem ainda a necessidade de irrigar as árvores antes das obras. Isso contribui para aliviar o estresse e estabilizar o sistema radicular. Por fim, orientam a necessidade de um trabalho de podas de limpeza antes de as intervenções começarem. Tal medida contribui para a segurança não só dos pedestres, mas também dos trabalhadores.

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As recomendações técnicas dos especialistas foram feitas a pedido do Conselho Municipal de Meio Ambiente e Saneamento Básico. Tais documentos foram protocolados na Procuradoria-Geral do Município e no Ministério Público, que instaurou um inquérito civil para investigar e prevenir danos ambientais devido à supressão das tipuanas.

Árvores tombadas precisam ser estabilizadas, na avaliação da equipe

O Programa de Gestão do Túnel Verde defende a manutenção das árvores na esquina da Rua Marechal Floriano com a 28 de Setembro que se inclinaram e se apoiaram sobre a fachada de prédios. Esses exemplares, conforme os profissionais, se desestabilizaram devido às condições físicas estruturais em que se encontravam e às obras do calçadão, e foram podados drasticamente para preservar a parte basal dos troncos.

Diante dos fatos, o programa defende que essas tipuanas sejam tratadas com produtos fitossanitários para protegê-las do ataque de fungos, bactérias e insetos que podem comprometer a preservação. Também sugere que o solo no entorno de cada exemplar seja acomodado, para melhorar suas propriedades, sem o rompimento das raízes. Nesse processo, são necessários a retirada do resto de obras e o isolamento dos canteiros. 

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Para estabilizá-las, recomendam acondicionar os troncos na situação mais próxima do estado original. Tal medida pode ser feita com uma retroescavadeira para escorar as árvores até o alinhamento vertical ideal.

Depois disso, é necessário realizar o escoramento com a instalação de quatro estacas fixadas às tipuanas. Isso permitirá a estabilização e o novo posicionamento do tronco. Conforme o documento, o tempo necessário para manter esse sistema pode variar de seis meses a dois anos, até que a árvore desenvolva raízes suficientes para se sustentar sozinha.

O programa também propõe a irrigação abundante dos canteiros das árvores para que o solo volte a se acomodar no entorno das raízes. Salienta ainda a drenagem do excesso de sedimentos e resíduos da obra, o que deve ser feito de forma controlada para evitar excesso de umidade. 

Para garantir a proteção aos pedestres nesse trecho, recomenda-se a instalação de barreiras para evitar acidentes, uma vez que as árvores estarão com as escoras. Segundo os profissionais, tais intervenções devem ser adotadas imediatamente para contribuir na recuperação das árvores desestabilizadas durante a obra. 

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Reiteram ainda a supervisão técnica por profissionais habilitados durante as ações, além de monitoramento permanente. Mais medidas podem ser adotadas se for necessário.

Duas árvores podem ser mantidas na próxima etapa

Na próxima quadra a receber a ampliação do calçadão, os especialistas avaliaram que não há necessidade de remover duas tipuanas, uma situada na esquina da Floriano com a Júlio de Castilhos e outra na com a Ramiro Barcelos. Tais exemplares, segundo eles, podem ser mantidos sem comprometer a segurança de pedestres e das edificações.

“Respeitamos o projeto técnico da obra do calçadão da Floriano, mas entendemos que ele pode se adaptar às árvores, e não o contrário. Isso justamente vai ao encontro do esforço coletivo pela preservação, ao máximo, da integridade das árvores”, consta no documento.

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No entanto, entenderam como possível a supressão de duas árvores situadas em frente ao Colégio São Luís. Os profissionais avaliaram que, diante do cronograma executivo da obra, a decisão “mais sensata” é pelo corte. Isso deve-se também ao fato de estarem desvitalizadas e com os troncos inclinados totalmente em projeção sobre a rua.

“Diante disso, e pelo tempo extremamente exíguo, entendemos como prudente e ponderada a supressão”, escrevem. Destacam que, caso o poder público tenha interesse em conservá-las, é possível trabalhar nessa alternativa.

Dois espécimes situados em ponto específico da via são apontados como os que podem ser suprimidos | Foto: Rodrigo Assmann

Também avaliaram como “extremamente necessário” a supressão de outra tipuana na mesma quadra, que se encontra entre a Joalheria e Ótica Kothe e a Farmácia São João. Segundo eles, o exemplar está desvitalizado, com aproximadamente 80% da copa comprometida e em processo avançado de envelhecimento. A necessidade de intervenção é urgente, diante do risco de quedas de galhos secos.

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