O sentimento clubístico fez com que os brasileiros mais gozadores externassem a sensação de estar com um pé atrás quando a fumaça branca subiu na chaminé da Capela Cistina, em 2013, anunciando que um argentino seria o próximo papa. Não foi possível, em um primeiro momento, pensar em quem seria aquele Jorge Mario Bergoglio – apenas veio à mente as cruéis jogadas de Maradona, a habilidade de Caniggia e de tantos outros que nasceram no país vizinho e deram trabalho para a Seleção Brasileira de futebol.
Bergoglio virou Francisco e mostrou que os clubistas estavam enganados. Por mais que tenha vivido momentos de questionamento até dentro da Igreja Católica, por sua visão mais progressista e atitudes que fizeram a instituição abrir-se para muitos públicos, em especial os excluídos, pode-se dizer que chegou ao fim da jornada com o dever cumprido. Foi além disso. O argentino torcedor do San Lorenzo conseguiu uma popularidade que deu toda razão à música da banda Engenheiros do Hawaii, que disse: “O papa é pop.” É claro que fazia alusão a João Paulo II, mas cabe muito bem a Francisco.
Não poderia ter sido mais adequada, também, a escolha do nome feita por Bergoglio. Francisco – o santo – era de uma família abastada e abriu mão de todos os recursos para viver na humildade. No Vaticano, o seu homônimo fez questão de ser o mais simples possível, abrindo mão do palácio para viver em uma hospedaria. Deu exemplo até no seu derradeiro ato na terra: a despedida. Acabou com uma série de hábitos e simplificou o velório e sepultamento.
O hermano Francisco trouxe um novo tom para a Igreja, que estava opaca, diante de um mundo com a fé abalada. Foi incisivo no momento de assumir as responsabilidades que, muitas vezes, foram empurradas para baixo do tapete e, ao mesmo tempo, foi aquele senhor bonachão, divertido, que brinca com as palavras, como fez ao dizer: “Se o papa é argentino, Deus é brasileiro.” Com esse pensamento mais irreverente, ele conseguiu cativar católicos e não católicos e reforçar a característica de liderança religiosa mundial.
“Na natureza em flor na presença do amor, vem me ajudar a carregar a cruz, Francisco cavaleiro da luz”, cantou Moacy Mendes em letra feita para enaltecer os Franciscos. O argentino veio ao Brasil apenas uma vez – aliás, foi o primeiro país que visitou após assumir o pontificado. E, mesmo assim, não falta vontade de, com o devido respeito, chamá-lo de papa Chico, que é quase brasileiro, porque não faltaram situações em que lembrou o nosso jeito de ser. Pensando assim, concordando com sua fala, relevamos a piadinha de que tomamos muita cachaça e estamos com pouca fé. Fará falta, seu Chico!
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