BYD Dolphin Mini – Pequeno ícone “verde”

O marco fundamental na estratégia da BYD para crescer no mercado brasileiro aconteceu em julho de 2023, quando a marca chinesa apresentou o hatch compacto totalmente elétrico Dolphin, na época, com preço de R$ 149.800 – atualmente, parte de R$ 159.800. Surpreendeu não apenas pelo preço abaixo do esperado, mas porque o carro era bem superior aos seus principais rivais de até então. E o Dolphin rapidamente conquistou a liderança nacional de vendas entre os elétricos – até março do ano passado, quando a BYD apresentou o Dolphin Mini. Importado de Shenzhen, na China, onde recebe o nome de Seagull (“gaivota”), foi lançado no Brasil por R$ 115.800 e atualmente parte de R$ 118.800. O subcompacto rapidamente assumiu a liderança das vendas nacionais de veículos 100% elétricos. Em 2025, foram emplacadas no mercado brasileiro 6.554 unidades do Dolphin Mini de janeiro a março – ou seja, 50,53% dos 12.972 automóveis carregáveis exclusivamente em tomadas comercializados no Brasil no primeiro trimestre.

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            O visual do Dolphin Mini lembra uma versão simplificada de outros BYD, como o Dolphin, o Yuan e o Seal – todos dentro do estilo “Ocean”, inspirado no mar e nas criaturas marinhas. O subcompacto é um pouco mais alto que o Dolphin – cerca de um centímetro –, chegando a 1,58 metro. Tem 3,78 metros de comprimento (ante 4,12 metros do Dolphin), 1,71 metro de largura (1,77 metro do Dolphin) e 2,50 metros de distância de entre-eixos (2,70 metros do Dolphin). Os faróis são em leds e as rodas em liga leve têm 16 polegadas, com pneus 175/55 R16 80H. Na traseira, letras cromadas ostentam o slogan motivacional da BYD – “build your dreams” (“construa seus sonhos”). São três opções de cores: Branco Apricity (com interior rosa e azul escuro), Verde Sprout (com cabine em azul claro) e Preto Polar Night (cabine em azul escuro e preto).

            O BYD mais barato à venda no Brasil tem motor de 75 cavalos de potência e 13,8 kgfm de torque – instantâneo, como em todo o veículo 100% elétrico. De acordo com a BYD, o Dolphin Mini acelera de zero a 100 km/h em 14,9 segundos e pode chegar à velocidade máxima de 130 km/h. A bateria Blade é de 39 kWh, integrada à plataforma 3.0 – exclusiva para veículos puramente elétricos e responsável por integrar o sistema de alta tensão e a bateria com o chassi do carro. A autonomia é de 280 quilômetros, conforme dados do PBEV do Inmetro.

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            O interior do Dolphin Mini oferece espaço para quatro pessoas. Existe uma versão com cinco lugares com as mesmas dimensões, que custa R$ 4 mil a mais e parte de R$ 122.800 – além dos recursos que a legislação exige para o quinto ocupante (cinto de segurança central de três pontos e apoio de cabeça adicionais), a variante também incorpora câmera de 360 graus. O Dolphin Mini tem a multimídia ICS (Intelligent Cockpit System) com tela flutuante de 10,1 polegadas e rotação elétrica – pode ficar na posição horizontal ou vertical –, espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay, carregamento por indução para smartphone, portas USB-A, USB-C e tomada 12V, painel de instrumentos de LCD de 7 polegadas, direção elétrica e ajuste manual de altura e de profundidade do volante. O porta-malas tem 230 litros.

            Em termos de segurança, o Dolphin Mini tem seis airbags – frontais, laterais e de cortina. Conta com assistência de partida em rampa, Cruise Control (ACC), monitoramento de pneus, freio de estacionamento eletrônico, função auto hold, sensores de estacionamento e câmera de ré. Traz ainda a função Brake Booster com os freios ABS, a frenagem regenerativa, os controles de estabilidade e dinâmico veicular, que integram o controle de tração, a assistência hidráulica e a distribuição eletrônica de frenagem.

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            Somando as vendas do Dolphin Mini às dos outros BYD 100% elétricos – como o hatch compacto Dolphin, o SUV compacto Yuan, o sedã cupê compacto Seal, o SUV de sete lugares Tan e o sedã grande Han –, a participação da marca no segmento ultrapassa os 75% do mercado nacional de automóveis movidos exclusivamente por baterias. Parte da hegemonia da BYD entre os modelos elétricos e híbridos no Brasil pode ser creditada à rápida expansão na rede nacional de concessionárias. Até o mês passado, já contava com 165 revendas no país e planeja expansão até 272 unidades no final de 2025. E a matriz na China já avisou que o Dolphin Mini está cotado para ser o primeiro a ser produzido em sua futura fábrica de Camaçari, na Bahia, com inauguração prevista para o segundo semestre deste ano.

Experiência a bordo

Espaços valorizados

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            A versão avaliada do Dolphin Mini era a de quatro lugares – traz somente dois cintos de segurança e dois apoios de cabeça no banco traseiro. Os bancos dianteiros são em formato de concha, bastante aconchegantes, e o traseiro é inteiriço. O ajuste manual de altura e de profundidade do volante ajudam o motorista a achar a posição adequada. Com bom acabamento e revestimentos que simulam couro, o banco do motorista tem ajuste elétrico em seis posições e o do passageiro da frente pode ser regulado manualmente. Tanto na frente quanto atrás, é possível viajar de maneira confortável, sem apertos nos ombros, na cabeça ou nos joelhos – na versão com três lugares atrás, certamente o espaço para os ombros não é tão privilegiado. Há bastante plástico duro nos revestimentos da cabine, mas as várias superfícies acolchoadas elevam o padrão.

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            O multimídia ICS (Intelligent Cockpit System) tem tela flutuante de 10,1 polegadas e rotação elétrica, com espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay, navegação embarcada e um assistente pessoal. A tela concentra parte dos comandos do ar-condicionado, que é analógico, sem temperatura pré-determinada. Abaixo dela ficam os seletores de marchas e de modos de condução, além do botão de partida. O painel de instrumentos de LCD tem 7 polegadas e há carregamento por indução para smartphone, portas USB-A, USB-C e tomada 12V. O Dolphin Mini oferece ainda controle de cruzeiro, luzes de leitura, vidros elétricos, função “Follow me Home” (faz com que os faróis e as lanternas permaneçam acionados por um tempo determinado após o desligamento do veículo) e retrovisores com aquecimento, ajuste elétrico e rebatimento manual. O subcompacto elétrico da BYD tem porta-malas de 230 litros, mas pode chegar a 930 litros com o banco traseiro rebatido.

Impressões ao Dirigir

Movimento nas ruas

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            Há apenas dois anos, era inconcebível achar no Brasil um carro elétrico que custasse o mesmo preço de similares a combustão. Dos poucos modelos carregáveis em tomadas disponíveis, a maioria ostentava valores exorbitantes, design exótico ou aparência frágil – ou uma combinação das três características. Com preço competitivo, estilo agradável e aparência consistente, o Dolphin Mini cumpre bem sua função de veículo urbano. O motor elétrico de 75 cavalos de potência e torque (imediato) de 13,8 kgfm dá conta de mover os 1.239 quilos do subcompacto chinês, com retomadas convincentes e boa dirigibilidade. As dimensões reduzidas ainda geram vantagem para quem precisa deslocar-se nos engarrafamentos cotidianos – além de viabilizar vagas impraticáveis para carros maiores. Já nas estradas, é melhor calcular bem as ultrapassagens – as retomadas são graduais e a máxima é de 130 km/h. Na prática, nada muito diferente da performance dinâmica de um compacto com motor flex 1.3 aspirado – sem o vigor dos turbinados, mas longe da morosidade dos aspirados 1.0.

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            A suspensão do menor modelo da BYD poderia ser mais bem resolvida, especialmente a traseira, que tem eixo de torção com calibragem excessivamente macia. Subdimensionados para as maltratadas ruas brasileiras, os amortecedores têm curso curto demais – e o final de curso deles aparece frequentemente nos pisos mais irregulares, acompanhado de solavancos. Nas curvas rápidas, a carroceria oscila além do desejável, também por conta do conjunto suspensivo pouco rígido. Os estreitos pneus 175/55 R16 não colaboram para manter o equilíbrio nos trechos sinuosos. No entanto, a proposta do Dolphin Mini é ser dirigido de forma mais serena, e não como um esportivo. Um acerto mais “tropicalizado” na suspensão traseira e pneus mais robustos são inovações que certamente estarão na futura versão “made in Brazil” do modelo. Outro momento de estranhamento surge quando chove. Há apenas um limpador de para-brisa na frente, porém, ele é grande e pantográfico – dá conta de manter uma visibilidade correta na ampla área envidraçada frontal. Já no vidro traseiro, onde não é obrigatório, não há limpador de para-brisa algum – para quem está acostumado com o equipamento, faz alguma falta.

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            O Inmetro estabelece autonomia de 280 quilômetros para o Dolphin Mini. Sem abusos no pedal do acelerador e em trajetos com poucos aclives, o alcance do veículo pode beirar facilmente os 350 quilômetros.  São três modos de condução: “Eco”, “Normal” e “Sport”. O sistema de regeneração de energia ajuda a converter a energia cinética do carro em frenagens ou desacelerações em carga para a bateria. A regeneração também pode ser ajustada em dois níveis. O modelo oferece duas formas de carregamento. A AC (corrente alternada), que utiliza um carregador doméstico ou dos postos públicos, permite reabastecer a bateria em cerca de sete horas. Já no carregamento rápido DC (corrente contínua), vai de 10% a 80% de capacidade em cerca de 30 minutos. Contudo, o recomendável para qualquer proprietário de carro elétrico é ter um carregador em casa ou no trabalho.

Ficha técnica

BYD Dolphin Mini

Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Motor: elétrico síncrono transversal dianteiro

Bateria: Blade (LFP) de 38,8 kWh

Autonomia: 280 quilômetros (PBEV)

Potência: 75 cavalos

Torque: 13,7 kgfm

Transmissão: automática com uma marcha

Bateria de 38,8 kWh

Direção: elétrica

Tração: dianteira

Dimensões: 3,78 metros de comprimento, 1,71 metro de largura, 1,58 metro de altura, 2,50 metros de entre-eixos

Peso em ordem de marcha: 1.239 quilos

Rodas e pneus: liga leve de 16 polegadas e pneus 175/55 R16

Porta-malas: 230 litros

Suspensão: dianteira MacPherson e traseira eixo de torção

Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com recuperação de energia

Preço: R$ 118.800

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix

Fotos: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

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