Polícia identifica crimes militares de 4 PMs envolvidos na morte de jovem no ES; eles deram 49 tiros


Relatório oficial do Comando-Geral da PM será enviado para a Justiça Militar estadual; dos 49 tiros disparados, cinco atingiram o jovem Danilo Lipaus Matos, 20 anos, em Colatina, Espírito Santo. Inquérito da PM sobre morte de jovem em Colatina aponta indícios de crime militar
Um documento oficial do Comando-Geral da Polícia Militar do Espírito Santo afirma que foram encontrados indícios de crime militar e de transgressão da disciplina militar no inquérito que apura a morte do jovem Danilo Lipaus Matos, 20 anos, durante uma ação policial em Colatina, no Noroeste do estado, em fevereiro deste ano.
Ao todo, o nome de sete militares são citados. Foram identificados indícios de crime na conduta de quatro deles: sargento Renan Pessimilio, cabo Rodrigo de Jesus Oliveira, soldado Eduardo Nardi Ferrari e soldado Guilherme Martins Silva. Eles dispararam 49 tiros em direção ao jovem.
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O documento foi obtido com exclusividade pela TV Gazeta.
No Inquérito Policial Militar, o soldado Ramon Lucas é também apontado pela prática de crime militar, mas a investigação entendeu que há indícios de que ele agiu sob amparo de excludente de ilicitude: quando o policial age em legítima defesa ou cumprindo ordem legal.
Danilo Lipaus Matos, de 20 anos, foi morto com mais de 40 tiros em Colatina, Espírito Santo, durante ação policial
Reprodução
Os cabos Roberth Willian e Bill foram inocentados. O soldado Guilherme foi identificado como responsável por lançar informações falsas ao boletim de ocorrência registrado.
O sargento Renan teria efetuado 15 disparos, a mesma quantidade que o soldado Eduardo. Já o cabo Rodrigo teria disparado 12 tiros. Outros policiais também atiraram: o cabo Roberth Willian Meirelles, uma vez; o soldado Ramon Lucas Rodrigues Souza, duas; e o cabo Bill Guidoni Ferrari, quatro. Foram, ao todo, 49 disparos, e cinco deles acertaram Danilo.
A Corregedoria da Polícia Militar confirmou que o relatório foi homologado e vai ser enviado para a Justiça Militar Estadual. O inquérito também segue para a análise de abertura de processo disciplinar na PM.
O relatório sugere também a liberação das armas utilizadas na ação policial para o uso operacional, assim como o fim do afastamento cautelar dos militares.
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Carro onde Danilo Lipaus Matos, 20 anos, foi atingido com mais de 40 tiros em Colatina, Espírito Santo, durante abordagem da Polícia Militar
Reprodução
Notas oficiais
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça junto à Auditoria Militar e da Promotoria de Justiça de Colatina, informou que segue acompanhando o caso e aguarda o recebimento do inquérito policial para análise de toda a documentação e, posteriormente, adoção das providências necessárias.
O g1 procurou a Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (Aspra-ES) para se posicionar sobre o caso, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
Relembre o caso
Danilo Lipaus dirigia uma Fiat Strada e foi morto durante uma abordagem policial ocorrida no bairro Aeroporto, no dia 1º de fevereiro deste ano.
Um vídeo flagrou o momento dos disparos. É possível ver o carro em que ele estava passa em alta velocidade e logo atrás uma viatura da PM. Um disparo é feito com os veículos ainda em movimento.
Jovem morto por policiais em Colatina, no ES, foi baleado 49 vezes
Depois, a picape de Danilo é cercada, os policiais descem da viatura e outros tiros são disparados. Outras viaturas chegaram ao local e houve uma grande movimentação de agentes.
O secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Leonardo Damasceno, disse que o estado precisava dar uma resposta rápida para a população.
“Não se atira em pessoa em fuga, nem em veículo em fuga, salvo se o veículo ou a pessoa estiver colocando em risco a vida dos policiais, ou de terceiros. Então isso precisa ser apurado. Realmente essa ocorrência chamou atenção, porque o Danilo não estava armado, estava sozinho dentro do veículo, o veículo já tinha parado, e nós tivemos essa quantidade de disparos que aconteceu”, disse Damasceno.
Com informações de Wilson Rodrigues, Carol Silveira e Vinícius Lodi.
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