Direto da Redação: fantasmas que pairam sobre nós

Esta semana foi marcada por muita comoção no âmbito da espiritualidade. Poucas personalidades têm tamanha projeção global e tamanha importância enquanto formadoras e balizadoras de condutas, individuais e coletivas, como as de um líder espiritual de uma grande congregação estabelecida ao longo de milênios. No caso do papa Francisco, nos últimos 12 anos ele se tornou presente no imaginário de bilhões de pessoas. E agora ele partiu.

Na última segunda-feira, e na sequência ao final de semana da Páscoa, por si só marcado por emoção e devoção, veio a notícia de que Francisco falecera, depois de um período de convalescença. Neste sábado, será sepultado. A perda de um expoente da espiritualidade da grandeza de Francisco só poderia levar a todos, mesmo os não católicos, mesmo os que não professam a fé cristã, a um abalo: é a passagem de um ciclo. Ficam, claro, as mensagens que Francisco (ou o cidadão argentino Jorge Bergoglio, pois suas condutas humanas exemplares antecedem a elevação à condição de líder máximo dos católicos) compartilhou com a humanidade. São tais e tão oportunas, necessárias, que ficam como inspiração para os séculos.

Por uma dessas coincidências do destino, em 4 de fevereiro último chegara às livrarias brasileiras um volume que, desde então, tem sido apreciado por ávidos leitores. Esperança: a autobiografia, escrito em colaboração com o jornalista Carlo Musso, traz reflexões de Francisco sobre sua vida e obra. Foi editado pelo selo Fontanar, do grupo Companhia das Letras, em tradução de Federico Carotti. A obra foi organizada a partir de depoimentos que o papa concedeu a Musso entre 2019 e 2024.

Fiel a sua formação franciscana, na página 338 da edição brasileira emite: “Honrar o mandamento divino de proteger a casa comum e, ao mesmo tempo, defender a sacralidade e a dignidade de toda vida humana é uma das maiores emergências de nosso tempo. O fantasma da mudança climática paira sobre todos os elementos, ameaçando a água, o ar, os alimentos e os sistemas energéticos”. É uma ameaça que a cada poucos dias (quando muito semanas ou meses) se concretiza em alguma região, como foi no Rio Grande do Sul há exatamente um ano. Papa Francisco já não estará presente na Terra quando a próxima catástrofe se materializar, sabe-se lá quando e onde. Mas suas palavras e advertências (seu pedido de engajamento) ficam para aqueles que têm escrúpulos, num mundo em que cada vez menos gente os parece ter.

Em reportagem especial nas páginas centrais desta edição, a jornalista Vanessa Behling (com imagens de autoria do fotógrafo Alencar da Rosa, que testemunhou e viveu na pele o drama da enchente de 2024) mostra como estão, um ano depois, as marcas deixadas pelas águas em Sinimbu. Que tudo isso seja tão somente uma triste memória do passado, e jamais um drama recorrente no futuro. Em boa parte, isso também depende de nós. Bom fíndi!

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