Um evento organizado na manhã da última terça-feira, 8, no prédio 9 da PUCRS, na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, debateu as potencialidades de um modelo alemão de formação profissional híbrida, que envolve aulas teóricas em uma instituição e contrapartida prática em empresas parceiras. Uma comitiva de lideranças de Santa Cruz do Sul acompanhou a atividade, tendo sido liderada pelo secretário de Cultura e Economia Criativa, Douglas Albers. Venâncio Aires também enviou representantes.
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O Seminário “Duale Ausbildung e a nova economia: conceito, casos e oportunidades e as relações Rio Grande do Sul-Alemanha” decorreu de uma iniciativa de Rafael Gessinger, subsecretário da Justiça e Integridade Institucional da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul (SJCDH/RS). No começo de 2023, ele fora designado presidente da Comissão Oficial do Bicentenário da Imigração Alemã no RS, cujas comemorações ocorreram ao longo de 2024.
Veja o vídeo completo do seminário:
A atividade foi organizada em parceria com o Centro de Estudos Alemães e Europeus (CDEA), da Ufrgs, e com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de Porto Alegre, com apoio da PUCRS. A mesa de abertura, às 8h30, deu uma dimensão do envolvimento e do engajamento institucional binacional na proposta. Participaram o reitor da PUCRS, Manuir Mentges; o cônsul-geral da Alemanha em Porto Alegre, Marc Bogdahn; o presidente da Câmara Brasil-Alemanha, Cleomar Prunzel; o deputado estadual Elton Weber e o professor Draiton Gonzaga de Souza, vice-presidente do CDEA e pró-reitor da PUCRS.
Na sequência, três painéis debateram o modelo alemão “Duale Ausbildung” (com explanações de representantes do Colégio Humboldt, de São Paulo, e de especialista em educação), a nova economia e a formação profissional que ela exige (a partir da percepção de instituições como Fecomércio RS e Senai-RS/Fiergs) e iniciativas e oportunidades (a partir do depoimento de líderes da Unisinos, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, do Instituto Goethe e da Rödl & Partner).
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A expectativa de Gessinger, idealizador da atividade, é de que a partir de agora iniciativas em diferentes regiões gaúchas possam levar da teoria à prática em torno das ideias lançadas. Para tanto, diz, é fundamental que entidades e organismos identificados com o ensino manifestem empenho em adotar o modelo Dual e empresas sejam sensibilizadas a se engajar, recebendo os estudantes.
“Talvez seja o momento de uma integração efetiva”
Idealizador da iniciativa de organizar o seminário, Rafael Gessinger, bacharel e mestre em Direito pela Ufrgs, licenciado, mestre e doutor em Filosofia, foi elogiado de forma recorrente por todas as lideranças, brasileiras e alemãs, que prestigiaram o ato na PUCRS. Ele salientou que se inspirou muito especialmente a partir de interesse manifestado por representantes de dois dos 16 estados alemães em implementar parcerias mais efetivas de formação profissional com o Rio Grande do Sul. São eles Renânia-Palatinato e Hessen.
“O governo do estado de Hessen, depois que uma comitiva nos visitou, nos fez uma provocação. Disseram: estamos passando pordificuldades no que diz respeito a mão de obra qualificada. Vocês não têm esse problema aí? Não gostariam de fazer uma parceria nessa área? Temos um modelo de formação profissional, o Duale Ausbildung, que é a formação dual profissional, entre empresa e escola, hospital e escola, agricultura e a escola…”, frisa Gessinger.
A partir dessa manifestação de intenção, ele se determinou a organizar um espaço para debate entre os diversos atores junto aos quais a proposta poderia vingar e se tornar concreta. “O seminário foi pensado para dar voz a essas entidades, a esses atores”, salienta. “Pensei: já temos iniciativas como as de Sesc, Fecomércio, Senai, Fiergs, e temos o Instituto Goethe, com alguns programas, bem como várias universidades com ações.”
Seu esforço ocorreu no sentido de convidar tais atores e ainda o Colégio Humboldt, de São Paulo, o único no Brasil que é 100% dentro desse modelo alemão, sendo financiado pelo governo alemão, e atendendo ao Parque Industrial de São Paulo. “Minha função quero crer que tenha sido essa de provocar, mas não de inventar a roda. Estamos aproximando e convidando os atores e daremos um passo adiante para que essas irmandades que já existem, e há 15 cidades no Rio Grande do Sul que têm irmandade com cidades alemãs, possam se desenvolver cada vez mais”, comenta.
Gessinger apontou as potencialidades de Santa Cruz do Sul, como cidade originária a partir de colonização alemã, iniciada em 1849, numa possível aproximação com governos, entidades, organismos e empresas alemãs.
“Talvez seja o momento de os gaúchos se unirem e tentarem pensar: vamos traduzir isso em coisas mais concretas”, menciona. “Por quê? Porque os nossos irmãos de São Paulo, do Rio de Janeiro, até de Minas Gerais, são muito mais pragmáticos. Eles não estão muito preocupados se têm ou não têm um sobrenome alemão. Eles manifestam o interesse em parcerias, tomam a frente e viabilizam projetos nas mais diversas áreas da socioeconomia. É hora de agir!”
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