Professora de Língua Portuguesa e de Literatura aposentada, a escritora Clarice Dörr esteve em Santa Cruz do Sul na manhã deste sábado, 12, para autografar seu novo livro. E, nesse caso, apresentará mais um volume de narrativas curtas, Os dois lados do rio e outros contos. O lançamento ocorreu na Livraria e Cafeteria Iluminura, na esquina das ruas Marechal Floriano com Borges de Medeiros, na área central da cidade. Com 133 páginas, e sob o selo da editora paulista Giostri, a obra é comercializada ao valor de R$ 69,00.
Natural de Estrela, mas radicada em Venâncio Aires, Clarice tem forte ligação com Santa Cruz. Além de ter morado por uma temporada de cerca de seis anos na cidade, quando cursava o Ginásio no Colégio das Irmãs, posteriormente realizou parte de sua formação acadêmica na Unisc. Ela é graduada em Letras, com habilitação em língua inglesa, e ainda em Ciências Jurídicas e Sociais. Nessa área, no entanto, não chegou a atuar.
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Cumpriu, isso sim, carreira exitosa em sala de aula como professora nas áreas de Letras, da qual hoje é aposentada. E foi a partir do momento em que pôde se afastar mais da rotina no ensino que retomou a sua inclinação para a escrita. Sua investida ocorreu justamente na narrativa curta, com contos de variadas extensões.
A temática estava apoiada, claro, em situações do cotidiano, que vivenciou ou testemunhou. Na quinta-feira, 10, conversou com o Magazine por telefone e detalhou seu método de escrita. “A gente sempre parte daquilo que conhece ou que presencia, ou que sente, mas naturalmente não são contos autobiográficos”, salienta. “O que faço é ficção.”
Clarice ressalta que, num primeiro momento, cogitou denominar o volume de “Contos aleatórios”, dado o fato de que eles foram surgindo e sendo agrupados em torno de situações diversas, sem nexo entre si. Mas, por fim, lançou mão do título de um deles, “Os dois lados do rio”, para nomear o conjunto. A partir da própria referência ao espaço natural, frisa que seus enredos abordam questões atuais, a começar pelo meio ambiente, bem como a ancestralidade e as raízes, além da condição feminina na sociedade contemporânea.
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“Os contos desse livro surgiram como surgem as imprevisões da vida, aleatoriamente. Narrativas, algumas curtas, outras nem tanto, que contam fatos e impressões sobre homens e mulheres comuns e únicos em suas idiossincrasias e circunstâncias, como todos nós. As temáticas são atuais e polêmicas. Mas sempre necessárias”, define. “Muitos outros temas contemporâneos e atemporais entram para a discussão ao longo desses textos. O conto, muitas vezes, é uma espécie de alerta para que prestemos atenção aos sinais que a vida nos manda.”
Tem-se, portanto, mais uma voz impondo-se com firmeza e proeminência na cena literária e artística regional, fortalecendo esta e projetando-a em âmbito estadual, com segurança e protagonismo.
Espaço para a poesia
Se Clarice Dörr acaba de lançar seu segundo livro de narrativa curta, Os dois lados do rio e outros contos, esse não é o único gênero no qual se exercita. Ela também encontra na poesia uma via de expressão para inquietudes e para os temas que a tocam em sua humanidade.
A decisão de publicar ficção foi tomada imediatamente após a pandemia de Covid-19, período que aproveitou justamente para agrupar os textos que já mantinha em seu acervo. Foi em meados de 2020 que estreou com o volume de contos Zinka, então em edição viabilizada por conta própria.
O passo seguinte foi reunir originais de poemas, que havia produzido ao longo dos anos anteriores. Essa seleção resultou no livro Tal qual a chuva, fluxo poesia, lançado pela editora Viseu, ao final de 2024.
Atualmente, como confirma ao Magazine, está em vias de se aventurar em uma primeira experiência em narrativa longa. Mas sobre esse romance ainda não quer antecipar muitas informações. Em sua escrita, como frisa, além de entreter, busca propor olhares que sejam capazes de inspirar uma reflexão mais profunda sobre o cotidiano. “O que importa é ler. E refletir”, arremata.
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