Por que alguns prédios proíbem a instalação de ar-condicionado?


Uso do ar-condicionado deve ser previsto antes da construção do prédio, mas há possibilidade de adaptar um condomínio já estabelecido. Por que alguns prédios proíbem a instalação de ar-condicionado?
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Já tentou instalar ar-condicionado no apartamento, mas foi barrado pelo condomínio sem entender por quê? Há dois motivos principais para isso.
🏠 O primeiro diz respeito à estética: o padrão da fachada costuma ser decidido em convenção de condomínio, antes mesmo da construção ficar pronta, e não pode ser alterado de forma individual.
🔌 Já o segundo tem a ver com o consumo energético do prédio, que também é estipulado no início do projeto arquitetônico. A instalação elétrica do condomínio é pensada para comportar um valor máximo de consumo, que não pode ser ultrapassado para não colocar a segurança de todos os moradores em risco.
Abaixo, entenda melhor sobre como os prédios podem proibir a instalação de ar-condicionado e porque é melhor seguir as regras.
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⚡ É preciso ter energia suficiente
O ar-condicionado é um aparelho de alto consumo de energia e, por isso, seu uso precisa estar previsto antes da construção do edifício.
A estrutura elétrica do prédio deve estar preparada para aguentar o consumo energético de todos as unidades, além das áreas comuns.
“A instalação elétrica dos edifícios residenciais é, em via de regra, subdimensionada em relação ao uso de ar-condicionado. O prédio dimensiona de modo a não suportar esses aparelhos”, afirma Brenda Leite, professora do departamento de engenharia de construção civil da Poli-USP e especialista em sustentabilidade nas edificações com o uso de ar-condicionado.
“Isso é feito por uma questão de economia na construção”, diz Leite. “Vale para prédios novos, mas principalmente para os mais antigos, porque as pessoas não tinham tanto acesso a esse aparelho quanto têm hoje”, complementa.
Se os moradores consomem energia acima do limite previsto, podem colocar o prédio todo em risco, pois isso é capaz de causar sobrecarga elétrica e, no pior dos casos, incêndio.
⚠️ O que é sobrecarga?
A sobrecarga é quando a corrente elétrica é mais alta do que o cabo que transporta energia ao apartamento aguenta. “Se isso acontece, o cabo vai ferver, vai queimar”, alerta Moacyr da Graça, que também é engenheiro civil e professor da Poli-USP.
“Até usar modelos portáteis pode incorrer no risco de sobrecarga elétrica, porque eles ainda têm potência alta”, avisa Brenda Leite.
Nunca tente fazer o ar-condicionado funcionar onde não deve e sempre use mecanismos de segurança. Os disjuntores, por exemplo, são travas que impedem sobrecargas.
Se passar mais corrente do que o circuito aguenta, o disjuntor corta a corrente. “Isso impede o equipamento que estava causando a sobrecarga de funcionar”, explica Graça.
No entanto, algumas pessoas tentam “burlar” o sistema de segurança, comprando disjuntores errados para que o aparelho continue ligado. “Mas não adianta comprar um disjuntor que acomoda 50 amperes para proteger um cabo de 10 amperes, porque ele não vai cortar a corrente antes de queimar o cabo”, afirma o engenheiro.
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🏢 Não se pode alterar o padrão da fachada
Em prédios pensados para receber aparelhos de ar-condicionado, o projeto arquitetônico costuma prever um local próprio onde se possa colocar o condensador. É o componente que libera o calor do aparelho e que deve sempre ser instalado na área externa.
No entanto, em condomínios sem essa previsão, esse espaço não existe. “Sem um padrão, se todo mundo decide instalar ar-condicionado, cada um faz do jeito que entende, com tamanhos e potências diferentes”, explica Graça.
“Assim, fica feio, acaba descaracterizando a arquitetura e desvalorizando o imóvel. Ninguém que olha para um prédio nessa condição quer comprar”, continua o engenheiro.
Instalar aparelhos sem padrão pode desvalorizar o prédio.
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🥵 E agora? Como se proteger do calor?
Não é impossível repensar o padrão para a fachada do condomínio, desde que haja um acordo coletivo. E vale lembrar que a mudança vai mexer no bolso de todos os moradores.
“Todos os moradores têm direito à fachada do condomínio”, afirma Rafael Castelo, professor de engenharia da FEI. “Por isso, a alteração para um novo padrão precisa ser previamente aprovada em assembleia com todos os detalhes, desde cor, tubulação, tamanho e onde em cada unidade o condensador será colocado”.
“Inicialmente, o morador interessado precisa propor a mudança em assembleia. Se for de comum acordo, o condomínio deve consultar um engenheiro ou arquiteto para entender o que dá para fazer no prédio, tanto na questão da rede elétrica como da arquitetura”, ensina a engenheira Brenda Leite.
“Eu mesmo já fiquei horas discutindo com o prédio sobre como resolver a questão do ar-condicionado. Resolvemos colocando um gradil para dimensionar e esconder o condensador de forma padronizada”, conta o engenheiro Graça.
Graça relembra ainda que a instalação elétrica também pode precisar de reforma. “Pode precisar trocar a alimentação do prédio inteiro. Tem que ter cabos, disjuntores corretos”, avisa.
“É difícil de estimar preço de execuções de instalação elétrica. Não é barato, porque é usado muito cobre, que tem o preço ditado pelo dólar”, explica Castelo. “Mas acho que vale a pena ir atrás. Na hora de ratear, o custo não fica tão pesado e as pessoas conseguem ter o conforto térmico”, complementa.
“Cada caso é um caso. Cada prédio comporta modificações específicas. Mas sempre dá para fazer alguma coisa”, conclui Leite.
❄️ Por fim, a outra saída é desistir do ar-condicionado e buscar equipamentos mais simples – como ventiladores e climatizadores –, que não oferecem tanto conforto térmico, mas podem aliviar a opressão do calor.
Abaixo, veja uma seleção de aparelhos para ajudar a aliviar o calor. Os produtos custavam de R$ 150 a R$ 600, quando consultados, em abril, nas principais lojas on-line.
Ventilador de mesa Britânia Bvt400 Maxx Force 40cm
Ventilador de mesa VTX-40-8P Mondial 40cm
Ventilador de coluna Turbo 6 Ventisol 50cm
Ventilador de coluna Chronos Mallory 40cm
Climatizador de ar 3 em 1 Control Digital WAP
Climatizador de ar PCL05A Philco
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