Tesla de Elon Musk em crise: vendas desabam, ações afundam e futuro da montadora preocupa investidores

A fabricante de veículos elétricos Tesla vive um momento de reconfiguração profunda em sua trajetória. A empresa, que se consolidou como referência no setor de mobilidade elétrica, passa agora por um ambiente de retração, com quedas consecutivas nas vendas, desvalorização acentuada de suas ações e críticas vindas de investidores, sindicatos e analistas financeiros. A convergência de fatores políticos, econômicos e estratégicos colocou a marca no centro de uma tempestade que pode ter consequências prolongadas.

Pontos Principais:

  • A Tesla registrou queda de 13% nas entregas no primeiro trimestre de 2025.
  • As ações da empresa desvalorizaram mais de 50% desde dezembro de 2024.
  • A guerra comercial entre EUA e China elevou os custos de produção da Tesla.
  • Protestos e vandalismo atingiram concessionárias da Tesla na Europa e EUA.
  • Analistas estimam perda de até 20% da base futura de clientes na Europa.
  • Elon Musk é criticado por seu envolvimento político no governo Trump.
  • Fundos de pensão públicos relatam prejuízos com investimentos na Tesla.
  • Relatório financeiro detalhado da empresa será divulgado em 22 de abril.

Os primeiros três meses de 2025 registraram uma queda de 13% nas entregas de veículos em comparação ao mesmo período do ano anterior. O total de 337 mil unidades foi o mais baixo em três anos, marcando um ponto de inflexão na operação global da Tesla. No mesmo intervalo, o valor de mercado da empresa sofreu uma redução de mais de 50% desde o pico atingido em dezembro de 2024. Investidores que antes apoiavam a condução de Elon Musk passaram a cobrar mudanças de postura e gestão.

O envolvimento de Elon Musk com o governo dos EUA gerou reações negativas à Tesla, colocando a marca no centro de uma crise política e empresarial sem precedentes - Imagem gerada por IA.
O envolvimento de Elon Musk com o governo dos EUA gerou reações negativas à Tesla, colocando a marca no centro de uma crise política e empresarial sem precedentes – Imagem gerada por IA.

As críticas cresceram à medida que Musk assumiu papel ativo na política norte-americana, com forte envolvimento na gestão do presidente Donald Trump. A nomeação de Musk para liderar uma agência do governo gerou reações diversas, incluindo protestos em concessionárias da Tesla e ataques a veículos da marca, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. O cenário resultou em questionamentos sobre o futuro da empresa e sua capacidade de dissociar sua imagem dos embates ideológicos que se intensificam globalmente.

O peso da guerra comercial

A tensão comercial entre os Estados Unidos e a China impacta diretamente a estrutura de custos da Tesla. Com a imposição de tarifas de 10% por parte do governo norte-americano sobre todos os produtos importados e a resposta chinesa com tributos de até 34% sobre produtos americanos, a cadeia de produção da montadora se tornou mais cara e instável. A Tesla depende fortemente de fornecedores chineses para a fabricação de baterias e componentes estratégicos.

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A guerra tarifária atingiu um dos principais pilares da Tesla: a competitividade de seus preços em mercados internacionais. Com custos mais elevados, os veículos da marca perderam apelo diante de alternativas locais como BYD, Nio e Xpeng, que ganharam espaço tanto na China quanto em outros mercados da Ásia e da Europa. O efeito foi imediato: retração nas vendas e fuga de potenciais clientes, com projeções que indicam perda de até 20% da base futura de consumidores na Europa.

O analista financeiro Dan Ives, conhecido por seu histórico de apoio à Tesla, reavaliou o cenário com um corte de mais de 40% no preço-alvo das ações da companhia, reduzindo de US$ 550 para US$ 315. A mudança foi justificada pelas incertezas políticas, pelo aumento dos custos de produção e pela deterioração da percepção da marca nos principais mercados consumidores. Para ele, a Tesla se transformou em um símbolo político global, o que representa riscos para sua viabilidade futura.

Críticas de investidores e perdas bilionárias

O impacto da gestão de Musk sobre os negócios da Tesla vem sendo questionado por figuras do mercado financeiro que antes o apoiavam. Ross Gerber, um dos primeiros investidores da empresa, afirmou que os números recentes refletem uma situação crítica. Segundo ele, a Tesla pode não conseguir se recuperar se continuar vinculada às agendas políticas atuais. Outros acionistas sugerem que Musk deveria ser afastado da função de CEO.

A presidente da Federação Americana de Professores, Randi Weingarten, também expressou preocupação com o desempenho da empresa. Em cartas enviadas a gestores de fundos de pensão públicos, ela chamou atenção para os prejuízos associados à queda das ações da Tesla e pediu uma reavaliação das participações financeiras em nome da proteção dos ativos de aposentadoria dos trabalhadores. O controle financeiro da cidade de Nova York, por sua vez, relatou perdas superiores a US$ 300 milhões em apenas três meses.

A queda nas ações após o anúncio das tarifas de Trump e o envolvimento de Musk com o governo geraram um efeito cascata. A volatilidade do papel da Tesla aumentou, com investidores institucionais reduzindo sua exposição. Relatórios apontam que, além dos desafios de produção e vendas, a imagem corporativa da marca passa por uma crise sem precedentes, amplificada por atos de vandalismo e boicotes em diferentes países.

A questão da liderança e imagem pública

O papel de Elon Musk como figura pública influente passou a ser visto como um obstáculo ao crescimento da Tesla. Sua liderança em programas do governo Trump, como o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), levou a empresa a ser associada diretamente à agenda política republicana. Essa associação se refletiu em reações negativas entre consumidores e ativistas em várias regiões do mundo.

Em meio à crise de imagem, surgiram rumores sobre a possível saída de Musk do cargo público. Relatos indicam que ele estaria considerando se afastar de funções no governo, o que poderia ser uma tentativa de reduzir o desgaste da marca Tesla. Até o momento, no entanto, não houve confirmação oficial, e o governo norte-americano chegou a desmentir algumas dessas informações, classificando-as como imprecisas.

Internamente, Musk reconheceu que enfrenta dificuldades na condução dos seus empreendimentos e afirmou que sua atuação política tem consumido tempo e energia. Em entrevista recente, declarou que administrar todos os projetos em paralelo tem sido uma tarefa desgastante. A declaração alimentou ainda mais os questionamentos sobre sua capacidade de manter o foco nos negócios em meio a um ambiente de pressão constante.

Projeções para o próximo trimestre

A Tesla afirmou que os números de vendas do início de 2025 refletem uma transição em sua linha de produtos, em especial pela paralisação temporária da produção do Model Y. A empresa declarou que os dados não devem ser considerados como indicativo completo do desempenho financeiro do trimestre. Um relatório mais abrangente será divulgado em 22 de abril, com detalhes sobre receitas, custos e margens operacionais.

Mesmo com as justificativas apresentadas, a expectativa entre analistas é de que a Tesla enfrente um ano desafiador. Além da concorrência crescente com fabricantes locais nos principais mercados, a empresa terá que lidar com os impactos das tarifas e com a pressão para reposicionar sua imagem institucional. O caminho para uma possível recuperação dependerá de uma série de decisões estratégicas que envolvem desde produção até governança.

Enquanto isso, os desdobramentos continuam a se multiplicar. A crise da Tesla se tornou tema de debates entre reguladores, sindicatos e investidores em diferentes países. A trajetória da empresa nos próximos meses servirá como termômetro não apenas para o mercado automotivo, mas para o impacto das dinâmicas políticas na condução de negócios globais.

Fonte: Investing, Bbc e Jornaleconomico.

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