Segunda-feira, dia 21 de abril, o Brasil comemorou os 65 anos de fundação da cidade de Brasília, a capital da república. Com a proclamação da república (1889) e o fim da monarquia, os líderes republicanos queriam tirar a capital do Rio de Janeiro, considerada monarquista e simpática à família real.
Nos debates políticos de 1890, e na própria Constituição Federal de 1891, é anotada a ideia da transferência da capital. Que só se concretizou em 1961, durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956–1961). Setenta anos depois.
A interiorização da capital também seria uma forma de estimular a colonização do desabitado Cerrado e promover seu desenvolvimento social e econômico. Mas também contou o fato de Kubitschek desconfiar do clima golpista que se vivia no Rio de Janeiro, sede de vários quartéis e clubes militares.
A “guerra fria” entre russos e norte-americanos (pós guerra mundial), a revolução cubana e nossas crescentes demandas sociais geravam, à época, calorosos debates e provocações políticas, colocando permanentemente em xeque o governo de Juscelino. De fato, o temido golpe militar ocorreu em 1964!
A construção de Brasília é um dos maiores absurdos da história. Construir uma cidade no meio do nada custou muito aos cofres públicos. Aumentou a divida externa. E já naquela ocasião usaram o dinheiro da Previdência Social. Isso sem falar nos roubos, nas negociatas, nas notas frias emitidas para uma mesma carga de ferro, cimento e tijolos, destinados aos canteiros de obras.
E tão grave quanto gastar o que foi gasto, foi, depois, realizar a transferência (para Brasília) de milhares de funcionários públicos. Com todos os seus direitos ampliados e garantidos, por conta da mudança.
Uma série de adicionais que depois foram incorporados aos salários básicos e geraram aposentadorias milionárias. Brasília é uma conta que os brasileiros continuam pagando até os dias de hoje.
Pior: com a transferência do poder político de uma cidade para outra, de uma metrópole para o meio do nada, o povo foi afastado da oportunidade de realizar pressão no dia a dia sobre os parlamentares e os governantes.
O que determinou o acomodamento e a decadência da qualidade da representação política, hoje tão evidente. Quando a capital era no Rio, era possível ao parlamentar manter sua profissão e seu mandato concomitantes e conviver socialmente, atento à realidade social e exercendo sua autocrítica.
Hoje isso é impossível. Afinal, Brasília é uma “ilha”. Imune e indiferente. Aliás, esse distanciamento e o isolamento ajudam a explicar a sucessão e os crescentes escândalos e casos de corrupção.
Não à toa, nos últimos anos, diferentes personagens e cidadãos de todos os recantos nacionais têm repetido o mesmo refrão: menos Brasília, mais Brasil!
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