
Após 21 dias lutando pela vida, a assistente social Delvânia Campelo da Silva, de 50 anos, não resistiu aos ferimentos provocados por uma tentativa brutal de feminicídio e teve a morte encefálica confirmada às 14h40 desta sexta-feira, 11. O crime chocou o Tocantins e reacende o alerta para a violência contra a mulher. A vítima estava internada em estado grave na UTI do Hospital Geral de Palmas (HGP) desde o dia 22 de março, quando foi violentamente agredida em uma chácara na zona rural de Caseara.
Segundo a família, Delvânia continuará salvando vidas mesmo após a morte. A família autorizou a doação de órgãos, decisão que faz jus à história de uma mulher dedicada às causas sociais e ao cuidado com o próximo. O processo de doação pode levar até 36 horas, e as informações sobre o velório serão divulgadas após a liberação hospitalar.
“Mesmo com a partida dela, Delvânia vai continuar fazendo o bem. Esse sempre foi o jeito dela. Uma mulher preocupada com os outros, sempre engajada no social. Agora, através da doação de órgãos, ela deixa parte de si espalhada pelo Brasil”, disse emocionada uma familiar em vídeo divulgado nas redes sociais.

O crime
Delvânia foi vítima de uma tentativa de feminicídio praticada, segundo a Polícia Civil, pelo ex-vice-prefeito de Caseara, Gilman Rodrigues da Silva, de 52 anos. O crime ocorreu no dia 22 de março e, segundo o inquérito, foi motivado por ciúmes e comportamento possessivo. Gilman teria desferido diversos golpes com uma arma branca – identificada como o cabo de um rodo – principalmente na região da nuca da vítima, que desmaiou devido à violência.
Durante o ataque, Delvânia ainda conseguiu pedir socorro em um grupo de WhatsApp, onde enviou áudios em desespero e uma imagem mostrando suas lesões. Gilman, por sua vez, também mandou mensagens no mesmo grupo tentando minimizar a situação e impedir a intervenção de terceiros.
Fuga e prisão
Após o crime, Gilman fugiu e se apresentou à polícia somente três dias depois, em Paraíso do Tocantins, acompanhado de advogado. Em depoimento, alegou legítima defesa, versão considerada contraditória pelas autoridades, especialmente por ele ter alegado que conseguiu desarmar Delvânia antes de agredi-la brutalmente.
Diante da gravidade do caso, do histórico de violência doméstica do acusado e do risco de novos crimes, a Polícia Civil solicitou sua prisão preventiva, que foi concedida pela Justiça. Gilman está recolhido na Unidade Penal de Paraíso à disposição do Poder Judiciário.

Caso deve ser reclassificado
Com a confirmação da morte encefálica de Delvânia, o caso, até então investigado como tentativa de feminicídio, deverá ser reclassificado como feminicídio consumado.