Lar ‘temporário’: um ano após a enchente no RS, cerca de 400 pessoas ainda vivem em abrigos públicos


Moradores esperam por programas de habitação. Centro Humanitário de Acolhimento Vida, na Zona Norte de Porto Alegre, conta 142 pessoas no espaço. Famílias ainda vivem em abrigos no RS
Cerca de 400 pessoas ainda vivem em abrigos públicos em oito cidades do Rio Grande do Sul desde as enchentes de maio de 2024. É como se o relógio tivesse parado quando a catástrofe climática levou tudo de milhares de gaúchos. O lugar feito para ser temporário já dura quase um ano.
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Esses moradores esperam por programas de habitação do governo federal e estadual, mas, enquanto isso, seguem nos centros de acolhimento.
Contexto: o estado foi atingido por uma enchente histórica em maio de 2024, que provocou danos em quase todos os municípios, devastou cidades da Região Metropolitana e Vale do Taquari, retirou milhares de casa e deixou 183 mortos, além de 27 desaparecidos. De todo o país, voluntários e doadores se mobilizaram para prestar ajuda aos atingidos.
A reportagem da RBS TV entrou em contato com o Ministério da Reconstrução do Governo Federal para entender quando as pessoas poderão retornar às suas casas. A pasta informa que está pressionando para que, em um prazo de 30 a 90 dias, possam zerar a fila de espera.
De acordo com o ministro da Reconstrução, Maneco Hassen, a pasta já entregou mais de duas mil moradias pelo programa de Compra Assistida e autorizou a construção de mais de sete mil imóveis em todo o estado.
“A construção que estamos autorizando agora vai levar um ano, dez meses, dezesseis meses até ficar pronta. E o Compra Assistida todos os dias estamos assinando contrato, entregando chave. Então, aquelas famílias que conseguirem se encaixar no compra assistida, nós acreditamos que mais 60, 90 dias nós devemos esgotar esse processo”, explica Hassen.
Centro Humanitário de Acolhimento Vida, no bairro Costa e Silva, na Zona Norte de Porto Alegre
Reprodução/ RBS TV
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O Centro Humanitário de Acolhimento Vida, no bairro Costa e Silva, na Zona Norte de Porto Alegre, é um desses locais onde estão os desabrigados. Atualmente, 142 pessoas vivem no espaço, divididas em alas: familiar, masculina, feminina, LGBTQIA+.
Nas paredes do espaço infantil, desenhos coloridos e esperançosos. Casas que talvez lembrem as que foram levadas pela água, ou talvez sejam sonhos novos, casas que ainda não existem — mas que elas já sabem imaginar.
“Eu sei que quando acabar a enchente a gente nunca mais vai se ver, mas vou lembrar de vocês duas”, escreveu Manu em uma cartinha para as “tias da recriação”.
Espaço de recreação no Centro Humanitário de Acolhimento Vida
Reprodução/ RBS TV
Segundo Eugênio Guimarães, coordenador de operações da Organização Internacional para as Migrações (OIM), esta é a fase de retomada da vida dos moradores:
“Agora nós estamos na fase após quase um ano da catástrofe e, desde o início da operação, dia 11 de julho, já voltando agora para os programas habitacionais, a retomada da vida das pessoas para as suas residências ou as residências que estão sendo promovidas pelo governo do estado do Rio Grande do Sul com as moradias temporárias”, diz.
O senhor Aparecido, um dos primeiros a chegar no Centro, foi contemplado com o programa Compra Assistida. Está de malas quase prontas para uma casa nova — depende agora dos trâmites com o banco.
“Restou sim, a vida que Deus deu pra continuar lutando”, relata.
Senhor Aparecido, abrigado no Centro Humanitário de Acolhimento Vida
Reprodução/ RBS TV
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