
Alfândega do país publicou uma lista de produtos que serão isentos das taxas. Entre eles, estão smartphones, computadores, roteadores, chips e semicondutores. EUA voltam atrás e isentam celulares, computadores e chips de tarifaço
Os Estados Unidos anunciaram um novo recuo na guerra comercial de Donald Trump. E decidiram excluir produtos eletrônicos das chamadas tarifas recíprocas.
Foi uma semana de escalada sem precedentes entre as duas maiores economia dos mundo. Os Estados Unidos passaram a cobrar um total de 145% de tarifas sobre as importações chinesas.
E, na China, entrou em vigor neste sábado (12) a taxação de 125% sobre os produtos americanos.
A guerra tarifária entre os dois países atingiu níveis que, para muitos economistas, já representam um embargo comercial. A própria China admitiu que, com as taxas atuais, o comércio entre os dois países ficou totalmente inviável.
Até que ontem foi dado o primeiro passo para trás. Veio do governo americano, quase na calada da noite, sem grandes anúncios.
Foi a alfândega dos EUA que publicou uma lista de produtos que serão isentos das tarifas recíprocas — incluindo as impostas à China. São smartphones, computadores, roteadores, chips, semicondutores e outros eletrônicos.
Eles ficam fora da taxação de 10% para todos os países e de 125% imposta à China. Mas esses produtos vindos da China vão continuar com uma tarifa de 20%, criada por Trump em fevereiro, quando o presidente americano alegou que Pequim deveria fazer mais para combater o tráfico de fentanil — um analgésico responsável por uma epidemia de overdose nos EUA.
EUA excluem eletrônicos das tarifas recíprocas, em novo recuo na guerra comercial.
Reprodução/TV Globo
A Casa Branca vinha resistindo à pressão. Passou a semana negando uma isenção aos produtos eletrônicos. Neste sábado, se limitou a dizer que os EUA não podem depender da China para a fabricação de tecnologias críticas, como de semicondutores, smartphones e laptops.
E lembrou que, graças ao presidente, as maiores empresas de tecnologia do mundo estão investindo trilhões de dólares no país e se esforçando para transferir as produções para os EUA o mais rápido possível.
Cerca de 80% dos iPhones vendidos nos EUA são fabricados na China. O diretor executivo da Apple, Tim Cook, já disse no passado que os EUA não têm mão de obra qualificada para competir com a China nesta produção.
Cook, que doou US$ 1 milhão para a festa de posse de Trump, foi um dos empresários que mais pressionaram o republicano pela isenção das tarifas aos eletrônicos.
Quem paga por elas são as companhias americanas que importam os produtos de outros países. No caso de um iPhone produzido na China, a Apple arcaria com a taxa.
Segundo analistas, o custo seria repassado aos consumidores. E o preço de um iPhone poderia subir de US$ 1 mil para US$ 1,6 mil. Essa possibilidade levou a uma corrida pelo telefone nesta semana. Pelo menos por enquanto, a corrida pode desacelerar.
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