
Na pesca colaborativa, o boto cerca as tainhas e indica o cardume aos pescadores. Prática é patrimônio cultural imaterial do estado desde 2018. Botos ajudam pescadores na captura de peixes em SC
Um vídeo flagrou um boto ajudando pescadores na captura de peixes em Laguna, no Sul de Santa Catarina. A prática da pesca colaborativa, como é chamada essa interação, é patrimônio cultural imaterial do estado desde 2018. (assista acima).
A cena foi registrada em 2 de abril no Molhe da Barra, mas compartilhada só nesta semana. O local é conhecido como a “prainha dos botos” pela possibilidade de avistar a pesca a poucos metros de distância, segundo a prefeitura.
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🐬🤔 Como funciona? Na pesca colaborativa, o boto cerca as tainhas, as aproxima do canal e indica o cardume aos pescadores. O sinal para os pescadores se dá quando o mamífero tira a cabeça para fora d’água (veja mais abaixo).
Sérgio Honorato, que fez o registro, relatou que os pescadores pegaram muitas tainhas, peixe típico do litoral de Santa Catarina, nesse dia.
“Nesse local, os botos interagem com os pescadores. Isso acontece sempre, todos os dias”, comentou.
Pesca colaborativa
A lei 13.818/2016 deu a Laguna o título de capital nacional dos botos pescadores. Agora, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão elaborando um dossiê para fazer com que a tradição centenária seja reconhecida também pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Basicamente, a cooperação funciona com os golfinhos localizando os cardumes de tainhas por meio da sua ecolocalização e conduzindo-os até os pescadores. Estes, por sua vez, esperam que os botos sinalizem com movimentos corporais a presença dos peixes para lançarem as suas tarrafas”, detalha o professor Caetano Sordi, coordenador do projeto na UFSC.
Se o boto saltar da água, significa que o cardume está encurralado. Esse é o momento de jogar a rede.
“Ao final, ambos os parceiros se beneficiam da cooperação, pois o impacto das redes na água dispersa as tainhas que se tornam presas mais fáceis para os botos”, avalia o professor.
Boto ajudou pescadores a capturar peixes em Laguna (SC)
Sérgio Honorato/ Arquivo Pessoal
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Botos em Laguna
Segundo a secretária de Tursimo e Lazer de Laguna, Bárbara Andreadis, a cidade tem 11 pontos de avistamento, sendo o mais visitado o Molhe da Barra.
Aproximadamente 50 botos vivem e se reproduzem na lagoa – cerca de 22 deles são envolvidos na prática de pesca interativa com os humanos.
Ela conta que cada boto tem um nome dado pelos pescadores nativos, que os batizam quando ainda são filhotes, por meio de uma marca.
“Quando chegamos a um ponto de avistamento e vemos um boto ajudando o pescador, podemos perguntar qual é o nome do boto que está ali naquele momento”, comenta.
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