Livro: olhar para mulheres privadas de liberdade

Um livro que foi lançado neste sábado, 12, na Casa das Artes Regina Simonis, no centro de Santa Cruz do Sul (Marechal Floriano, esquina com a Júlio de Castilhos), promove reflexão em torno do cerceamento à liberdade, com suas variadas decorrências pessoais, familiares e coletivas, e do papel da escrita (também da leitura) como meio de resiliência, de humanização e de superação. Corpos ardidos, nova obra da escritora Marli Silveira, chega sob o selo da editora Bestiário, de Porto Alegre, coordenada por Roberto Schmitt-Prym. Os exemplares, de 108 páginas, custam R$ 50,00.

O volume foi apresentado ao público no contexto da exposição Ímpares, que já está em cartaz na Casa das Artes Regina Simonis desde o dia 2 de abril e poderá ser conferida pelo público, com entrada franca, até 5 de maio. Essa mostra coletiva envolve 32 trabalhos de 16 artistas da região, os quais buscam ampliar as reverberações das mesmas temáticas abordadas por Marli Silveira.

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O evento de lançamento literário, na tarde deste sábado, inclusive contou com um bate-papo com os participantes e os coordenadores da exposição, sob a mediação da artista visual Juliane Mai. Esta inclusive realizou a curadoria das obras, em uma parceria com a escritora e pesquisadora.

As duas iniciativas, a mostra e o livro, decorrem de projeto que vem sendo conduzido por Marli desde 2012, com mulheres privadas de liberdade recolhidas ao Presídio Estadual Feminino de Rio Pardo. Nesse caso, junto às detentas, a autora e professora incentivou a leitura de obras diversas e a partir delas a escrita, num processo de subjetivação, que envolveu ainda saraus poéticos e rodas de conversa.

Na mesma linha de engajamento social, Marli já lançara em 2023 o livro Cartas de liberdades, apoiado em troca de correspondências com um detento do Presídio de São Borja. Antes ainda, em 2019, havia elaborado, dentro da mesma temática, o volume Liberdade rasurada: narrativa de dor e liberdades, pela BesouroBox.

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A investigação filosófica e existencial em torno da condição de mulheres privadas de liberdade, bem como as inúmeras decorrências práticas associadas, é uma das linhas da produção intelectual e acadêmica de Marli. Atualmente, ela é a presidente da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul, bem como integra a Academia Rio-grandense de Letras, sediada em Porto Alegre. Mestre em Filosofia e doutora em Educação, fez pós-doutorado pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e está em um segundo pós-doc, em Filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS).

Sua obra individual compõe-se de mais de três dezenas de títulos, em gêneros diversos, com destaque para a poesia e o ensaio. Corpos ardidos insere-se nessa via da reflexão ensaística, voltada a textos e composições de autoria do grupo de detentas do Presídio de Rio Pardo, elaborados no âmbito do projeto que Marli desenvolveu no local. Parcela desses originais das mulheres presas também faz parte da exposição Ímpares.

O novo livro de Marli terá destaque nas atividades de que participará na 35ª Feira do Livro de Santa Cruz, da qual é a escritora homenageada, evento que ocorrerá de 1º a 10 de agosto, na Praça Getúlio Vargas. Além de Corpos ardidos, a perspectiva é de que venha a ter outras obras prontas e impressas até aquele momento, como enfatiza. Será um momento de celebração, mas também de proposição e de reflexão.

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